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Afro Presença traz debate sobre inclusão de negros nas universidades e no mercado de trabalho

A inclusão de negros no mercado de trabalho e nas instituições de ensino foi debate principal no evento Afro Presença, realizado nos dias 8, 9 e 10 de setembro.

Por Ana Beatriz Alves, Guilherme Pereira, Samantha Oliveira Filócromo [1]

Edição por Gabriel Barbosa das Neves [2]

Revisão por Matheus Houck [3]

Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Profa. Nicole Morihama [5]

A inclusão de negros no mercado de trabalho e nas instituições de ensino foi debate principal no evento Afro Presença, realizado nos dias 8, 9 e 10 de setembro, e ofertou mais de 5 mil vagas de empregos voltadas à população negra. Foram mais de 100 palestras e mais de 50 painelistas. 

Por ser um dos dez países mais desiguais do mundo, o Brasil tem um longo caminho para no combate a essa mazela social. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que, em 2019, a população branca recebeu em média 45% mais que a população negra e uma outra pesquisa, também divulgada pela instituição, mostrou que entre 2010 e 2019 houve um aumento de alunos negros nas universidades privadas em 400%. Porém, há um déficit em áreas como medicina, design gráfico, publicidade, propaganda, relações internacionais, nas quais a população negra não chega a 30% dos estudantes em sala de aula.

O Afro Presença tem por objetivo prevenir e combater a discriminação racial que estudantes universitários negras(as) sofrem no mercado de trabalho e trazer o debate crítico sobre o racismo estrutural a fim de reduzir desigualdades raciais no campo econômico, e, consequentemente no social, político e cultural. Uma das estratégias do projeto é o Pacto pela Inclusão Social de Jovens Negras e Negros Universitários no Mercado de Trabalho, que tem por objetivo fortalecer ações voltadas à população negra, ao buscar ampliar sua inserção e ascensão ao mercado de trabalho. As instituições que aderem ao Pacto passam a fazer parte da rede de inclusão constituída por entidades dos movimentos negros, empresas, associações de classe, universidades e organizações nacionais e internacionais.

Surgido a partir do Projeto Nacional de Inclusão de Jovens Negras e Negros Universitários no Mercado de Trabalho, promovido pelo Ministério Público do Trabalho, foi em 2020 que o Pacto Global da ONU (Organizações das Nações Unidas) foi agregado ao Afro Presença, para trabalhar a redução das desigualdades no setor privado, através do ODS 10 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável), estabelecido pela ONU. Além disso, o evento contou com representantes de outros cinco movimentos negros do Brasil, como Educação e Cidadania do Afrodescendentes e Carentes, Geledés Instituto da Mulher Negra, Movimento Negro Unificado, União de Núcleos de Educação Popular Para Negras(os) e  Classe trabalhadora e A União de Negros Pela Igualdade. Além de contar com a presença de diversos convidados, o reitor Manuel Nabais da Furriela, do Centro Universitário FMU FIAM-FAAM esteve presente na abertura do evento e agradeceu o empenho dos envolvidos e ainda ressaltou a importância do eventoque demanda uma reflexão da sociedade.

O reitor Manuel Nabais da Furriela, do Centro Universitário FMU FIAM-FAAM, esteve presente na abertura do evento.

Furriela aponta a consciência de personalidades nacionais acerca da importância da temática do debate proposto pelo Afro Presença, e faz menção às pesquisas de desenvolvimento socioeconômico que refletem o baixo percentual da participação de negras e negros, tanto no acesso a cursos superiores quanto em postos estratégicos de empresas públicas e privadas. “São lideranças necessárias para que a nacionalidade brasileira tenha um resgate em toda sua composição e possamos avançar na diversidade”, diz o reitor. 

O regente destaca o esforço da FMU FIAM-FAAM em combater a desigualdade através do NERA (Núcleo de Estudos Étnico-Raciais), coordenado pela professora Maria Lúcia da Silva, que contribui para que “dentro da instituição possamos ter a reflexão em todas as nossas ações”.  Um projeto do Núcleo é a revista Dumela, que trata especificamente dessas discussões, com ampla tiragem e é distribuída gratuitamente, pois o objetivo é “colaborar, como instituição de ensino, no debate dessa importante questão”, diz.

Durante sua fala, o reitor salienta a importância de ensejar o debate nas diversas esferas da sociedade civil. Bem como dentro de instituições empresariais e acadêmicas, pois dessa forma seria possível combater a desigualdade que afeta milhares de negros e negras. 

Foi abordado no evento a importância de políticas públicas afirmativas e a necessidade de diversos setores da sociedade debateram medidas de equidade étnica. “A partir de medidas que visam a inclusão de afrodescendentes nas universidades, pública e privada, a pequena parcela que conseguiu se formar e obter o título de curso superior ainda enfrenta dificuldade para ingressar no mercado de trabalho”, disse a Dra. Valdirene Assis, Procuradora e Coordenadora do Projeto Nacional de Inclusão de Jovens Negras e Negros Universitários do Ministério Público do Trabalho (MPT).

A Dra. Assis também reforça que é “preciso incluir as empresas nesse debate para buscar mais igualdade, conectar essa parcela da população marginalizada com potenciais empregadores, conscientizara sociedade em busca de equidade étnica e respeito às minorias e pluralizaro debate e o olhar da sociedade para essas demandas”.

Dificuldade dos refugiados que vêm da África

Refugiados vindos da África que buscam oportunidade no Brasil encontram dificuldades em prosperar no Brasil, principalmente as mulheres. Apesar de o nosso país ter assinado um tratado com a ONU, é preciso políticas públicas para acolher melhor os refugiados, proporcionando melhores condições de trabalho e também é preciso estimular até mesmo o empreendedorismo, aponta a convidada Benazira Djoco, Jornalista e Colunista do projeto Caminhos de Luta, em São Paulo.

Cultura e Educação

Nos dias finais do evento, foi apontado por convidados, como Rubia Maria, assessora do fundo há cinco anos, e Kabengele Munanga, Doutor em antropologia pela USP (Universidade de São Paulo) as manifestações culturais através da música que tem sua origem negra e periférica. Além disso, é destacado por Munanga a importância da educação que, mesmo após a abolição da escravidão no Brasil, o acesso à educação de qualidade para se qualificar no mercado de trabalho é um desajuste para com a população negra. Segundo ele, há um processo de conscientização que passa pela educação e ela “é a melhor arma, mesmo que não seja 100%, para abrir algumas portas.”

Fontes de pesquisa:

https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf

https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_2569.pdf

https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101736_informativo.pdf

[1] Alunos do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM

[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM

[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM

[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM

[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM