Jornalista e escritor, Pedrosa foi um grande crítico da arte nos anos 1940 e uma pessoa com fortes ideais políticos
Reportagem: Vitor Henrique [1]
Supervisão: Professor Gean Gonçalves [2]
O Itaú cultural está com uma exposição sobre a vida de Mário Pedrosa, jornalista e crítico de arte brasileiro, aliás um dos nomes mais importantes para a área da cultura. Pedrosa sempre teve um grande apreço pela arte, buscando não apenas o conhecimento sobre o que era produzido em sua época, mas também procurou ter intervenção na produção da mesma.
Ele é considerado um “pensador da arte”, sempre procurando através da arte abstrata sendo crucial para o neoconcreto e para o novo realismo nas décadas de 1950 e 1960. Mário se formou em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e começou a trabalhar como jornalista correspondente internacional onde passa a escrever artigos de crítica literária.
Em 1925, Mário se juntou ao Partido Comunista Brasileiro, que o envia para a Rússia a fim de que ele estude mais, onde estudou Filosofia, Sociologia, economia e estética, entretanto teve que interromper sua viagem em Berlim, por conta de uma doença.
Ao voltar para o Brasil ele se junta com Fúlvio Abramo e funda um grupo de posição trotskista e se aprofunda assim no movimento comunista internacional, entretanto por conta disso ele é preso em 1932.
Ditadura e exílio
Um dos momentos mais importantes da vida de Pedrosa se dá quando o mesmo foi preso após o golpe do Estado Novo em 1937. Exilado em Paris e depois quando ele segue para os Estados Unidos, onde junto de sua esposa e filha permanecem até o final da Segunda Guerra Mundial, que permitiu finalmente seu retorno ao Brasil.
A exposição conta que durante esse período ele se consolida como crítico de arte e passa trabalhar na criação do Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro e no de São Paulo, além de se envolver numa nova linha política que resultaria na fundação do Partido Socialista. Ao longo da exposição é possível ver alguns momentos desses em fotos, como o encontro com alguns políticos, fotos suas e de sua esposa.
E assim vamos vendo também objetos importantes de sua trajetória, como os cadernos que usava como anotações na época em que se tornou professor, na década de 1950, bem como alguns textos publicados por ele nessa mesma época enquanto colaborador de arte para a imprensa. Durante os anos 1960 dirige a Bienal Internacional de São Paulo, bem como o Museu de Arte Moderna da cidade, porém com a ditadura militar é exilado novamente, dessa vez no Chile, chegando a trabalhar como professor de História da Arte e diretor de museu.
Museu das origens, Partido dos Trabalhadores e final da vida
Ele volta ao Brasil em 1977, e um ano depois ocorre um incêndio no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro que destrói 90% do acervo, e é durante a reconstrução que ele tem a ideia do “Museu das origens”, cinco museus que mesmo de forma independente seriam integrados um ao outro, trazendo diversos estilos de artes e artistas. A ideia então era reunir o Museu de Arte Moderna, o Museu de Arte Virgem, o Museu do Índio, o Museu do Negro e o Museu de Artes Populares, mas infelizmente a ideia não vingou.
Apesar disso o Itaú Cultural e o Instituto Tomie Ohtake, decidiram criar a exposição “Ensaios para o museu das origens” que mostra como seria a ideia de Pedrosa, é possível visitar junto com a ocupação sobre a vida do crítico e jornalista.
Pedrosa fez parte da luta dos sindicatos metalúrgicos, chegando a enviar uma carta a Lula, dizendo sobre como deveriam criar o Partido dos Trabalhadores, apesar de não fazer parte ativamente da fundação, ele é referenciado como um dos fundadores, a carta enviada ao atual presidente da República pode ser vista na exposição, bem como uma foto dos dois juntos.
Mário Pedrosa faleceu em 5 de novembro de 1981, vítima de um câncer, aos 81 anos em sua casa no Rio de Janeiro. Em 2006, ele foi consagrado com a medalha da Ordem do Mérito Cultural, pelo então presidente Lula, uma homenagem in memorian.
Os visitantes
Na exposição conversamos com alguns visitantes sobre o que eles acharam, para Nicoly estudante de Artes da USP, a exposição é de acordo com suas palavras: “Um grande legado para alguém com uma grande história, já tinha ouvido falar do Mário Pedrosa, mas não conhecia sua história por completo, vale a pena a visita.”
Já para Arthur, estudante do Ensino Médio, a exposição mostra o que não se aprende na escola: “Apesar de termos contato com os movimentos artísticos, nunca sabemos muito sobre os críticos, principalmente os brasileiros, acredito que isso tinha que ser parte fundamental do aprendizado”.
Por fim Denise, advogada, comenta que ficou impressionada com o cuidado que tiveram nos detalhes, desde as fotos, até os vídeos de amigos e até mesmo o ensaio para o museu das origens. “Foi tudo feito como uma grande homenagem”.
Local e datas
A exposição “Ocupação Mário Pedrosa” fica no Itaú cultural, localizado na Avenida Paulista, 149. Os horários de visitação são de terça a sábado, das 11h às 20h. Já em domingos e feriados, o horário é das 11h às 19h. A exposição é gratuita, basta ir até o local. Ficará disponível até 18 de fevereiro de 2024. A classificação é livre.
A exposição “Ensaios para o museu das origens”, fica no mesmo local e atende aos mesmos horários, no entanto, fica disponível até 28 de janeiro de 2024. A classificação é para maiores de 12 anos.
[1] Estudante do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM – Estagiário AICOM
[2] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM