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Saiba 7 livro-reportagens que todo estudante de jornalismo deveria ler

Reportagem: Maria Eduarda Carvalho [1] 

Supervisão: Prof. Gean Gonçalves [2]

 

Se tem uma coisa que todo jornalista precisa fazer, é ler, e ler muito, pois dialogar com o público pede algumas atribuições fundamentais para que a boa comunicação aconteça. Além do dinamismo, o domínio do assunto e a segurança na hora de repassar uma informação são competências que uma boa leitura pode provocar no estudante que quer se sobressair no jornalismo.   

Dentro desse contexto, se destaca um dos gêneros jornalísticos mais usados na atualidade: a reportagem. Ela pode ser transmitida em diversos formatos, e a única regra é usar com responsabilidade todos os meios de pesquisa para nunca fugir da veracidade dos fatos, já que a criatividade é sempre bem-vinda e é parte inerente do repórter.  

Um dos formatos investidos pelos jornalistas para promover reportagens com mais profundidade sobre assuntos não tão convencionais aos canais de TV, são os livro-reportagens, que tratam de notícias, muitas vezes polêmicas, num formato de escrita literário e extenso, trazendo para o leitor uma liberdade de se imaginar dentro da história, que compartilham os fatos de forma narrativa e, por vezes, se colocam como personagens.  

E para te ajudar nessa jornada de conhecimento com leituras que contribuam para o seu desenvolvimento com a escrita literária, técnicas de reportagem, e apuração de notícias, preparamos algumas sugestões de livros-reportagens que todo estudante deveria ler. Então, já salva esse conteúdo e use para as suas próximas “comprinhas” de literatura.  

  1. Hiroshima, de John Hersey
     

A partir do retrato de seis sobreviventes, a obra traz reportagem sobre a bomba atômica que matou 100 mil pessoas na cidade de Hiroshima, em 1945. Escrito um ano depois da explosão, a obra ajudou que o mundo tomasse consciência do catastrófico poder de destruição das armas nucleares. Quarenta anos mais tarde, o autor, ganhador do prêmio Pulitzer, reencontrou os entrevistados e completou o trabalho. 

  1. Todos os Homens do Presidente, de Bob Woodward e Carl Bernstein

Lançado em 1974, o livro reconstitui a investigação feita pelos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein do caso Watergate, ganhadores do prêmio Pulitzer. O escândalo político levou o presidente Richard Nixon à renúncia há 40 anos. Em linguagem eletrizante e cinematográfica, os repórteres contam como ajudaram a revelar uma poderosa rede de espionagem e sabotagem montada dentro da Casa Branca contra políticos do Partido Democrata. 

  1. O Olho da Rua, de Eliane Brum

Com 10 reportagens contidas no livro de 2008, Eliane revela a história dentro da história. A ganhadora do prêmio Jabuti de Literatura narra os bastidores a partir dos dilemas, das descobertas e também das dores a que se lança um repórter disposto a se interrogar sobre sua própria jornada. Essa nova edição, revista e ampliada, inclui o texto inédito “Os limites da palavra”, no qual a autora fala de dois “desacontecimentos” recentes que a levaram a uma profunda investigação sobre o ofício de repórter. 

  1. Rota 66, de Caco Barcellos
     

Consagrado pelo público e pela crítica, Rota 66, de 1992, é um livro em que o autor desmonta a rede que forma o “esquadrão da morte oficial” montado em São Paulo. Vencedor do prêmio Jabuti de Literatura e resultado de uma investigação meticulosa e audaciosa, o volume foi escrito por Caco Barcelos – um dos jornalistas de maior prestígio pela audiência conseguida pelas reportagens. A obra revela as origens da criação de um sistema mortal de extermínio, incluindo métodos e consciência. 

  1. Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex

Ganhadora do prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor livro reportagem, a obra, lançada em 2013, traz relatos de ex-funcionários e sobreviventes. Nela, Daniela Arbex denuncia um dos maiores genocídios do Brasil, no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, em Minas Gerais. O centro recebia, diariamente, pacientes com diagnóstico de doença mental, homossexuais, prostitutas, entre outros – pessoas consideradas fora dos padrões sociais. Mais de 60 mil internos morreram e um número incontável de vidas foi marcado de maneira irreversível. 

  1. A Menina Quebrada, de Eliane Brum
     

Eliane pode escrever sobre a Amazônia profunda como alguém que cobre a floresta desde os anos 1990. Ou pode provocar pais e filhos, com uma observação aguda das relações familiares marcadas pelo consumo. Ou, ainda, pode refletir sobre a ditadura da felicidade, que tanta infelicidade nos causa. Essa combinação transformou a coluna de opinião da jornalista em um fenômeno de audiência. O livro, de 2014 e vencedor do Prêmio Açorianos, reúne os melhores textos da autora e dá ao leitor uma fotografia do tempo, visto pelo olhar de uma repórter que observa as ruas do mundo. 

  1. Todo Dia a Mesma Noite, de Daniela Arbex 

O livro, de 2018, relembra e homenageia os 242 mortos no incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. As páginas transportam o leitor até o momento em que as pessoas se amontoaram nos banheiros da Kiss em busca de ar, ao ginásio onde pais foram buscar os filhos mortos, aos hospitais onde se tentava desesperadamente salvar as vidas que se esvaíam. A leitura é uma dolorosa e necessária tomada de consciência e empatia pelos jovens que tiveram seus futuros barbaramente arrancados. 

[1] Estudante do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM – Estagiária AICOM 

[2] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM