Reportagem: Adriana Lira [1]
Edição: Lala Evan [2]
Supervisão: Prof. Wiliam Pianco [3] e Profa. Nicole Morihama [4]
Em entrevista para a AICom, o professor de jornalismo, Vinícius de Souza Mendes comenta sobre o trabalho de seu mestrado em Sociologia, que contou com a supervisão da Profa. Bianca Stella Pinheiro..
O intuito de Mendes era estudar, de forma prática, a presença boliviana em São Paulo, colocando as fraternidades folclóricas, suas danças e personagens sob foco. Para isso, a descrição partiu dos momentos que elas protagonizam, das relações que se estabelecem, por meio delas, entre os bolivianos, deles com a cidade e com a própria memória do país que deixaram – provisoriamente ou não.
Sua pesquisa explorou um novo olhar sobre esses migrantes, interagindo com elementos da Sociologia. Assim, foi possível encontrar outras potencialidades de compreensão do fenômeno para além das perspectivas já consagradas na literatura. Em segundo lugar, o trabalhou procurou demonstrar que as fraternidades engendram outra territorialidade boliviana em São Paulo – marcada pelo movimento constante de pessoas, mas também de objetos, imagens e capital sobre o mapa da cidade.
Apesar da distância causada pela pandemia, a análise foi possível seguindo as fraternidades ao longo de um ano em seus “ciclos de festas”. Ao estar em movimento com elas, descobriu-se toda uma circulação urbana – cujas lógicas vão além das delimitadas pela demanda por trabalho – que se realiza dançando.
Nesse processo, não apenas humanos, mas também objetos, ideias, narrativas e capital fluem por diferentes regimes e em distintos fluxos, orientados e orientando a circulação festiva boliviana na cidade e as próprias festas. O fenômeno adquire ainda mais relevância quando se observa que, assim como aconteceu em La Paz na metade do século XX, as fraternidades são utilizadas outra vez como meio para avançar em direção a regiões urbanas onde antes só existiam resistências à circulação boliviana.
Vinícius conclui, assim, com o seu trabalho, que muitas pesquisas sobre o tema, se não a maioria, já haviam sido feitas, mas nunca buscando outro ponto de vista. “Veja, a ideia não é mostrar que todo esse lado negativo não exista, sim existe, mas não sozinho, já que as pessoas fazem outras coisas além de trabalhar”.
[1] Estagiária de Jornalismo AICom
[2] Estagiária de Jornalismo AICom
[3] Supervisor de estágio de Jornalismo AICom
[4] Coordenadora do curso de Jornalismo AICom