Brasil está afastado do conflito, mas as relações internacionais e econômicas são interconectadas
Repórteres: Alaide E Silva e Mirella Dias
Revisado por: Marina Fiorotti, Mylenne Jesus e Victor Hugo Sigoli Edição: Mirella Dias
Matéria originalmente produzida para a disciplina Jornalismo Digital em 2022.1
Diante da atual guerra entre Rússia e Ucrânia, a economia dos países é afetada drasticamente enquanto eles conflitam entre si. Grandes empresas estão cortando vínculos com a Rússia, e não pretendem comercializar no país enquanto a guerra não tiver fim. Com isso, a economia sofre alterações e vai decaindo, as sanções mudam dia após dia. O governo brasileiro decidiu não tomar partido neste conflito, mas durante essa crise pode ser afetado economicamente.
Segundo Bernardo Wahl G. de Araújo Jorge, professor de Relações Internacionais da FESPSP e FMU questionado no “Programa International Summer School Brasil”, do ponto de vista geográfico, o Brasil está afastado do conflito, mas as relações internacionais são interconectadas.
“O que acontece em um lugar afastado reverbera no Brasil também, até porque esse é um conflito potencializado pela comunicação, pela imprensa e pelas redes sociais. Isso acaba se tornando não apenas uma guerra ou uma crise, mas um fenômeno social. Todo mundo quer saber o que está acontecendo”, explica.
O professor de Relações Internacionais também comentou outro impacto que o Brasil pode sentir por causa do conflito. Embora distante, a crise pode – e deve – atingir em cheio o bolso do brasileiro. “O risco geopolítico, que se eleva muito com a invasão russa, afeta os mercados considerando que a Rússia é um país exportador de gás natural e hidrocarbonetos. Já a Ucrânia é um dos principais exportadores de trigo do mundo. Tudo isso impacta a inflação no Brasil e o dólar – que já está em alta – pode ser afetado mais ainda, o que mexe com os preços dos combustíveis e altera até mesmo o custo do pãozinho da padaria”, detalha.
Para o economista, a guerra na Ucrânia terá um profundo impacto na economia mundial, reduzindo as previsões de crescimento para 2022. O Brasil, por sua vez, será um dos lanternas no que se refere às taxas de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) entre as principais economias do mundo. Apenas a África do Sul e a Rússia – país que vive uma ofensiva inédita de sanções – terão um ano mais difícil que a economia brasileira entre os membros do G20. Dados publicados nesta quinta-feira pela Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) indicam que o PIB mundial registrará uma expansão de 2,6%, e não mais de 3,6% como era esperado para 2022.
Thiago Paiva, economista e assistente de seguros, comenta sobre o que o Brasil pode fazer para remediar os impactos na sua economia, que já está sendo afetada pelos altos preços no comércio.
“Podemos tentar dois cenários, o primeiro é ideal, mas que provavelmente não vai acontecer seria o país fazer um planejamento de longo prazo, pensando em tentar remediar e cortar alguns gastos e investir em novas fontes de energia renováveis. O segundo cenário que eu acho que tem mais chances de acontecer seria que a gente passe por esse momento difícil sem se preocupar muito agora, até porque medidas impopulares em um ano de eleição nós não estamos acostumados a ver.”
O profissional finaliza sinalizando que acredita que neste momento, o governo brasileiro vai demonstrar que está tudo bem economicamente, e nós não vamos pagar essa conta no momento, mas as futuras gerações serão afetadas. Além de apresentar mudanças no setor econômico, também é um assunto que está sendo muito comentado, demonstrando alto interesse e engajamento dos internautas. Se analisarmos o nível de procura na internet sobre o conflito entre os países, podemos notar um alto nível de buscas durante o período de 20 a 26 de fevereiro de 2022, quando a guerra ainda estava no começo e teve grande repercussão de usuários na internet. Analisando duas ferramentas de palavras-chaves online (Google Trends e Ubersuggest) podemos concluir que as palavras Guerra, Rússia e Ucrânia, tiveram um índice de mais de 4 milhões de buscas na internet durante esse período.