Conflito instaurado no começo de outubro tem dominado a cobertura internacional, mas com uma ótica polarizada
Reportagem: Gabriel Felicio [1] e João Victor Diniz [1]
Supervisão: Prof. Gean Gonçalves [3]
O grupo radical islâmico Hamas, considerado terrorista pelos Estados Unidos e a União Europeia, atacou, no dia 7 de outubro, Israel, em um ataque terrorista, deixando centenas de mortos. Jovens que estavam em um festival de música eletrônica foram atacados, assassinados e sequestrados. O ataque foi considerado um dos maiores dos últimos anos. Desde então, o assunto é o principal do noticiário internacional.
Em entrevista a AICOM, o professor do curso de Jornalismo Vinicius Mendes pontuou o trabalho da cobertura de imprensa de Hamas e Israel, como os veículos de comunicação brasileiros estão trabalhando nisto e como a polarização e os posicionamentos políticos nacionais impactam na cobertura de imprensa.
Durante a conversa, Mendes deu ênfase ao modelo de cobertura de imprensa adotado no Brasil. “Seguimos o modelo norte-americano, no qual os donos de veículos de comunicação são pessoas que tem uma grande notoriedade na sociedade e na comunidade judia. Por lá a imprensa tem um lado [viés], isto não fica apenas nas Américas, na Europa isto também acontece, podemos tomar, como exemplo, a Alemanha pelo seu histórico, todas as notícias tendem a pender para o lado de Israel, mas e o outro lado? Isso acontece porque é mais há mais conteúdos, mais histórias do lado de Israel”.
“No caso do Brasil, este viés é muito bem visto, principalmente depois das eleições de 2018, quando vários veículos se posicionaram ficou bem claro qual foi o lado defendido, pois, depois deste fenômeno uma mesma notícia tem vários lados, logo, cada veículo vai tratar a notícia de um acontecimento lá em Israel de uma forma, alguns chamam de guerra, outros chamam de conflito e outros chamam de conflito armado, a imprensa brasileira precisa melhorar e muito, de modo que não conseguem mostrar os dois lados da história”.
O professor destaca que há, por parte dos meios jornalísticos, certa dificuldade em conversar com seu público para explicar de forma simples o que está acontecendo. “Todos tem direito de se informar, do mais rico ao mais pobre, do intelectual ao menos favorecido, este é um pilar que deveríamos começar a pensar. Pois este conflito é contra uma parte de um grupo que chegou ao poder, e ainda assim a um racha, mas a mídia hegemônica, não aborda essa informação, caberia aí uma reportagem especial? Pois não sabemos nada sobre o povo palestino, mas sobre Israel sabemos muito”, ressalta.
Por fim, Mendes menciona que hoje o brasileiro se informa, muitas vezes majoritariamente, por meio das redes sociais digitais, elas tornaram-se uma alternativa aos veículos de imprensa convencionais, adquiriram “poder” comunicativo que ignora preceitos jornalísticos como a verdade.
“Alguns usam este meio para adquirir engajamento, as famosas visualizações, com o que pode ser errôneo, conteúdo desinformativo”. Tal predominância tem interferido na transmissão de conteúdo com profundidade sobre um conflito tão complexo. “Já nem sempre conseguimos passar o que deve ser passado”, alerta ele sobre a atuação da imprensa.
[1] Estudante do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM – Estagiário AICOM
[2] Estudante do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM – Estagiário AICOM
[3] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM