3_Antonio Peticov na FMU. por Ana Paula Sousa

Na FMU, Antonio Peticov conta sobre sua vivência como artista plástico

Curso de Artes Visuais recebeu o artista que contou sobre sua história e jornada criativa em uma palestra carismática e profunda  

Reportagem: Ana Paula Sousa [1]   

Edição: Larissa de Lima [2]   

Supervisão: Prof. Gean Gonçalves [3] e Prof. Wiliam Pianco [4]    

O curso de Artes Visuais da FMU recebeu no último dia 25 de abril, o pintor, desenhista e escultor Antonio Peticov, para uma palestra sobre sua vida e carreira. O evento aconteceu no auditório Nelson Carneiro, no campus da Liberdade, e foi mediado pela professora Virgínia Bertomeu, coordenadora dos cursos de Artes Visuais, Design, Design Gráfico e Moda.  

Antonio Peticov nasceu em Assis, interior de São Paulo, e é um artista brasileiro autodidata. Foi aos doze anos que descobriu sua vocação artística, segundo ele, soube imediatamente que queria seguir no mundo das Artes. Hoje, aos 76 anos, é um artista renomado e um personagem importante da contracultura no País. 

Logo no começo da apresentação, ao ser chamado de mestre, Peticov afirmou: “Eu não sou mestre em nada, estou aqui pra aprender com vocês”. O que tirou sorrisos de todo o auditório, mostrando sua personalidade cativante.  

Fotografia de Ana Paula Sousa

No decorrer do encontro, Peticov expôs seu trabalho e explicou o contexto por trás de suas obras cheias de simbolismo, mesclando com histórias da sua vida fantástica. O artista morou em Londres, durante seu exílio em virtude da Ditadura Civil-Militar (1964-1985), também se refugiou em Milão e Nova York. Suas viagens e contato com a arte e cultura no exterior foram sem dúvida grande fonte de inspiração para o artista. Ele contou histórias que vão desde a aprender a tocar guitarra com Gilberto Gil até o fato de ter sido vizinho de Basquiat. 

Durante a década de 1970, foi preso e ficou 70 dias no Carandiru. Usando o tempo em cárcere para produzir, ele pintou e traduziu livros, antes de ser absolvido. O convidado também contou seu processo de criação e a variação dos materiais usados em cada obra de arte, citando também a importância de usar a ferramenta correta para cada tipo de produção artística. 

Ao expor seu acervo de pinturas e gravuras, percebemos a forte utilização de cores intensas e efeitos de luz. Alguns de seus quadros combinam estética impecável, com assuntos científicos e paradoxos.  

Fotografia de Ana Paula Sousa

Seu trabalho tem forte conexão com a matemática, física e temas científicos, além de uma pitada de psicodelia. Para Peticov, a arte e a geometria têm uma conexão natural, “a geometria está em tudo, no que vemos e fazemos”. Durante o diálogo com os presentes, houve a exposição e fez a leitura das camadas de significados de suas obras, entre elas: Birds of paradise, Entropia, Pouring, entre muitas outras peças de arte. 

Big Blue (2009), por Antonio Peticov

Em uma das suas explicações dos significados de sua obra, ele relata que às vezes começa a criar sem saber o que esperar, que é um ato mais intuitivo, mas que gosta muito de ver pessoas interpretando e fazendo releituras de seus trabalhos.  

Peticov também mostra capas de discos que produziu, feitas para músicos e bandas como “O terço”, “Azymuth”, “14 Bis” e “Rockfeller”. 

“Só quando estamos despidos com uma tela em branco, é quando a luz brilha”. 

Respondendo às perguntas dos alunos presentes, Antonio afirmou que “talento guardado apodrece”, essa é uma das dicas que ele ensina aos artistas iniciantes, que não se deve ter medo de tentar explorar, mas que deve se ter cuidado com a escuridão, sempre buscar conhecimento, já que a pior droga é a ignorância.  

Sobre a arte contemporânea, ele contou que a arte mudou muito, que hoje em dia é muito mais comercial, para ele: “o preço da obra de arte vale mais que o valor dela”. E aconselha também, a não se misturar com o mundo do capital, ele critica veemente a precificação da arte. 

“A arte é a transformação do ordinário no extraordinário”, classifica Peticov. 

[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM – Repórter   

[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM – Editora    

[3] Professor do curso de Jornalismo, supervisor de estágios AICOM    

[4] Professor do curso de Jornalismo, supervisor de estágios AICOM