Estudante de Jornalismo comenta mostra dedica à perspectiva indígena
Texto de João Victor Diniz [1]
Supervisão: Prof. Gean Gonçalves [2]
O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – deu início a uma grande exposição coletiva intitulada Histórias indígenas. A mostra ocupa as galerias do primeiro andar e do segundo subsolo do MASP até 25 de fevereiro de 2024. Ela mostra um momento histórico em que há um enérgico movimento na arte contemporânea, para dar mais visibilidade as artes e aos realizadores indígenas, tudo fruto do trabalho e de história de lutas até então apagadas.
A exposição apresenta diferentes perspectivas sobre as histórias indígenas da América do Sul, América do Norte, Oceania e Escandinávia, por meio da arte e da cultura visual, com a curadoria de artistas e pesquisadores indígenas ou de ascendência indígena.
“Esta é a minha primeira visita ao MASP. Eu achei a exposição interessante, mas estava esperando ver um pouco mais de arte indígena brasileira ou sul-americana”, foi o que ouvi de Eliane, 36 anos, cientista, uma das visitantes.
O genocídio e o racismo estrutural geram perdas, mas não matam os sonhos indígenas, que respiram e ganham vida na arte originária de diversas etnias em suas diferentes narrativas. Os artistas indígenas têm se articulado com produções e criações autorais que não passam despercebidas pelo mundo.
A mudança proposta é pensar em um mundo menos ocidentalizado, em favor de histórias da arte mais abrangentes, com outros protagonistas, um mundo onde caibam muitos outros sujeitos, que seja menos branco, menos europeus e menos patriarcal. Que honre outras matrizes.
Percebe-se que algumas políticas do olhar administrativo do museu vêm sendo pensadas e aplicadas também nas mais importantes instituições de arte pelo mundo, a fim de despertá-las para uma mudança de comportamento necessária, que venha ao encontro da luta dos movimentos sociais antirracistas, na tentativa de romper estigmas e promover maior inclusão e representatividade da arte indígena. Nesse caminho, os museus e os profissionais que neles atuam vêm implementando novas práticas, dialogando com as artes originárias e criando espaços específicos para a atuação de curadoras e curadores indígenas.
A exposição “Histórias indígenas” está inserida nesse contexto. A mostra apresenta diferentes perspectivas sobre as artes e as culturas indígenas em sete núcleos: sete organizados por curadores e artistas indígenas ou de ascendência indígena de diversas
regiões do mundo (Austrália, Brasil, Canadá, México, Nova Zelândia, Peru e região nórdica), bem como uma seção dedicada aos ativismos indígenas. A exposição reúne 255 obras de várias mídias, origens e períodos, do século 2 a.C. aos nossos dias, com cerca de 170 artistas e coletivos.
Pensar além do vocabulário e da lógica das instituições ocidentais é necessário. A arte é “encantaria” para manter “o leito dos sonhos preservados”, vivos, como compromisso para as próximas gerações, como diz Ailton Krenak. Os próximos continuarão a tecer suas identidades, herança dos antepassados, chaves para seus mundos, filosofias e cosmologias que para sempre vão viver.
“Este evento é de extrema importância, pois informa as pessoas sobre a cultura dos povos indígenas, especialmente aquelas que não têm acesso a esse conhecimento. Além disso, destaca as lutas dos povos indígenas, pois, pelo que observei na exposição, não se tratava apenas de exibir arte indígena, mas de abordar suas lutas”, pontua Eliane.
*** Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
[1] Estudante do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM – Estagiário AICOM
[2] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM