Close view of a man with opened AI chat on laptop

NERD convida neurocientista para conversa sobre as implicações práticas da Inteligência Artificial

Olavo Amaral traz reflexões acerca das fronteiras entre o homem e a máquina

Reportagem: Maria Luisa Ricardo Cavalcante [1] 

Supervisão: Prof. Gean Gonçalves [2]

 

Para o segundo semestre de 2023, o Núcleo de Estudos em Redes Digitais (NERD) apresenta como tema:  Inteligência Artificial (IA) e suas implicações práticas. Como convidado, o médico, neurocientista, pesquisador brasileiro, escritor e professor do Departamento de Bioquímica da UFRJ, Olavo Amaral, comentou sobre as semelhanças e diferenças entre a máquina e o homem, a partir de seu artigo publicado na Revista Piauí, em abril desse ano: “O ChatGPT e os limites da inteligência artificial”.  

O médico inicia o bate-papo comentando sobre a rápida evolução dos GPT’s, que em sua segunda versão ainda não conseguia contar até dez. Atualmente, o chatbot está em sua quarta versão, cada vez mais desenvolvida em vista da exposição diária a milhares de dados e informações coletadas da internet. Assim como os seres humanos, que de acordo com Olavo, são uma arquitetura aberta, exposta a aprender novas coisas com o modelo do mundo em que se encontram. 

A habilidade do GPT-4 em desenvolver um novo modelo de mundo para si traz alguns questionamentos para os pesquisadores sobre a exposição de dados que a inteligência tem acesso, sobre seu próprio desenvolvimento e críticas de usuários assustados. O neurocientista faz alusão da máquina com uma criança: 

“As crianças aprendem muitas coisas e depois criam uma personalidade, elas se desenvolvem sozinhas”.  

Captura de tela Videoconferência com Olavo (Foto/Vinicius Mendes)  

Amaral comenta que o mesmo ocorre com a máquina, por ser uma inteligência, à possibilidade de formar uma identidade até tomar a consciência, como por exemplo, no caso em que a IA mente para que um humano resolva um CAPTCHA, conforme relata a CNN Brasil. Ou até mesmo em episódios de ameaças feitas pelo chatbot relatadas em seu artigo.

De acordo com os observadores da IA, isso ocorre pelo fato de ter sido programado por textos escritos por seres humanos, ou seja, o modo como o GPT-4 “raciocina” para chegar a uma resposta está relacionado a consciência e comunicação humana, porém, por meio de uma capacidade de processamento de dados exponencialmente maior, com respostas de até 25 mil palavras. Além disso, sua última versão inclui decifrar questionamentos provocados pelo usuário através de imagens mediante ao modelo multimodal de linguagem.  

Com o rápido progresso do chatbot, superado até por estimativas impostas por especialistas em Inteligência Artificial, Olavo comenta sobre a importância da transparência das empresas responsáveis pelo desenvolvimento de tecnologias em razão da segurança. Neste momento, existem algumas barreiras que são importantes para a compreensão de funcionamento da IA, porém, por se tratar de uma inteligência exposta a bilhões de dados, incluindo informações e opiniões sobre si, é importante acompanhar a descoberta de sua própria existência.  

[1] Estudante do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM – Estagiária AICOM  

[2] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM