Coringa, uma produção que traz uma nova visão para os filmes baseados em quadrinhos

Paula Oliveira [1]

Carla Tôzo [2]

O filme de Todd Philips (da trilogia Se Beber Não Case), traz uma visão bem diferente das produções baseadas em quadrinhos que estamos acostumados. O primeiro indício é que o novo filme sobre o famoso palhaço homicida, é quase desprovido de qualquer piada.

Mas se você vai ao cinema esperando por algo parecido com Aquaman ou Vingadores, saiba que esse filme não se parece nada com as grandes franquias de super-heróis. Não há pancadaria, (apesar da violência “gratuita” do personagem), viagens no tempo, super-poderes e nem CGI (imagens geradas por computador). O único efeito especial é Joaquin Phoenix (Her), que atua de forma magistral e impactante, com suas danças e gargalhadas que dão corpo ao Coringa.

O personagem de Athur Fleck é um conglomerado de inadequações melancólicas: um homem desconectado do mundo, que parece a todo momento se esforçar para imitar, de forma pouco convincente, o que seria uma pessoa “normal”, um dos seus primeiros traços de psicopatia, talvez. Uma pessoa tão maltratada que possui uma gargalhada involuntária, condição doentia do tipo Tourette, que o aflige em momentos emocionais muito fortes.

O filme se passa em 1981, em uma Gotham City que sofre com seus problemas sociais, vandalismo e imundice (representada por ratos). No princípio do filme o personagem de Arthur Fleck, é uma figura que não parece reunir as qualidades um típico vilão. Arthur mora com a mãe idosa e doente (Frances Conroy) em um apartamento velho e sujo, que para ela “faria o pai dele sentir vergonha”.

Fleck é quase desumanamente magro, sua pele clara e marcada por lesões, que sofre durante o filme, está sempre esticada sobre os ossos de suas costas e tórax. É muito diferente dos outros Coringas que já vimos nos cinemas, pois, a atuação de Phoenix dá ao personagem um tom mais doentio, lunático e até meio infantil.

Mas como esse homem fraco, doente e marcado por seu passado, irá se tornar o chefão do crime em Gotham City? O filme responde a essa pergunta de forma lenta e até perturbadora enquanto apresenta os detalhes sobre a vida do personagem.

Não é um filme fácil, muito menos agradável aos olhos sensíveis, mas ele traz à tona diversos questionamentos sobre doenças mentais, violência social e bullying. É um filme que põe luz sobre como tratamos o próximo e as influências que isso pode ter em nossa sociedade, de uma forma lúdica, mas real.

E claro, tudo isso com uma trilha sonora impressionante, que vai de Smile de Charlie Chaplin, ao rock clássico de White Room do Cream. Fazendo valer seu ingresso para a sessão.

CORINGA (JOKER)

Data de lançamento: 3 de outubro de 2019 (2h 02min)
Direção: Todd Phillips
Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz
Gênero Drama

 

[1] Aluna do oitavo semestre do curso de Jornalismo. Estagiária da Agência Integrada de Comunicação (AICom).

[2] Professora do curso de Jornalismo. Atua na Agência Integrada de Comunicação (AICom).