Palestra da 12º Semana de Comunicação traz destaque à história das rádios no Brasil e recebe exposição de aparelhos de rádio e revistas que remontam à década de 1930
Por: Júlia Maria Toledo [1]
Revisor: Rafael Alves [2]
Supervisores: Prof. Wiliam Pianco [3] e Profa. Nicole Morihama [4]
O auditório Ulysses Guimarães, da FMU / FIAM FAAM, recebeu na última quarta-feira (26/10) o jornalista e radialista Pedro Serico Vaz Filho. Integrante do corpo docente da universidade, ele participou da 12º Semana de Comunicação, e compartilhou com os alunos seu conhecimento acerca do desenvolvimento das rádios no Brasil.
Com sua fala dinâmica, o professor, que é formado em jornalismo pela FIAM e possui um pós-doutorado em Comunicação pela ECA-USP, compartilhou com os alunos a evolução histórica dos veículos de rádio em nosso país, a partir da década de 1920. Destacando as personalidades que foram importantes durante esse processo, e comentando sobre a popularização das emissoras, ele pôde criar, por 40 minutos, um recorte da sociedade brasileira dos anos 20 e 30, além de analisar nossa organização social moderna e dissertar sobre a relação do rádio com a internet e meios de comunicação modernos.
Em conversa com a equipe da AICOM, Vaz Filho atribuiu a influência dos pais como fundamental na escolha de sua profissão: “Sempre gostei e ouvi muito rádio, mais do que televisão, pois meus pais sempre controlaram muito o que podíamos assistir na televisão. Além disso, em 1975, meu pai foi preso político por conta da ditadura, embora fosse militar do corpo de bombeiros. Apesar da censura, eu buscava me informar sobre aquilo através do rádio, mesmo que não falassem sobre tudo o que acontecia”.
O surgimento das rádios no Brasil e seus principais precursores
As transmissões sonoras surgem originalmente ao final do século XIX, mas é apenas em 1920 que se registra oficialmente o surgimento da rádio no Brasil. Mesmo assim, de acordo com o doutor em Comunicação, há registros de uma emissora de rádio inventada no Brasil em 1919, a Rádio Clube de Pernambuco, no nordeste do país. Assim, os brasileiros seriam um dos grandes pioneiros da comunicação sonora. De acordo com o professor, a primeira emissora de rádio registrada internacionalmente foi a KDKA, em Pittsburgh, Pensilvânia, EUA. Já em 1922, é feito um evento no Rio de Janeiro, então capital federal, para comemorar os 100 anos de independência do Brasil, com a instalação de uma estação de rádio no Morro do Corcovado, com o apoio da empresa Westinghouse e, com o objetivo de transmitir um discurso do presidente.
O radialista referenciou aos estudos de Padre Landell De Moura, que teria sido responsável por alcançar o grande feito de realizar a primeira transmissão sonora no Brasil, sendo considerado um pioneiro científico universal na área das comunicações. Infelizmente, ele não foi bem visto pela sociedade da época e acabou falecendo no esquecimento, pois não era aceitável misturar religião e ciência.
Além disso, pode-se ressaltar a breve história sobre a trajetória de Edgar Roquette-Pinto, que viria a ser uma das maiores referências em rádio da nação da época, como mencionou o professor Vaz FIlho. A segunda esposa de Roquette-Pinto se tornaria, ainda, uma voz extremamente conhecida; Noêmia Alvarez Salles foi uma das vozes da rádio que Edgar dirigiu, se tornando um símbolo de empoderamento e luta pelos direitos das mulheres em um período que dificultava ainda mais a ocupação das mulheres na imprensa e mercado de trabalho. O doutor em Comunicação também compartilhou um trecho da entrevista que fez com a filha de Roquete-Pinto e Noêmia. Nesse material, ela define o pai como “um socialista por natureza”, no contexto de que ele não se tornou um comunicador por dinheiro ou status, mas sim, com o intuito de prestar um serviço social, de informar e ajudar a educar o povo, além de ser um homem à frente do seu tempo.
O radialista é ainda, um colecionador de aparelhos de rádio, livros e revistas, se definindo como um “pesquisador e bastante apaixonado pela história da rádio e das comunicações em geral”. Assim, recebemos no auditório Ulysses Guimarães parte desse acervo que pertence ao professor, e também à Maria de Oliveira, que possui incontáveis peças. Tais coleções envolvem aparelhos de rádio, livros e revistas, sendo alguns praticamente centenários. É o caso de uma revista, com exemplar datado de 1923, e de um aparelho de rádio datado de 1934. Em conversa com Maria, ela contou à equipe da AICOM que seu desejo é utilizar as peças de sua coleção para montar um museu voltado à história de rádio, em São Paulo.
A palestra de Vaz Filho visou a comemoração dos 100 anos de rádio em nosso país, e para dar continuidade à homenagem, os alunos da FMU / FIAM FAAM, receberam calorosamente os jornalistas Heródoto Barbeiro, Fernando Vítolo e Nilo Frateschi Júnior. Compartilhando seus conhecimentos e respondendo perguntas dos estudantes, os autores debateram sobre o desenvolvimento do jornalismo através do metaverso e a ética jornalística através da isenção, e imparcialidade. A relação do jornalista com o meio publicitário também entrou para a pauta da discussão, e os convidados puderam introduzir aos alunos um pouco sobre o livro “100 Anos de Rádio no Brasil na Voz dos Campeões do Microfone”, escrito pelos três e lançado recentemente.
[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM.
[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM.
[3] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, Supervisor de estágios AICOM
[4] Professora e Coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM