O professor Guy Almeida, que leciona a disciplina, explica a relação entre os dois temas e dá dicas para estudantes que queiram trabalhar nesses eixos de cobertura
Reportagem: Stepan Shevtsov Sena [1]
Edição: Gabriela Francia [2]
Supervisão: Prof. Gean Gonçalves [3] e Prof. Wiliam Pianco [4]
Não é novidade que o esporte é uma das paixões que levam estudantes a escolherem o curso de Jornalismo. Muitos alunos, ávidos para trabalhar na área esportiva, na transmissão de competições ou na produção de reportagens, anseiam por esse conteúdo desde o início do curso.
Já o jornalismo local, apesar de aparentemente menos atrativo, mostra-se de grande importância e tem por objetivo evidenciar a rotina e os problemas de um território, que pode ser urbano ou rural, gerando reflexão, denúncia, valorização cultural e ampliação do pensamento crítico de determinada população.
No Centro Universitário FIAM-FAAM, as duas temáticas são lecionadas em conjunto, dentro de uma disciplina do terceiro semestre do curso. Apesar de serem temas diferentes, convergem em alguns pontos, pois são assuntos emergentes da formação social.
A entrevista a seguir foi realizada com o professor Guy Pinto de Almeida Junior, responsável pelas disciplinas neste primeiro semestre letivo de 2023. Ele é doutor em Comunicação e Práticas de Consumo pela ESPM-SP e jornalista com vasta experiência acadêmica e profissional. Conversamos a respeito da importância da disciplina Jornalismo Local e Esportivo para a carreira jornalística e formação do indivíduo na sociedade.
De onde vem sua paixão pelo esporte e pelo jornalismo esportivo?
Eu acho que desde a infância. Eu aprendi a ler basicamente com as notícias do jornal que meu pai comprava, e desde a infância queria acompanhar as notícias do meu time, o Palmeiras, e isso me encantava […] isso no final dos anos 1980 e início dos 1990.
O que é jornalismo local e qual a sua importância para o profissional jornalista e para o público?
O jornalismo local, como todo jornalismo, trata tudo que vem ser de interesse público, mas também de um público específico a partir de uma delimitação geográfica. Confunde-se muito o jornalismo local com o de cidade, de maneira positiva, pois é a cobertura dos problemas urbanos, inerentes ou próximos da população que ali vive. É muito importante ver o local como reflexo da sociedade como um todo, como problemas de saúde, educação, segurança, trânsito, etc.
Quais são os seus objetivos, como professor dessa disciplina, ao tratar de áreas diferentes do jornalismo em uma só matéria? Como unir os dois assuntos?
O que tento fazer é ampliar os assuntos para que as pessoas entendam que tanto a cidade quanto os esportes são pontos de reflexo das questões sociais próprias e inerentes da sociedade e acredito que é um ponto de encontro que dá para explorar.
Quais são os campos de atuação do jornalista que quer trabalhar nessas áreas?
Obviamente, na área do esporte ou local, não só da cobertura noticiosa dos resultados dos jogos ou do que transcorre na cidade, mas também em uma cobertura mais preparada de compreensão do esporte e da cidade; da própria arena que é a sociedade e dos vários assuntos que temos, como questões de identidade, gênero, raciais, sociais […] todas podem ser atravessadas no esporte e na cidade e o jornalista tem que estar preparado para este tipo de pauta, mesmo no dia a dia e, se ele não tiver, será a pauta técnica, hard news, mas ele precisa ter um mínimo de entendimento, vai ter que saber como cobrir um buraco na calçada, qual a causa do buraco estar ali e, por exemplo, atravessar questões econômicas em uma pauta sobre uma greve que afeta o trânsito e a mobilidade, enfim, tem que saber problematizar.
Para o estudante que não quer atuar e nem se especializar em jornalismo esportivo, qual a importância e as vantagens de aprender essa disciplina?
Muitas vezes [o estudante] não tem muito essa opção, adoraria que cada um dos estudantes pudesse trabalhar exclusivamente na área que sonhou, porém nem sempre é assim. Agora se não tiver vocação, tenha pelo menos essa quebra de preconceito, pois o jornalismo esportivo não é só o dia a dia dos clubes de futebol, contratação, pode ter uma pegada mais social, contemporânea, diante dos assuntos que são mais ligados às nossas necessidades atuais.
Quais dicas você dá para os interessados nessa disciplina seguirem em sua vida profissional?
Bom, em cidades e esportes: sempre conheça a história dos lugares, a dinâmica dos lugares que formam as cidades; dos clubes, as regras que regem ambos, ir atrás de muita informação do próprio meio, do objeto tanto da cidade quanto dos esportes e dos temas em que são atravessados (identidade, cidadania, justiça social, economia, entre outros).