Texto por: Adriana Lira Mendonça [1] e Mariana Bheatriz dos Santos [2]
Revisão e edição por Felipe da Costa Rico [3]
Supervisão por Prof. William Pianco [4] e Profa. Nicole Morihama [5]
A 12º Semana da Comunicação da FMU | FIAM-FAAM teve, na quinta-feira (27), a palestra “Reportagens especiais e documentários para TV e streaming”, ministrada pelo professor da universidade, Benedito Moraes. O evento trouxe como palestrante Pablo Toledo, chefe de redação do núcleo de reportagens especiais da Record TV, em São Paulo, que dividiu suas experiências, deu dicas sobre produção, mostrou reportagens especiais premiadas e outras produções de sua autoria que estão disponíveis no aplicativo PlayPlus, da Record.
Pablo iniciou o evento falando sobre si e sua carreira. Ele contou que sempre gostou de imagens e de contar as histórias por trás delas desde a infância, por isso, acabou iniciando uma graduação em Jornalismo, na PUC-SP. Começou sua carreira no rádio, onde logo descobriu sua vocação para a TV profissional sendo repórter, no entanto, foi atrás das câmeras em que realmente se descobriu na profissão. Liderando um time capaz de contar histórias a partir de imagens, participa de todos os processos de suas reportagens especiais, além de edição de roteiros e projetos.
Durante a palestra, alunos da instituição aproveitaram o bate-papo para fazer perguntas. Quando questionado sobre o tempo de uma reportagem para a TV aberta e para o streaming, o chefe de redação comentou sobre as principais diferenças: “É tudo pensado para ser diferente do jornal do dia a dia, levando mais tempo no elemento de qualidade que não tem tempo de ser tratado em um curto período”. Como exemplo, Toledo usou o caso de Lázaro, um assassino que ficou foragido por 20 dias, em junho de 2021. Ele alega que, na época, diversos jornais trabalhavam nas atualizações do desaparecimento todos os dias, indo ao ar com novidades junto da polícia que estava ativa. No caso dele, foi chamado pela Record para fazer uma série sobre Lázaro, podendo trabalhar em toda a história, desde a imagem do pai de família amoroso, até o homem que assassinou quatro pessoas da mesma família e fugiu.
O assunto sobre a importância dos nichos também foi mencionado. Quando a ideia de um documentário sobre feminicídio surgiu, Pablo se viu pensando em como seria mais forte e emocionante conversar e contar a história de mulheres sobreviventes de feminicídio, que sofreram agressões na sua pele, deixando resquícios em suas mentes por muito tempo, senão para sempre. O documentário, que antes era com um tema amplo, encontrou um nicho que o fez ser reconhecido e tocar muitas pessoas que o assistiram. Além disso, Toledo também mencionou, na entrevista, o quanto a série, “O Hospital”, possui uma grande importância devido à temática e por ter sido gravada em meio a pandemia de COVID-19.
O jornalista encerrou o evento com a seguinte conclusão: a inovação de grandes reportagens e documentários nem sempre se restringe ao universo jornalístico. Diversas marcas têm realizado reportagens por conta própria, visando atingir o seu público-alvo, como foi o caso da marca de refrigerantes Schweppes, que produziu um vestido feminino que contabiliza quantos toques indesejados no corpo uma mulher recebe em uma festa. O projeto gerou dados importantes a respeito do assunto, além da reflexão sobre o tema. E é nisso que jornalistas precisam pensar: o conteúdo pode sempre gerar material para além da comunicação de TV e mídias, pode virar dados empresariais.
Após o fim da palestra, ele deu uma entrevista exclusiva para a AICOM. O jornalista afirma que, apesar de existir uma certa preocupação sobre as grandes reportagens serem consumidas em um formato de streaming, elas podem ser ofertadas de diversas formas. Isso gera riqueza para o consumidor, para que ele não fique preso a um monopólio, e abre-se um leque de possibilidades para o jornalista. Pablo afirma também que um dos principais desafios para os profissionais da área, atualmente, é encontrar formas de financiamento para a produção dessas reportagens, uma vez que extrapola o jornalismo de entretenimento e precisamos de acesso a um jornalismo de profundidade enquanto cidadãos.
Quando perguntado sobre a importância do evento e do tema, Pablo diz que “É importante [debater com jovens jornalistas] porque se trata de um braço de comunicação para qual o mercado está atento.” Ele alega que é necessário conversar com quem está iniciando a profissão, pois é um meio de mutação constante e, apesar de estar levando conhecimento para os universitários, ele também consegue aprender com os alunos. Além disso, Toledo diz que possui muito interesse em conviver com jovens profissionais porque contribui para arejar as ideias nas produções diárias.
Por fim, o jornalista disse que espera ter contribuído com a troca de interação com os alunos durante a palestra e, como conselho, diz que é importante “Ficar atento a maior pluralidade possível as fontes de informação, ao que a rua e ao cotidiano entregam como boas histórias, e sejam ousados! Ser criativo, consumir conteúdo audiovisual e notícias é sempre muito importante. Precisamos de jovens que não se ajoelhem e partam para cima”.
[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária da AICOM.
[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária da AICOM.
[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário da AICOM.
[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM.
[5] Professora do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisora de estágios AICOM.