Publicitário premiado, Moa Netto fala sobre sua carreira e a campanha Espelhos do Racismo em palestra no campus Morumbi da FIAM
Por Nicole Morihama e Cica Ananias [1]
Editado por Marcelo Salgado e Eduardo Correia [2]
No dia 25 de outubro, durante a 6ª Semana de Comunicação do FIAM-FAAM centro universitário, o campus Morumbi recebeu o publicitário Moa Netto, vice-presidente de criação da agência W3Haus. Aos 34 anos, ele já acumula em sua carreira mais de 140 prêmios, inclusive quatro Cannes Lions.
Moa apresentou aos alunos o processo de criação e desenvolvimento da campanha intitulada Espelhos do Racismo, criada em parceira com ONG Crioula. Esta campanha ganhou o prêmio Cannes Lions, na categoria Relações Públicas, neste ano.
A iniciativa surgiu quando a jornalista da Rede Globo Maria Julia Coutinho sofreu ataques racistas em seu perfil no Facebook. Moa apresentou os resultados da campanha, que indicam como o Brasil ainda seria um país extremamente racista. O publicitário também relatou que a inspiração da campanha veio de relatos de mulheres negras vítimas de racismo.
Moa Netto, em suas observações sobre as tendências vistas na França durante o festival de Cannes, alertou os estudantes e profissionais da área para o novo movimento do mercado publicitário: aproveitar os assuntos dos momentos, entender o poder de uma conversa com o público e reverter isso em conteúdo para a marca.
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O publicitário também comentou sobre o posicionamento da marca em temáticas sociais. Para ele, por estarmos vivendo em uma época de intensos comportamentos e conversas, o pensamento por trás da marca expõe e gera assunto, empatia e interesse dos consumidores.
Ou seja, a marca não deve ter medo de entrar em um assunto como o case da campanha “Espelhos do racismo”, que foi um projeto idealizado pela ONG Criola durante a semana da consciência negra após a polêmica com a repórter do tempo do Jornal Nacional, da TV Globo, Maria Julia Coutinho, a Maju, que sofreu ofensas racistas na internet em julho de 2015.
A campanha consistiu em expor as mensagens compartilhadas pelos internautas em outdoors localizados próximos aos endereços dos responsáveis das publicações. A ideia era de alertar e conscientizar sobre o racismo ainda muito forte e existente no país. Ao final do projeto foi realizado também um documentário com a Bossa Nova Filmes sobre a campanha e disponibilizado na web.
O publicitário falou ainda sobre o alcance inesperado que a campanha obteve na imprensa internacional, enfatizando um problema não apenas da sociedade brasileira, como o racismo. E completa: “É necessário entregar o que a imprensa precisa e se interessa, buscando sempre novas histórias e dialogando com os assuntos atuais“.
Engajamento
Os assediadores acreditavam estar protegidos por um suposto anonimato da internet; porém, suas localizações foram identificadas. A partir daí, a W3Haus transformou os posts reais dos racistas em outdoors perto das casas, faculdades e locais de trabalho dos autores. O objetivo não era de vingança, já que o nome e a imagem dos autores foram preservados, mas engajar a população nesta discussão e possibilitar a reflexão sobre o assunto: existe racismo em nosso país e ele pode estar do seu lado.
Por fim, o publicitário apresentou aos presentes os três principais aprendizados da comunicação com essa campanha, que incluem:
1) aproveitar os assuntos do momento,
2) entender o que a imprensa precisa para alimentar o interesse do público e
3) pensar nas consequências aos envolvidos.
A palestra recebeu aplausos dos alunos do FIAM-FAAM, que foram contemplados com uma noite de muita troca de conhecimentos sobre comunicação e cidadania.
Confira o vídeo documentário:
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