direção de fotografia

Direção de Fotografia: uma forma de compor imagens

Professora de Direção de Fotografia, Carla Christiani explica a importância da disciplina para quem cursa Rádio e TV e para aqueles que possuem interesse em trabalhar nesse mundo de luz, câmera e ação

Reportagem: Stepan Shevtsov Sena [1] 

Edição: Gabriela Francia [2] 

Supervisão: Prof. Gean Gonçalves [3] e Prof. Wiliam Pianco [4]  

A direção de fotografia é uma área muito respeitada e admirada no mundo do audiovisual, principalmente no cinema e em premiações que reconhecem o trabalho fotográfico. Porém, é uma disciplina do curso de Rádio e TV pouco conhecida, mas fundamental para a qualidade visual de uma narrativa. Trouxemos um pouco sobre o aprendizado que cada estudante terá, além de curiosidades a respeito de suas aplicações práticas. Confira abaixo uma entrevista com a professora Carla Christiani sobre o tema. 

AICOM – De onde veio sua paixão por Rádio e TV? 

Carla Christiani – Quando eu era bem jovem, eu fiz estágio em TV na TV Gazeta e ainda estava no ensino médio. Eu ainda não sabia exatamente minha formação, o que eu ia prestar, e pintou esta oportunidade para conhecer essa área. Mesmo que eu tenha ido para um curso de ciências humanas, minha formação é em Ciências Sociais, nunca deixei de lado essa área [TV], sempre gostei muito de trabalhar com processos criativos […] e me encantei com a fotografia. Eu comecei a dar aula de Sociologia para cursos de rádio e TV, cinema, publicidade – aí consegui associar as duas coisas, porque dando aula para cursos do ensino superior não só ficaria na discussão teórica, mas também na prática efetivamente, e aí comecei a trabalhar com imagem de verdade. 

AICOM – O que é direção de fotografia? 

CC – O papel do diretor(a) de fotografia é desenvolver uma habilidade visual ao texto, pois parte-se de um roteiro, como em um programa de TV e filme, e aí você vai fazer a leitura desse roteiro e vai converter estas palavras em imagens. É uma prática para você conseguir criar efetivamente e executar o roteiro. Existe o caminho entre o processo de criação, onde primeiro você abre aquele texto e começa a criar imagens na sua tela mental, que tem que estar conversada com o roteirista, até a finalização, que é a execução da imagem. […] o profissional desenvolve todo esse caminho para poder executar uma resposta que tem a conexão com aquela imagem inicial que foi criada com uma proposta efetiva, que envolve técnicas, composição de imagem, conhecimento sobre luz e sombra […] toda uma relação com outras áreas, como direção de arte, por exemplo. Precisa ter uma visão totalizante de um programa de TV, série ou filme, mas o relacionamento mais profundo ele estabelece com o roteiro e a direção de arte, para que aquilo que foi pensado seja executado. O roteiro já foi dado, você precisa filmar, construir uma iluminação. Por exemplo, no filme Iluminados (2007) há seis diretores de fotografia gravando a mesma cena, onde cada versão difere totalmente uma da outra, onde o clima é diferente, a abordagem, escolhas são diferentes em termos de movimentação, como eles se relacionam com o personagem, etc. Tem que entender bastante sobre composição de imagem, ritmo, iluminação, te tornando mais proativo dentro da equipe. 

AICOM – Como é a parte teórica e prática desta disciplina? 

CC – A parte teórica da disciplina é exatamente a gente conseguir compreender os fundamentos da imagem, por exemplo, vou falar de luz, a iluminação é extremamente importante para a fotografia (estática ou fílmica) e ela depende de luz para existir. Vou dar uma teoria pensando nas características da luz, explicando o que é luz, trabalhando nestes conceitos, o que é a direção da luz (dependendo de como você move ela, ela pode transmitir uma sensação uma mensagem), a intensidade (se ela é mais fraca mais forte), a qualidade ou natureza da luz, se é dura ou suave, a forma de transmitir o que você quer para o espectador, ou a cor, se é colorida ou você quer colocar um acessório para deixá-la colorida […] a gente fala teoricamente sobre essas características e conversamos em aula antes de ir para a aula prática. Porque quando o aluno chega no estúdio, ele vai ter uma aula de manuseio dos objetos de iluminação, para que cada coisa serve, como rebatedor, difusor e acessórios como Softbox. Tudo isso para eles entenderem, sendo que é muito mais fácil quando se tem essa base teórica anterior. 

AICOM – Quais dicas você dá para quem quer se aprofundar neste ramo? 

CC – É estudar os grandes diretores de fotografia, no filme “Iluminados” que citei, temos diretores brasileiros. Pensar na história do cinema e da TV, utilizar referências e praticar, consumir. Você tem que ter um conhecimento que te diferencia, que é mais abrangente, para você conseguir ampliar esse leque, você precisa consumir arte, não é só fotografia ou filme, mas sim extrapolar o universo imagético, que emprega ritmo, dependendo da movimentação de câmera que você faz. Então, por que não estudar um pouco de música, ou escutar música mesmo, consumir, tentando fazer pontes? Normalmente quando escutamos uma música que gostamos, a gente cria imagens na nossa tela mental e fazemos isso quando lemos livros também, fazendo a gente refletir, coisa do ser humano. Você está criando o tempo todo, quando você tem as referências fica mais fácil, dando um salto. A gente tem que se observar, é uma rede de mão dupla, podendo ser divertido e consciente ao mesmo tempo, por exemplo, frequentar exposição de arte, ir mais ao cinema, ir mais aos shows, dança, artes plásticas, pintura […] a sua criatividade depende desse insumo, tudo isso é matéria prima, precisando fazer isso com um olhar mais crítico, uma coisa não elimina a outra, você pode ser um estudioso da arte, mas precisa experienciar.  

[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM 

[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM 

[3] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM 

[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM