Natalia Engle, jornalista e pesquisadora de mídia e gênero, abre o jogo sobre cultura pop e entretenimento no segundo dia da Semana de Jornalismo
Por Jéssica Teles [1]
Revisão de Maria Carolina Souza [2]
Supervisão de Prof. João Batista [3] e Prof. Nicole Morihama [4]
Na manhã desta terça-feira (20), a FMU/FIAM-FAAM recebeu a jornalista Natalia Engler, especialista em Jornalismo Cultural e apaixonada pelo universo geek. Com experiência no guia da Folha de S. Paulo, caderno voltado para cultura, também passou pelos sites Uol Entretenimento e Omelete, ambos destinados ao jornalismo de entretenimento.
Durante palestra, a jornalista falou sobre suas experiências e como lidou com as transformações do meio, dando detalhes das pautas mais “cults” que eram elaboradas no início dos anos 2000, passando pela febre do entretenimento e celebridades, como nas matérias em revistas e sites com flagras de famosos no Leblon, até os dias de hoje, onde a Internet dita o ritmo e serve como termômetro para escolher sobre o que escrever.
Sendo referência na cultura geek, é claro que o assunto rapidamente foi para o “mainstream”, o que levou a uma discussão sobre a interferência dos fãs nas produções hollywoodianas e a preocupação dos estúdios em agradarem mais o público do que em contar boas histórias. Engler foi categórica em dizer que, Hollywood sempre esteve preocupada com isso, e que os fãs sempre serviram como um termômetro para os grandes estúdios.
A jornalista citou o exemplo do filme Liga da Justiça – Versão Snyder Cut, longa que ganhou uma nova versão após o clamor dos fãs dos heróis da DC Comics no Twitter.
Em sua trajetória, a profissional acompanhou de perto a inserção de influenciadores cobrindo pautas que deveriam ser feitas apenas por jornalistas, como por exemplo, entrevistas com elencos de séries e filmes. A jornalista disse que isso é resultado das redes sociais, pois muitas pessoas estão produzindo conteúdo de forma independente, seja no Instagram, no Youtube ou fazendo seu próprio podcast, mas que os jornalistas tiraram uma valiosa lição com isso. “Aos poucos, o jornalista começou a aprender a se comunicar com o público, como os influenciadores fazem, de maneira mais fácil e direta, com maior presença nas redes sociais, pois é preciso ser mais acessível e falar ‘a língua do público.’ Um exemplo disso é o portal Splash, da UOL, que te traz um entretenimento mais aberto e próximo do público.”
Engler está fazendo uma pesquisa acadêmica sobre o feminismo da cultura pop, usando como referência a personagem Mulher Maravilha e o crescimento da representatividade nas produções geeks. Para ela, os fãs são responsáveis por esse avanço da mulher dentro de um nicho que sempre foi dominado por homens. “Os fãs estão exigindo que os estúdios se modernizem em relação a mulheres, pessoas pretas, especialmente para que se tenha mais histórias representativas”.
Para encerrar o encontro, a jornalista confidenciou um “segredinho” para se tornar um bom jornalista de cultura pop. “Construa seu repertório, consuma cultura pop vendo séries, filmes, lendo livros, pesquisando sobre os diretores, faça da sua maneira. Deixe o lado fã de lado e olhe como um objeto de estudo para com o tempo você ter a sua base”.
O evento está sendo transmitido pela Rádio FIAMFAAM e WebTV FMU/FIAM.
Aproveite e assista aqui a gravação da palestra.
[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM
[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM
[3] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisão de estágios AICOM
[4] Professora coordenadora do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM