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Jornalismo FIAM recebe editora-chefe da revista Capricho

Andréa Martinelli dialogou com estudantes sobre nova linha editorial da publicação

Reportagem e fotografia de Maria Eduarda Carvalho [1]

Supervisão: Prof. Gean Gonçalves [2]

Foto: Gean Gonçalves/AICOM

Nos dias 27 e 28 de setembro, turmas do 6º semestre de jornalismo receberam a editora-chefe da revista Capricho, Andréa Martinelli. No encontro, a editora contou sobre a trajetória da revista desde sua primeira edição até os dias atuais, o que causou sentimento de nostalgia entre os estudantes, já que as publicações fizeram parte da infância e adolescência da maioria deles.  

Andréa apresentou alguns detalhes, em slides, do que a Capricho representava anos atrás. “A revista sempre foi um espaço de informação para as jovens de sua época. Ela ensinava sobre moda, beleza, saúde sexual, entretenimento e tudo mais que acontecia de novidade no mundo. Sua primeira capa foi em 1952, e eram feitas com imagens de fotonovelas, que deram origem as telenovelas”, lembrou.

Nos anos 1970, as publicações da Capricho foram consideradas “desaconselháveis” para menores de 18 anos, pois abordavam assuntos que não agradavam o governo da época, a ditadura-militar. Já na década seguinte, a revista pôde ter mais liberdade de expressão e fez uma de suas capas mais polêmicas: uma matéria sobre o uso de camisinha, tendo como foto de capa a atriz Luana Piovanni. A atitude foi considerada um progresso diante do que a revista havia vivido na década anterior.  

A partir da década de 1990, as capas da Capricho começaram a incluir pessoas negras, o que deixou portas abertas para a inclusão de pessoas de todas as raças, gêneros e orientações sexuais. 

Andréa ressaltou que antes dos anos 2000, o que mais chamava atenção do público eram as chamadas da capa e não necessariamente a foto que estava nela. Por isso, muitas chamadas eram tendenciosas, e acabavam atraindo o público apenas pela curiosidade, com títulos polêmicos e escandalosos.

Foto: Gean Gonçalves/AICOM

Hoje a revista Capricho é totalmente digital, deixando de ser impressa desde 2015. Essa mudança foi necessária para a publicação acompanhar os avanços tecnológicos dos últimos anos e tornar-se mais prática para o seu público consumidor. Sua produção de conteúdo foi totalmente inovada e, além de entretenimento e assuntos “para além do gênero feminino”, a revista também cobre política e saúde sexual sem tabus, com uma linguagem jovem e descontraída a fim de que todos entendam de forma clara e democrática o que antes era restrito apenas a um determinado grupo de pessoas.    
 
Com muito bom humor, Andrea falou do momento em que o empresário Fábio Carvalho, novo dono do Grupo Abril, a chamou para uma reunião e solicitou: “precisamos tirar o rosa da Capricho!”. 

O cor-de-rosa perpetuou-se na revista desde os anos 1950, e servia para caracterizar o seu público-alvo: as meninas na adolescência. Porém, com as mudanças atuais e um novo conceito de feminilidade, o rosa por si só já não representa as mulheres tão fortemente como em décadas passadas. Por esse motivo, foi necessário reformular o posicionamento editorial da revista para se adequar aos movimentos atuais e incluir novas cores, além de novas manifestações de gênero.  

Com o tema, “manifeste, desobedeça, seja você”, a revista Capricho pretende trazer uma nova ideia do que é ser jovem nos tempos atuais, além de falar com os meninos. Sobre isso, Andrea ressaltou que “A desobediência da qual estamos tratando não se trata de desobediência aos pais, mas é uma desobediência criativa que busca muita autenticidade e expressão de criação de um mundo novo. Trabalhamos dentro dessa subjetividade enquanto posicionamento editorial para desenhar todas as reportagens que temos no site e na edição digital que teremos a partir de agora”. 

Hoje, a Capricho possui 18 milhões de seguidores em suas redes sociais, contando com Instagram, Twitter (atual X), TikTok, Facebook e YouTube, que são administradas por uma equipe de redação de apenas 10 pessoas. Sem contar que ela possui o maior site teen do Brasil, com 5,3 milhões de visitantes únicos, 6 milhões de pageviews e 90,4% de acessos mobile. 

Foto: Maria Eduarda Carvalho/AICOM

Após o bate-papo, alguns alunos procuraram a palestrante para contar suas experiências com a revista Capricho e expressar o quão gratificante foi participar de um encontro com a editora-chefe da revista. 

“Foi muito legal poder conversar com alunos hoje. A interação com eles foi revigorante, e estou superanimada, porque foi muito legal poder compartilhar tudo isso que estamos fazendo, ouvi-los e responder as perguntas e questionamentos, e passar para eles o futuro de uma publicação tão importante no Brasil e para a juventude”, finalizou a convidada.

Confira o recado da Andrea Martinelli:

[1] Estudante do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM – Estagiária AICOM

[2] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM