Processos de uma entrevista 1

Os processos de uma entrevista: a importância do texto e as técnicas para a produção de conteúdos jornalísticos

Por: Júlia Maria Toledo [1]

Editor: Rafael Alves [2]

Supervisores: Prof. Wiliam Pianco [3] e Profa. Nicole Morihama [4]

Na noite de quinta-feira (27/10), a FMU / FIAM FAAM recebeu o jornalista Guilherme Henrique, durante a 12º Semana de Comunicação. Guilherme, que é editor da revista GQ Brasil, e acumula colaborações em diversos veículos renomados, como BBC Brasil, El País Brasil e revista Piauí, compartilhou com os alunos sua experiência com técnicas para entrevista, baseando-se na obra A Arte de Entrevistar Bem, da jornalista e atual colunista do UOL, Thaís Oyama.

O editor coleciona entrevistas importantes em sua carreira, como suas conversas com Fernanda Montenegro, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Gilberto Gil e Mano Brown. O integrante do corpo docente da instituição, professor Vinícius Mendes, foi mediador da palestra, e contribuiu positivamente para a fala de Guilherme, compartilhando experiências profissionais dele que envolveram entrevistas, como uma que realizou com a ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

Com a difícil responsabilidade de entrevistar um especialista em entrevistas, conversamos com Guilherme Henrique, que comentou ter tomado a decisão de se tornar um jornalista, pois queria trabalhar com esportes. Trabalhando nessa editoria, mas em rádio, ele explicou o motivo da transição para a revista: “Em determinado momento [eu] percebi que queria trabalhar com cultura, política, e queria sair do rádio. Então migrei e comecei a trabalhar com textos; o que foi muito difícil, porque eu não tinha um bom texto. Na revista tem duas coisas que eu gosto muito: o visual, que é muito legal de fazer, e poder contar histórias mais leves, mais longas do que as de um jornal”. Além disso, ao ser questionado sobre a importância da boa oratória para que um jornalista entreviste bem, o editor afirmou: “Eu acho importante, mas não sei se é fundamental. Acho que faz diferença, mas o mais importante é estar bem preparado e ter boas perguntas. Claro que o modo como você faz uma pergunta é importante também, e pode te dizer para onde a entrevista vai caminhar, mas eu ainda acho que o mais importante é ter uma pergunta bem feita; mais [importante] do que fazer essa pergunta melhor do que ela pareça”.

Mas você sabe a importância da entrevista e quais são seus processos produtivos?

A entrevista é um tipo textual que compõe o gênero jornalístico informativo. Através dela, um jornalista consegue imprimir a opinião, pensamentos e trajetória de alguém. Entrevistar pessoas durante processos investigativos, por exemplo, é muito importante para que o jornalista consiga trazer mais credibilidade às notícias que ele veiculará relacionadas àquele caso. Por outro lado, tratando-se da editoria cultural, pela entrevista, fãs e público geral, captam mais detalhes sobre a produção de filmes ou álbuns musicais, e aprofundam-se na vida e opiniões daquele artista. As coletivas de imprensa, que ocorrem frequentemente no mundo futebolístico, também são importantes, pois fornecem aos veículos de comunicação declarações de técnicos e jogadores sobre determinadas decisões tomadas durante uma partida. Assim, a entrevista é um tipo textual diverso, que contribui ativamente na construção da opinião de leitores, mas também gera um resultado final positivo à produtos jornalísticos.

Guilherme pautou sua fala, com foco nas entrevistas dialogais. Essas se pontuam no diálogo entre jornalista e entrevistado, com foco no entrevistado, que usará esse espaço para declarar seus posicionamentos. A partir disso, surgem alguns pontos de curiosidade entre os alunos, envolvendo a forma como o jornalista deve se portar, ao entrevistar, por exemplo, um ídolo ou personalidade polêmica. O editor da GQ comenta sobre algumas experiências entrevistando pessoas que eram referência para ele, além de mencionar o equilíbrio mantido pelo profissional de comunicação durante a entrevista, o que se consolida após muito preparo. Assim, o palestrante elenca, dentro da obra de Thaís Oyama, citada anteriormente, os processos de antes, durante e depois da entrevista, como forma de desenvolvermos técnicas para criar bons diálogos e coletar boas respostas.

De início, o palestrante prepara os alunos discorrendo sobre os pontos de construção mais importantes no pré-entrevista, que são a leitura e construção de repertório, além da pesquisa detalhada, acerca do personagem entrevistado. Isso contribuirá para o sentido observador do jornalista, que será capaz de traduzir o comportamento desse personagem ao captar olhares e expressões. Partindo para o momento da entrevista, Guilherme o define como um jogo, cujo resultado não depende apenas do jornalista. O principal objetivo do comunicador, é desvendar seu entrevistado sem que ele perceba, por isso, a importância da pesquisa e leitura prévia sobre essa personalidade. Ainda com base na obra de Oyama, o editor finalizou com o pós-entrevista, onde será trabalhada a edição do material. Assim, é muito importante destacar a importância na escolha da ordem em que as perguntas aprecerão para o leitor e na criação de um lead marcante, que atrairão seu público à consumir do conteúdo.

Por último, Guilherme Henrique pontua a importância em manter uma relação de respeito com seus entrevistados, pois através disso e da produção de bons conteúdos, surge o reconhecimento pelo trabalho de um bom jornalista.

[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM.

[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM.

[3] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, Supervisor de estágios AICOM

[4] Professora e Coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM