Crítica de cinema e antropóloga proferiu aula magna sobre “tecnologia e gênero: genealogia de mulheres artificiais”
Reportagem: Ana Paula Sousa [1]
Edição: Larissa de Lima [2]
Supervisão: Prof. Gean Gonçalves [3] e Prof. Wiliam Pianco [4]
No dia 15 de março, Isabel Wittman foi a convidada dos cursos de Rádio e TV, Produção Multimídia e Produção Audiovisual para uma aula inaugural do semestre letivo presencial e com transmissão online. Wittman é crítica de cinema e doutoranda em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), criadora do Podcast “Feito por elas” e membra da associação brasileira de críticos de cinema (ABRACCINE). A convidada ministrou a aula magna “Tecnologia e gênero: genealogia de mulheres artificiais”.
A apresentação, que foi mediada pela professora Isabella Goulart, começou com a exposição do objeto de pesquisa de Wittman, sendo esse, as questões de gênero e sexualidade no cinema. Isabel explicou que “o recorte especificamente vem sendo mulheres artificiais, majoritariamente de ficção científica”.
A escolha da sétima arte como estudo é uma opção da pesquisadora por ser um campo de observação da sociedade, como forma de entender e representar a vida das pessoas. O cinema dialoga com a contemporaneidade e é uma forma de refletirmos sobre certos aspectos sociais e culturais. A convidada também explica que o audiovisual é uma das tecnologias que são usadas para criar e reforçar ideias de gênero, com representações do feminino e do masculino, ao promover certas funções sociais e padrões existentes na sociedade.
O mundo cinematográfico existindo e inserido no nosso sistema, consequentemente será mais uma área machista e com pouca atuação de mulheres. Com obras sendo predominantemente criadas por homens cis prevalece, em tal cenário cultural, a visão e perspectiva dos homens, segundo Isabel. Ao decorrer da aula, a antropóloga desenvolveu o assunto o tema das “mulheres artificiais” na ficção científica, com a análise do termo androide em A Eva futura, romance de Auguste Villiers de L’Isile-Adam de 1886, a partir da criação de uma mulher artificial e do legado da misoginia no meio.
Citando obras como Metrópolis (1927), filme no qual aparece o primeiro robô da história dos filmes de ficção científica, que tem feições e personalidade feminina e que assume o papel de vilã, reforçando a lógica da narrativa machista. Exemplificando com produções como As esposas de Stepford (1975), Westworld (1973), Her (2013), entre outras produções, Wittmann seguiu sua linha argumentativa sobre o uso de corpos femininos em obras e o desejo dos homens em criar seres perfeitos e dóceis.
Como raciocínio final, a antropóloga também apresentou a nossa relação com a tecnologia, citando novidades como ChatGPT e o boom da inteligência artificial nos últimos tempos. Isabel respondeu ainda perguntas dos discentes, sanando dúvidas sobre o pós-humano, cinema de gênero, os estereótipos machistas e racistas que perpassam as obras e o improváveis “direitos dos robôs”. Além de falar sobre as inteligências artificiais e sua autonomia, parafraseando com autômatos irreais do mundo fantástico.
Ao fim de sua aula magna, com elogios a sua didática sobre tópicos importantes, a convidada foi aplaudida pelo público presente no auditório da Casa Metropolitana do Direito da FMU.
[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM – Repórter
[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM – Editora
[2] Professor do curso de Jornalismo, supervisor de estágios AICOM
[3] Professor do curso de Jornalismo, supervisor de estágios AICOM