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NUGE e Saúde: importância de preservativos vaginais nas relações sexuais

Reportagem: Gleison Oliveira [1] 

Edição: Raphael Odilon [2]  

Supervisão: Prof. Gean Gonçalves [3] e Prof. Wiliam Pianco [4] 

Em 26 de abril, o Núcleo de Estudos de Gênero e Sexualidade (NUGE) promoveu a palestra “Importância dos preservativos vaginais nas relações sexuais”, com a professora Rosana David. 

A professora é graduada em enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (1980) e mestra em Saúde Coletiva pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo – USP (2002). A palestrante é ainda professora das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, em cursos de graduação e pós-graduação, e enfermeira na atenção primária, em Unidade Básica de Saúde e no serviço de assistência especializada em HIV/AIDS. 

O evento teve como objetivo debater os principais métodos de proteção para evitar ISTs – as infecções sexualmente transmissiveis, as formas de proteção com o uso de camisinhas feminina e masculina, trouxe também uma abordagem de dados e pesquisas sobre o assunto, e também a importância de nos aprofundarmos nas questões da saúde, já que o sexo seguro independente da sexualidade e da identidade de gênero, mas pode envolver episódios de violência de gênero e o preconceito estimulado pela orientação sexual. 

Dentro dessa abordagem a professora Rosana cita que as condutas sexuais se referem a realidade de cada indivíduo, além da cultura e estrutura social. Já o respeito aos métodos de prevenção e cuidado da saúde são compreendidos como parte dos “roteiros sexuais”, estão inseridos em cenários culturais, roteiros interpessoais e roteiros intrapsíquicos, teoria essa elaborada pelo sociólogo John Gagnon. 

Dados epidemiológicos de ISTs no Brasil 

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN mostra que de 2007 à junho de 2021 ocorreram mais de 381,793 casos de infecção sexual, dentre eles a infecção pelo HIV, cujo incidência foi de 69,8% em homens e 30,2% em mulheres (30,2%). Já os casos de AIDS (quando a infecção evolui para a doença) foram de 65,8% em homens e 34,2% em mulheres. 

O que causa espanto nesses dados são os dados relativos à escolaridade, que mostram que a doença é mais ignorada por quem possui menos acesso à educação ou a uma educação incompleta.  

Outro dado importante, estima-se que entre 9 e 10 milhões de pessoas vivem com HPV (papiloma vírus humano) no Brasil e que surjam 700 mil novos casos de infecção por ano, indicando que cerca de 80% da população sexualmente ativa deve ser infectada pelo vírus em algum momento da vida. 

Reprodução/Zoom

Durante a apresentação, a professora Rosana comenta sobre ações que ela criava para ajudar nesses casos, por exemplo, reuniu um grupo de mulheres para receber apoio de ginecologistas, psicólogos e demais profissionais para ajudar e dar espaço para compartilhar suas dúvidas.  

“Eu decidi reunir um grupos de mulheres para debater as suas questões e uma ajudar a outra, um espaço para elas se sentirem e a vontade principalmente para falar sobre sexualidade”, a ideia foi  brilhante que o grupo aumentou e deu espaço para mais mulheres. “O acolhimento é muito importante, quando abrimos espaços para essas mulheres, elas se sentem importantes, e o fato de olhar para humanidade é olhar diferente”. 

É da necessidade desse acolhimento e compartilhamento de informação que surgiu o HUMANIZA  SUS, que tem como objetivo desde 2003, ser a política nacional de humanização, para efetivar os princípios do Sistema Único de Saúde – SUS no cotidiano das práticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública do Brasil. 

Aos presentes, a professora também trouxe dados da Pesquisa Nacional de Saúde Comportamento Sexual e Uso de Preservativos na População Brasileira (2019), que mostra que a população não tem o costume de usar preservativos em suas relações sexuais, pelas pesquisas feitas o motivo para não usar é a confiança dada ao parceiro (73,4%), outros afirmam não gostar (8,4%). O que está ligado a ideia de que o preservativo incomoda e reduz o prazer, com isso as pessoas ignoram a percepção de que é arriscado e que podem contrair infecções caso não façam uso do recurso.  

O professor Manuel de Andrade, coordenador do NUGE, reforça o autocuidado: “A proteção é uma forma de militância, o autocuidado é uma forma de você se proteger e proteger o outro, mostrando como é importante se cuidar”. 

A mediadora da palestra Shary Herrera, durante a abordagem de perguntas, ressaltou que também é importante confiar nos preservativos do SUS, que são distribuídos gratuitamente, e que tem a mesma proteção de um preservativo pago. Ela mencionou que o preservativo do SUS é de fácil acesso, está, por exemplo, no transporte público, nas estações do metrô. 

A professora Rosana concordou e acrescentou que ainda tem muito a melhorar sobre a abordagem da proteção, dentre elas a mulheres que fazem sexo com mulheres, terem em sua rotina um número maior de idas ao ginecologista, o que não ocorre porque elas sofrem com o apagamento da sexualidade, mesmo que sejam um público com menos vulnerabilidade as infeções sexualmente transmissíveis ao praticar sexo oral e vaginal, mesmo assim se recomenda práticas com a utilização de métodos de barreira, o que atualmente encontra se no exterior. 

Ela termina dizendo o quão importante e necessário são as políticas públicas no Brasil, a capacitação de profissionais da saúde, e principalmente o acolhimento dessas mulheres nos serviços de saúde e na educação em saúde. “A sexualidade, ainda não é muito falada, e é muito importante compartilhar essas informações para que elas possam “chegar nas pessoas”, além de acreditar que ainda tem muito trabalho a ser feito”. Terminou exibindo a frase: “Respeitar a diversidade é defender o direito à igualdade”. 

Reprodução/Zoom

[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM – Repórter   

[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM – Editor 

[3] Professor do curso de Jornalismo, supervisor de estágios AICOM    

[4] Professor do curso de Jornalismo, supervisor de estágios AICOM