Professora de Publicidade e Propaganda – FMU/FIAM FAAM
Por: Daniel Furtado Lacerda e Lino Bocchini [1]
Revisado por: Guilherme Augusto de Lima Faria [2]
Edição por: Cláudia Lima de Oliveira [3]
Supervisão: Prof. Wiliam Pianco [4] e Profa. Nicole Morihama [5]
Professora do curso de Publicidade e Propaganda, Glória Negrelos reside em São Caetano do Sul há sete anos, mas conta que foi criada na Mooca, zona leste de São Paulo, onde morou por 47 anos. A docente, que é atriz formada, fez curso de teatro durante quatro anos e trabalhou com grandes nomes da dramaturgia brasileira. Ela também realizou comerciais e pontas em novelas e em peças teatrais, chegando a dividir o set com nomes como Tônia Carrero e Claudia Raia. “No Brasil, a cultura não dá estabilidade aos profissionais… então fui trabalhar em uma universidade, na área acadêmica”, conta Glória.
Em um workshop de uma semana com a atriz Tônia Carrero, Glória demonstrou um bom desempenho, chegando a ser elogiada pela saudosa atriz: “Você não está devendo nada a atrizes mais velhas do que você”. A docente ressalta que tinha apenas 22 anos na época. Após esse episódio, deixou um currículo com Tônia e, um mês depois, entraram em contato convidando-a para trabalhar na Cia Teatral de Tônia Carrero (1994), onde atuou durante um ano e meio. Depois dessa experiência, juntou-se ao elenco de “Não Fuja da Raia”, estrelado pela atriz Cláudia Raia, sendo essa sua última oportunidade na área. “No ano de 1994 e 1995 havia muita gente desempregada. O país vivia o momento das eleições e o surgimento do Plano Real”, relata a docente.
Ao retornar para o mercado de trabalho, Glória tinha o desejo de atuar em alguma instituição de ensino superior, então enviou um currículo para a Universidade São Judas Tadeu, na Mooca, sendo contratada ainda em 1995. Nessa época, executava a função de assistente de coordenação, onde permaneceu até 2006. Em 2002, Glória conquistou a bolsa de estudos no Centro Universitário Ibero-Americano (Unibero), mas ainda não sabia qual formação seguir. Entre seus interesses estavam: Jornalismo, Rádio e TV, além de Publicidade e Propaganda. Uma professora à época orientou-lhe a não seguir com a graduação de Rádio e TV, para não comparar com o teatro. Restando-lhe duas opções, a docente optou por Publicidade e Propaganda, pois a localização do campus era próxima de onde morava. “Foram os quatro anos mais legais, engraçados e estressantes”, relata a docente.
Em 2004, a docente foi contratada pela Agência PMStudium Comunicação e Design, onde atuou como redatora e auxiliou na criação de peças publicitárias. Durante a faculdade, alguns professores a questionaram se não gostaria de lecionar, no entanto ela não tinha apreço por dar aulas. Quando finalizou a faculdade, em 2005, a docente ainda trabalhava na agência e uma de suas professoras a indicou ao já falecido professor João Vicente Cegato Bertomeu, esposo da professora Virgínia Bertomeu, coordenadora de curso do Centro Universitário FIAM-FAAM, para lecionar a matéria de Criação de Vídeos, na Universidade São Judas. Glória aceitou o desafio, preparou uma aula com cerca de vinte minutos e foi avaliada pelos coordenadores da instituição. Depois de quinze dias, recebeu o telefonema informando que foi aprovada, trocando de vez os holofotes dos estúdios, pela sala de aula. A professora relata que, na primeira vez em que entrou na sala de aula como docente, sentiu receio mediante a grande quantidade de alunos, algo que desapareceu após seguir com aula e perceber que todos estavam atentos; ela comenta que ficou muito feliz. “O legal da docência é que você oferece oportunidades”, narra.
Além da graduação em Publicidade e Propaganda, Gloria realizou uma pós-graduação em Comunicação pela Faculdade São Luís, em 2009, e um mestrado em Jornalismo – Comunicação Social pelo Centro Universitário FIAM-FAAM, em 2014.
A docente conta que sempre ouviu falar da FIAM-FAAM, com muitos elogios, e resolveu mandar seu currículo para a universidade no começo de agosto de 2011. Ao ser contratada, houve um impasse por conta dos seus horários, como já havia iniciado um novo semestre não podia deixar os alunos da outra universidade sem aulas, desta forma teve que se ajustar com os horários para lecionar nas duas instituições. “Tive que colocar no painel do carro a grade de aulas para ver onde que iria lecionar”, relata a docente.
Hoje a professora é responsável por lecionar em quatro disciplinas: Introdução à Publicidade e Propaganda, Comunicação Visual, Ética na Comunicação e Criação Publicitária.
A docente nos contou um pouco sobre cada uma delas. A disciplina de Introdução à Publicidade e Propaganda, nas palavras de Glória, “é a apresentação do grande parque da Publicidade”. Esta disciplina dá a base para as demais disciplinas, apresentando os conceitos elementares. Já a Comunicação Visual: “Treina a percepção visual e, principalmente, como fazer uma comunicação eficiente”. A Criação Publicitária, por sua vez: “Estimula o pensar e os processos para criação”. Questionada sobre o que exatamente seria a criação, a docente responde: “É um processo interno, observacional. O estudo do potencial criativo. É treino, leitura e a busca incansável para sair da zona de conforto”. Por fim, a disciplina de Ética na Comunicação, de definição mais complexa: “Comunicar é um ato filosófico, em que necessita-se da compreensão da sociedade, como ela age e que costumes tem como base”.
Alguns podem achar que a Publicidade se aprende apenas na prática, que é tudo apenas uma questão de feeling ou talento natural e que a faculdade, então, seria algo secundário. A professora explica que não é bem assim: “As disciplinas oferecem tanto uma visão global, quanto parcial. Dá repertório, capacidade reflexiva, poder observacional, compreensão da sociedade e, aí sim, permite aos alunos realizarem campanhas publicitárias adequadas e eficientes”.
Com o início da pandemia, a docente relata que se assustou ao chegar ao campus Ana Rosa e se deparar com o porteiro da universidade gentilmente barrando-lhe o acesso, comunicando-a que havia sido decretada a pandemia. Em um período de 24 horas, estava lecionando de forma remota. A professora afirma que sempre foi uma pessoa que gosta de ficar sozinha, mas que não é solitária e se adaptou bem com as aulas remotas, apesar das dificuldades com as plataformas tecnológicas. Seus pais são pessoas de idade avançada e, em setembro de 2020, perdeu seu pai em virtude de um câncer em fase terminal. Nesse período foi a muitas consultas com seu pai e tinha medo de contrair o Coronavírus. “A pandemia é uma tragédia, é uma guerra contra um vírus invisível”, afirma a docente.
Em seus momentos de lazer, Glória gosta de acompanhar a Fórmula 1 e ressalta que as pessoas devem entender que o esporte é uma junção de um bom carro e um ótimo piloto. Acompanha outros esportes como vôlei, tênis e basquete, antes apreciava bastante o cinema, mas recentemente não tem acompanhado. Gosta da natureza, de assistir televisão e de ir ao teatro. “A última peça que assisti antes da chegada da pandemia foi com Christiane Torloni na peça Callas”, conta a docente.
Glória finaliza com uma importante reflexão para os alunos do curso de Publicidade e Propaganda, mas que também vale para estudantes de outros cursos: “Vejo alunos que não conseguem empregos porque não entendem o pensamento da sociedade. Acham que a população pensa como eles, e não é isso”, lamenta.
“O Brasil é um país continental, não dá para achar que todo mundo tem internet, que ninguém mais vê TV aberta e que só acompanham as coisas pelas redes sociais. Eu tento explicar que, com essa visão, fica difícil ganhar a corrida. Faz-se necessário e imperativo pensar e estudar a sociedade e a comunicação, para só depois formular uma campanha”.
[1] Alunos do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM.
[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM.
[3] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM.
[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM.
[5] Professora e Coordenadora dos cursos de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM.