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Maurício Stycer é convidado da Semana Acadêmica de Audiovisual

Famoso crítico de TV tratou do sensacionalismo em palestra para estudantes de Rádio e TV

Reportagem de Camila Pazini [1] 

Supervisão: Prof. Gean Gonçalves [2]

No dia 9 de outubro, o auditório Nelson Carneiro recebeu a presença ilustre do jornalista Maurício Stycer para uma palestra sobre o sensacionalismo midiático e a construção da narrativa televisiva. A atividade celebrou os 55 anos da FMU e a abertura das atividades da Semana Acadêmica do Curso de Rádio e TV/Audiovisual. Na ocasião, a conversa foi mediada pelos professores Thiago Siqueira Venanzoni e pela coordenadora Isabella Goulart. 

Com uma carreira duradoura como jornalista e crítico de TV, Stycer escreve semanalmente para a Folha e por 13 anos foi colunista do portal UOL. Já escreveu diversos livros, deu aulas em faculdades de comunicação e foi correspondente internacional. Stycer fez questão de dizer que assim o convite da faculdade chegou, ele respondeu prontamente que viria ao evento. Ele começou o bate-papo com docentes e discentes discorrendo sobre a história da TV brasileira, tratando de incidentes pouco explorados na bibliografia da TV e que impedem a gente de ter uma versão completa dessa história.

Sobre as notícias veiculadas nas mídias televisuais, o jornalista apresentou um entendimento de que o telespectador não chega a ser enganado por programas sensacionalistas, e sim seduzido pela narrativa dramatizada dos fatos. Existe uma narrativa que é sustentada por programas populares da TV aberta. Com essa premissa, Maurício teceu comentários sobre personalidades marcantes como Jacinto Figueira Júnior – considerado um dos precursores do sensacionalismo brasileiro. Personagem que, inclusive, recebe um cuidado especial em seu mais recente livro “O Homem do Sapato Branco” (Todavia, 2023).

Maurício comentou sobre a pesquisa para o livro e sobre a ironia de uma pessoa que viveu do sensacionalismo, ter morrido sendo vítima do mesmo. O Crítico contou que encontrou a fita com um colecionador de reportagens de Sônia Abrão e Márcia Goldsmith, que mostrava Jacinto em seu leito de morte, em uma clara exploração da imagem debilitada que o apresentador se encontrava. Além de seu lançamento literário, foram citadas outras publicações como “Topa Tudo Por Dinheiro”, o perfil biográfico de Silvio Santos e a diferença dele para outras biografias.

Das humilhações, atravessando o conceito de ridículo do programa do Chacrinha até as narrativas do reality show que colocam o telespectador como juiz de valores, a televisão brasileira é um verdadeiro prato cheio para análise das diversas estratégias presentes na comunicação, ainda mais as sensacionalistas e Stycer relembrou casos chave. Inclusive, ele acredita na vida longa da TV aberta, pois é a principal opção de informação e entretenimento para as classes sociais com menos poder econômico.  

Em quase duas horas de palestra, o jornalista carioca expôs sua paixão e conhecimento sobre a comunicação e respondeu algumas perguntas de estudantes que estavam presentes. As duas últimas perguntas foram sobre as consequências éticas e sociais do sensacionalismo na sociedade, a qual Maurício comentou que existe uma diferença entre o exagero sensacional e a distorção sem precedentes de informações. Tratou ainda a respeito de um episódio do programa policialesco de José Luiz Datena que quebrou o senso comum de que as classes menos favorecidas não são politizadas. A palestra foi finalizada com a esperança de que o futuro da TV aberta seja amplo, democrático e diversificado para que possa atingir, informar e entreter todas as pessoas.

[1] Estudante do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM – Estagiária AICOM

[2] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM