sustentabilidade

Arte, Desigualdade, Sustentabilidade e Meio Ambiente são assuntos do evento Caminhos do Papel do Centro Universitário FMU-FiamFaam

Especialistas e professores falam sobre a importância dos cuidados com o meio ambiente

Por Guilherme Pereira, Samantha Oliveira Filócromo [1]

Edição por Gabriel Barbosa das Neves [2]

Revisão por Matheus Houck [3]

Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Profa. Nicole Morihama [5]

Em meio a desastres climáticos no Brasil, o evento online “Caminhos do papel: ecologia, cadeia produtiva e Artes Visuais” aconteceu entre os dias 20, 21 e 22 de setembro e falou sobre sustentabilidade e Meio Ambiente. O evento foi ministrado pelo Dr. Leonardo Gomes, Coordenador do Papel Ecos e docente do Curso de Artes Visuais no Centro Universitário FIAM-FAAM, e contou com a presença da Profa. Dra. Karin Vecchiatti, que também ministrou o evento, outros profissionais e alunos da instituição.

Vecchiatti lembrou que a pauta de sustentabilidade não é um assunto muito abordado pela mídia, pois não existiam conversas ecológicas, ninguém nem imaginava sobre o que falar disso, o mais próximo que se tinha era no programa Globo Rural da TV Globo.

A reflexão transmitida pela docente gira em torno do questionamento “qual o papel das artes e humanidades no discurso e nas ações voltadas para a sustentabilidade?”. Ela traz pensamentos sobre determinadas mudanças individuais e como a utilização de produtos veganos e orgânicos são de grande importância. “Mas não é com apenas estas atitudes que se ajusta os danos causados no meio ambiente” disse a professora.

Por sentirmos agora o reflexo de atos prejudiciais ao meio ambiente do nosso passado, o tema “ecologia” ganhou mais espaço nos veículos de comunicação e na sociedade. “O planeta Terra possui seus limites, sabemos de todos estes limites, e em um passado não muito distante ultrapassamos todos eles sem se preocupar com o futuro” alerta Vecchiati.  O cenário agora é diferente, precisa ser, ou estaremos fadados ao fracasso como sociedade.

A convidada ainda diz que a salvação do meio ambiente se dá com a legislação, com acordos entre empresas e governos, pressão vinda do consumidor por produtos com melhor qualidade e menos prejuízos ambientais e inovações tecnológicas de maquinários movidos à energia limpa.

O Dr. Leonardo Gomes, Coordenador do Papel Ecos e docente do Curso de Artes Visuais no Centro Universitário FIAM-FAAM, disse à reportagem que a questão da sustentabilidade é vital e não deve ser somente pautado por questões ambientais, mas também sociais, por isso trazemos a questão dos direitos humanos juntamente à sustentabilidade no evento. “A possibilidade de produzir modos de existir devem mobilizar saberes transversais e lutas em função de estabelecer políticas públicas e a corresponsabilização dos resíduos produzidos e descartados no ambiente”, disse o professor.

No evento, a professora Karin Vecchiatti diz que é preciso desmistificar a Ecologia Popular a partir de uma relação com a natureza, desde o contato com a natureza, pois acredita que na geração que estamos, os que estão assumindo altos cargos em grandes empresas, têm tomado decisões ecológicas visando um futuro digno para a próxima geração.

Por isso que, segundo Gomes, o objetivo do evento também é dialogar com pessoas do poder público, cooperativas e associações que atuam diretamente na cadeia produtiva do papel, em especial, da cadeia de reciclagem e da logística reversa – do movimento de retorno dos resíduos aos responsáveis diretos de sua produção.

Os Direitos Humanos, a Desigualdade e Sustentabilidade

O convidado Prof. Dr. Cleiton Paixão debateu sobre os Direitos Humanos, Sustentabilidade e Desigualdade, pois “como pensar em sustentabilidade se 40% dos brasileiros não têm saneamento básico?”. Durante as décadas de 60 e 70, aponta o convidado, o mundo se deu conta de uma crise ambiental. A Organização das Nações Unidas (ONU) em um de seus estudos menciona o termo “desenvolvimento sustentável’’ e o define como aquilo que atende as necessidades do presente sem comprometer gerações futuras. Mas as gerações de agora ainda sofrem com a desigualdade e há problemas em cobrar ecologia e sustentabilidade de uma pessoa que não tem o mínimo de saneamento básico.

De acordo com a “Agenda 21’’, documento assinado por 179 países durante a “ECO-92”, o compromisso político de alinhar e aliar o desenvolvimento econômico com a cooperação ambiental e social precisará de estratégias, planos e outros fatores para cada localidade pois a frase “pensar globalmente e agir localmente’’ é o que guia os grandes conquistadores. A territorialidade é muito importante.

O desenvolvimento sustentável não se aplica apenas ao meio ambiente, se aplica também ao reconhecimento das populações vulneráveis por dentro da sociedade. A proteção do meio ambiente, controle da economia e justiça social são o caminho para a evolução da sociedade para um equilíbrio estabilizado. O Professor cita Maquiavel quando fala “…política se faz para como as coisas são e não como eu gostaria que estivesse…”.

O convidado ainda destaca que o mundo necessita se atentar aos indivíduos com falta de apoio às suas necessidades básicas, ficando expostos a doenças, poluição, crimes, necessidades e tristezas.

Meio Ambiente e Cadeia de Reciclagem

Pedro Vilas Boas, Presidente Executivo da Associação Nacional dos Aparistas de Papel (ANAP), José Idali Vitor responsável pelo galpão da cooperativa Guararecicla – Cooperativa Reciclagem e Ricardo Moscatelli, Secretário de Meio Ambiente da Prefeitura de Guararema, participaram do evento e trouxeram o debate sobre a reciclagem e a importância dessa ação para o meio ambiente. 

Vilas Boas fala sobre estatísticas do papel e conta sobre economia circular, que “é um conceito econômico que faz parte do desenvolvimento sustentável, propondo que os resíduos de uma empresa sirvam de matéria-prima para outra empresa”. O papel, desde a sua invenção, já estava incluído na reciclagem, e no século 20 começou a crescer com a revolução industrial. O Brasil é o maior produtor mundial do mercado de celulose, componente básico dos tecidos vegetais, e estamos entre os maiores recicladores do mundo.

Ao falar de reciclagem, é pautado pelo Presidente Executivo da ANAP, o consumo do papel e do papelão, que é o mais reciclado por conta da alta demanda em mercados e comércios tendo um acesso mais facilitado. O papel branco é o mais consumido e por ser um item que é descartado após muito tempo de uso, dificulta a reciclagem.

Foi pensando em uma forma de aprimorar e facilitar a reciclagem que foi desenvolvida a empresa Guararecicla em 2017, que hoje conta com 18 cooperados e onde é feita a coleta, triagem e a destinação do papel. O papelão é o líder dos lucros e a empresa está investindo em novos meios de reciclagem, como o isopor.

O Secretário de Meio Ambiente da Prefeitura de Guararema conta como a prefeitura auxiliou na formação da cooperativa e expande o projeto para outras cidades ao reforçar que o papel pode ser a melhor medida, por ser mais fácil de se reciclar e por ser compostável. “Que as pessoas pensem na hora de comprar como aquele produto vai se reciclar”, alerta o assessor.

Moscatelli fala que é fundamental o apoio das prefeituras das cidades para que os cidadãos iniciem uma cooperativa de reciclagem, dando incentivo financeiro para auxiliar nesse processo e destaca a importância da educação ambiental para conscientizar as pessoas.

Além disso, ele fala que os alunos de Comunicação devem se preocupar com a questão da reciclagem, pois quanto mais elementos nas embalagens, maior será a dificuldade na hora de reciclar aquele produto, sendo papel dos comunicadores traduzir os impactos do consumo ao público. 

Questionado pela reportagem, o professor Leonardo Gomes, apontou que a discussão sobre sustentabilidade não é uma novidade desde a década de 70 e 80, cientistas e pesquisadores apontam para a necessidade de refletir os impactos da ação humana em função da economia não somente no ambiente, mas também na marginalização social e econômica.

“A expectativa e objetivo do evento é criar um espaço de debate e poder escutar e aprender a partir da contribuição dos convidados e convidadas, assim como do público que traz sempre muitas outras perspectivas.”, disse Gomes.

[1] Alunos do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM

[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM

[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM

[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM

[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM