Formas de conscientização coletiva nas empresas para problemas sociais e ambientais através do ESG Environment, Social & Governance
Por Kaulaine Souza [1]
Edição por Talita Souza [2]
Revisão por Maurício Carvalho [3]
Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Profª. Nicole Morihama [5]
Na última quinta-feira (23), o Núcleo de Estudos do Meio Ambiente (NEMA/FMU) realizou uma Aula Magna com o tema “ESG Environment, Social & Governance: propostas para uma mudança de paradigma no século XXI”. Como convidado especial esteve Fábio Alperowitch Portfolio, Manager da FAMA Investimentos. Também estavam na aula o professor de economia Alexandre Lucchesi, o professor Lucas Lima (NEMA) e Edilainne Pereira do Instituto Limpa Brasil.
O professor Alexandre deu início à aula com alguns questionamentos sobre mudanças climáticas: “Como é possível em menos de uma semana termos uma mínima de 4°C e uma máxima de 34°C? E as empresas, o que vão fazer para melhorar, o que estão fazendo? E o governo?”
Para responder a esses questionamentos, Fábio Alperowitch informou que há alguns anos, as empresas não estavam preocupadas com os clientes ou a qualidade de atendimento, muito menos com o meio ambiente. “Desde o século XVIII fomos alertados sobre as mudanças climáticas e nada foi feito, a ficha caiu cerca de 5 anos atrás, em um momento que já não era mais possível fazer nada. Com isso, a situação atual é emergente, de grande urgência e muitos países estão colaborando para uma possível melhora, pois, nós procrastinamos por muito tempo, se essa mudança tivesse ocorrido pelo menos há uns 40 anos atrás, seria uma mudança gradual e não tão brusca como está sendo atualmente.”
O movimento ESG cresceu de uma iniciativa de responsabilidade social corporativa lançada pelas Nações Unidas, uma consciência coletiva de empresas para os fatores sociais e ambientais.
Toda empresa que emite gases de efeito estufa é obrigada a pagar um valor que está aumentando cada vez mais.
Em especifico no Brasil, temos problemas que não ocorrem no mundo inteiro e não são muito discutidos no ESG, Alperowitch diz que infelizmente os pilares de direitos humanos, meio ambiente e ética foram percebidos como espectro ideológico, mas essas questões não têm lado. Nas últimas décadas não foram discutidas essas pautas no meio corporativo e mercado financeiro.
“Fala-se muito sobre o carbono, entretanto, ele é uma pequena parte do problema ambiental e não o todo, logo, falamos muito de poucos temas e pouco do ESG, fala-se como algo de fora, mas precisa ser visto como uma pauta global”, diz Fábio Alperowitch.
Fábio complementa que além do meio ambiente, o Brasil sofre com racismo, homofobia, problemas sistêmicos sociais, educacionais entre outros. São assuntos que não estão na pauta global do ESG, e precisamos falar sobre esses temas aqui no país.
Ele também pontua que atualmente, a geração Z se preocupa mais com questões ambientais, diferente das anteriores. Ainda assim, é um público jovem, muitos ainda moram com os pais e não seguem uma carreira, ou seja, eles não afetam a economia de empresas, todavia, já se preocupam em comprar e consumir coisas que prezem pela conservação do meio ambiente e apoiem pautas de sustentabilidade.
Instituto Limpa Brasil
Para Edilainne, colaboradora do Instituto Limpa Brasil, é necessário ter essa preocupação com o quê e como se consome. Como essas empresas trabalham e qual é a preocupação com o meio ambiente. Para ela, é necessário aumentar as políticas públicas, e cada indivíduo necessita entender sua posição e seu papel na sociedade, como por exemplo, pode ser grande o impacto do descarte inadequado de lixo, tanto do cidadão comum quanto de grandes coorporativas.
O instituto visa mobilizar a população para que pensem com responsabilidade e descartem o lixo de forma adequada, visam formas de colocar em prática no dia a dia a preocupação com o meio ambiente.
Durante a aula surgiram algumas perguntas como:
Vocês acham que as recentes conferências mundiais estão fazendo efeito nos países quanto à consciência ambiental?
Para Edilainne, gerar consciência ecológica é um desafio, pois muitas coisas ainda são inconscientes, por isso é necessário propor ações para trazer essa conscientização. Isso deve vir pela educação, é preciso investir na educação já que é um problema atual e social.
Fábio Alperowitch acrescenta que em relação ao meio coorporativo. No Brasil temos 20 milhões de empresas, mas na bolsa de valores estão apenas 400 e esse número não é reflexo do país. Todavia, a mídia usa a referência da bolsa quando fala de sustentabilidade, falta essa mobilização das empresas médias.
Muitas acreditam que seguir um caminho sustentável seja gasto, mas as questões ambientais só vão avançar se tiver uma consciência coletiva, e existem ações gratuitas como: luz natural, coleta de lixo corretamente, textos de conscientização, meios de transporte alternativos, como bicicletas, etc.
As poucas iniciativas das empresas podem gerar resultados significativos em quanto tempo?
Para o professor Alexandre Lucchesi: “A situação é de urgência, precisamos de resultados imediatos, as empresas precisam ser pressionadas”.
Empresas que não se adaptarem a esse modo sustentável tendem a cair no descaso e falir futuramente?
Fábio Alperowitch respondeu: “Mesmo para uma empresa que não se importe com esses assuntos, é preciso entender que a vida dos poluidores fica mais cara, logo, uma empresa como a Petrobras, por exemplo, custaria cerca de 3 bilhões de dólares por ano, ou seja 65% do valor da Petrobras. E não é só isso, a Europa está cada vez mais preocupada com o desmatamento no Brasil, e isso pode ter boicote para as empresas aqui, pois vamos perder mercado europeu. As empresas precisam se perguntar coisas como: A geração atual que está saindo das universidades, onde irão querer trabalhar? Com empresas racistas e homofóbicas? Empresas que não se preocupam com o meio ambiente? É preciso que as empresas se preocupem e mesmo sem se importarem realizem a agenda da ESG para não correrem esse risco. Quem não se preocupar será atropelado”, conclui Fábio.
Para finalizar a aula, ficaram as seguintes reflexões: No meu meio, como eu participo? Como atuo? No que é preciso opinar? No que é preciso agir?
[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM
[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM
[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM
[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM