De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) 5% da população brasileira sofre com transtorno alimentar
Texto por Mariana Martin Siqueira [1] e Samantha Oliveira Filócromo [2]
Revisão por Bruna Nunes de Souza[3]
Edição por Samara Chrystine de Oliveira Santos[4]
Supervisão por Prof. Wiliam Pianco [5] e Profa. Nicole Morihama [6]
Em tempos onde a sociedade impõe cada vez mais padrões corporais a serem seguidos, o número de casos de pessoas que sofrem algum tipo de Transtorno Alimentar (TA) cresce exponencialmente. A busca para se enquadrar nesse corpo dito, como o ideal leva muitos a criar uma relação conturbada diante dos alimentos e distorcida com a imagem do próprio corpo.
Um episódio recente no Big Brother Brasil 22 que gerou preocupação entre o público e um debate acerca do tema nas redes sociais. A relação que a participante Bárbara Heck tinha com a comida, pois chegava a pular refeições e até chupar limão para aliviar a culpa de ter comido algo mais calórico.
Apesar de Barbara se encaixar no padrão estético do “corpo ideal”, ela ainda se cobrava por exagerar nas festas, chegando a ficar de jejum em certos momentos. Embora a equipe da participante tenha se pronunciado e afirmando que ela não possuía nenhum transtorno, isso pode gerar gatilhos em indivíduos que lidam com essa problemática.
Muitas pessoas vivenciam um sofrimento na hora de escolher o que irão comer e o que fará parte das próximas refeições, visto que se sentem culpadas ao ingerir alguns alimentos ou estão seguindo dietas sem nenhum acompanhamento médico, visando apenas atingir o objetivo de perderem peso.
O TA é classificado como um transtorno mental em que a pessoa apresenta relacionamento conflituoso com o corpo e, consequentemente, com a alimentação. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 5% da população brasileira sofre com transtorno alimentar, ou seja, cerca de 10 milhões de pessoas. A incidência é maior entre o público feminino, com sete a oito mulheres para cada homem diagnosticado com quadros como os de bulimia, anorexia, transtorno alimentar restritivo evitativo (TARE) e compulsão.
A OMS ainda afirma que o aparecimento dos transtornos alimentares, além de estar ligado com a pressão estética da sociedade e da valorização da magreza, também pode estar relacionado à genética e a alterações biológicas, sociais ou psicológicas.
A nutricionista Priscila de Andrade conta um pouco mais sobre o que pode fazer uma pessoa desenvolver algum distúrbio alimentar, e fala que não há um único fator responsável por isso.
“Os sinais mais comuns que as pessoas com distúrbio alimentar apresentam são realização de dietas restritivas, ingestão irregular, compulsões e comportamentos de purgação, além de ter um sentimento confuso sobre o ato de comer e uma relação conturbada com o próprio corpo”.
Apesar de ser uma doença muito democrática, onde todos podem estar sujeitos a ela, e que vêm sendo mais discutida nas mídias e redes sociais, ainda é um assunto que gera TABU, tanto para a sociedade, quanto para as vítimas.
A Psicóloga Vivian Bandeira, mestre em “trauma na infância em mulheres com compulsão alimentar”, contou um pouco sobre o transtorno alimentar ser um TABU para a sociedade. “Eu percebo que esse cenário vem mudando, cada vez mais se fala sobre o tema, além dos movimentos de positividade corporal e questionamento da vida/corpo perfeito na rede social Instagram. Entretanto, sei que muitas vezes, essa é uma realidade de uma “bolha” e há muito a ser falado e explorado sobre o tema. Outro ponto é que a preocupação excessiva com o corpo e alimentação é muito sintônica com a nossa cultura atual, a qual valoriza o corpo espetáculo, afirma”.
Muitas pessoas que estão passando por algum dos tipos de transtornos alimentares acabam escondendo para si mesmas a doença, e até atribuem um status menos importante a elas, pois se sentem envergonhadas e culpadas. Nisso, ao invés de pedirem ajuda para familiares, amigos e profissionais, acabam se isolando e agravando a situação cada vez mais.
A bailarina profissional, professora e empreendedora Mariana Massonetto, nos contou um pouco sobre a convivência com o transtorno alimentar. “No começo era algo muito difícil de se falar, por mais que no fundo sabia que tinha transtornos alimentares, eu bloqueava isso na minha mente. Hoje em dia consigo falar com tranquilidade tanto sobre mim, minha história, quanto em tentar ajudar outras pessoas, afirma ela”
Mariana, ainda ressalta que uma das bases para o tratamento do seu transtorno foi procurar pela ajuda de um profissional para que pudesse ajudá-la a tomar consciência dos fatores que possibilitaram e marcaram o aparecimento da doença.
A nutricionista Priscila reforça que para além da causa, o profissional auxilia na compreensão de quais fatores dão manutenção à doença e que papel o TA ocupa na vida do paciente, pois acima de conhecer racionalmente esses pontos, também é preciso se permitir aos poucos sentir o que o TA tenta tamponar – com a presença ou ausência – de comida.
Caso você esteja sofrendo com algum tipo de transtorno alimentar, tenha questões ligadas à autoimagem e com a relação com a comida, ou conheça alguém que esteja passando por isso, procure se informar acerca do assunto, peça ajuda e procure profissionais capacitados. Ninguém precisa e deve enfrentar isso sozinho.
Matéria originalmente produzida para a disciplina Jornalismo Digital em 2022.1
[1] Aluna de curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM
[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM
[3] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM
[4] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM
[5] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[6] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas Jornalismo FMU/FIAM-FAAM