Entrevista - a arte

ENTREVISTA: A ARTE DO DIÁLOGO POSSÍVEL

Oficina prática fez parte da programação da 12ª Semana de Comunicação da FIAM FAAM

Reportagem: Lala Evan [1]

Edição: Lala Evan [2]

Supervisão: Prof Wiliam Pianco [3] e Profa. Nicole Morihama [4]

Na última segunda (24) e terça-feira (25), a 12ª Semana da Comunicação FIAM-FAAM promoveu entre as oficinas práticas presenciais, encontros com o professor Gean Gonçalves com o tema “Entrevista: a arte do diálogo possível”.

No início da apresentação, o professor explicou que a entrevista jornalística é ainda uma prática explorada e teorizada de forma superficial pelos estudos de comunicação no Brasil. Parte da bibliografia existente reforça uma leitura técnica e normativa da entrevista, e na sua avaliação, a entrevista é um recurso fundamental da prática do jornalismo, mas também da pesquisa na área de Humanidades. A entrevista é um ponto de partida para uma discussão mais ampla sobre a prática jornalística, tendo um papel importante na construção e na legitimação da prática do jornalismo informativo, já que com ela é possível promover um diálogo com a sociedade, escuta-se e coleta-se testemunhos e comentários daqueles que são fontes de informação de interesse público.

“A entrevista, nas suas diferentes aplicações, é uma técnica de interação social, de interpenetração informativa, quebrando assim isolamentos grupais, individuais, sociais; que pode também servir à pluralização de vozes e à distribuição democrática da informação”

– Cremilda Medina (no livro Entrevista, o diálogo possível)

Para o professor, o grande objetivo desta oficina é o de compreender que entrevistar é mais do que perguntar a partir de um roteiro ou questionário. A prática envolve uma preparação do profissional. Para isso, ele parte de duas perspectivas teórico-metodológicas: primeiro, da professora Cremilda Medina (orientadora do doutorado do professor na USP), para quem a entrevista é um ato de interação social criadora e de participação democrática. Na visão de Medina, a entrevista transforma entrevistador e entrevistado quando é um diálogo efetivo.

Em segundo lugar, a oficina traz o pensamento do sociólogo francês Edgar Morin, autor de um texto chamado “A Entrevista nas Ciências Sociais, no Rádio e na Televisão”. Morin divide a entrevista em quatro tipos: a entrevista ritual (feita com rapidez em busca de uma declaração); a entrevista anedótica (aquela que busca um fato sem muito valor ou uma fofoca); o diálogo possível (uma conversação no qual ambos os lados colaboram); e a neoconfissão (a entrevista que o entrevistador se apaga diante do entrevistado, na qual há uma revelação de fatos íntimos, como se fosse uma sessão de terapia).

Edgar Morin compreende que a entrevista pode ser dirigida (fechada) ou mais propensa ao diálogo (aberta). Gonçalves, por sua vez, fala de cada uma delas com uma riqueza de informações teóricas conjugadas com exemplos do que vemos na programação televisiva, no jornalismo impresso e no digital.

Além das reflexões, o professor recomendou três livros para aprofundamento que trazem este tema com uma abordagem semelhante ao que ele trouxe na oficina.

Ao final da oficina, o professor apresentou uma dinâmica para treinar a elaboração de boas perguntas. O exercício envolvia um jogo de adivinhação de personalidades a partir de post-its. Sem mostrar a ninguém, o nome de alguém conhecido deve ser escrito em um post-it e depois colado na testa de quem tem que adivinhar. A ideia é elaborar boas perguntas para descobrir mais rapidamente de quem se trata.

[1] Estagiária de Jornalismo AICom

[2] Estagiária de Jornalismo AICom

[3] Supervisor de estágio de Jornalismo AICom

[4] Coordenadora do curso de Jornalismo FIAMFAAM