Reportagem: Mariana Bheatriz dos Santos [1] e Rafael Alves dos Santos Guimarães [2]
Edição: Felipe da Costa Rico [3]
Supervisão: Prof. William Pianco [4] e Profa. Nicole Morihama [5]
Na manhã do dia 25/10, tivemos a ilustre presença da jornalista e especialista em Marketing, Michelle Carlos, para palestrar sobre inclusão e diversidade racial na publicidade. A palestra foi conduzida pela doutora, professora e jornalista Maria Lúcia da Silva e, durante a transmissão, tanto Michelle quanto Maria Lúcia interagiam com o público e responderam dúvidas, questionamentos e debateram sobre os diversos assuntos pautados. A palestra faz parte da 12° Semana de Comunicação do FMU | FIAMFAAM.
A primeira reflexão levantada na palestra foi para nos questionarmos sobre as últimas publicidades que vimos: Como as pessoas eram retratadas nelas? Havia diversidade nelas? Em qual proporção elas ocorriam? Se ocorrer, como elas se fazem presentes? Elas reproduzem algum estereótipo? Foram diversos questionamentos abordados e uma breve análise do cenário geral nos indica que: estamos passando por uma transição, no entanto, ainda há um embranquecimento, mas que vem diminuindo com o tempo.
Durante o debate, a convidada incitou a necessidade de entendermos por que falta diversidade preta na televisão e como podemos realizar essa observação. Temos que levar em conta a imagem passada na TV: “O que você está vendo te representa?”. Por muito tempo vimos que o retrato que era pintado da família brasileira era de uma família totalmente branca, o que não faz sentido se considerarmos que 54% da população brasileira é negra. Infelizmente, por muito tempo, a publicidade acabou reproduzindo e compartilhando esses preconceitos. Michelle diz para nós, futuros profissionais, “Tentar detectar estereótipos é mandatório para nós, que somos da comunicação. Como podemos quebrar essas questões de estereótipos e preconceitos?”, afirmou.
Na palestra, foram exibidas três propagandas que vêm quebrando estereótipos naturalmente. No comercial da empresa o Boticário, é mostrada uma família negra não conectada ao seu tema racial (sempre retratada anteriormente como uma família pobre ou com o homem negro sendo violento). Já a Dove mostra a realidade dura do pós-parto de uma forma bonita e poética, sem ser triste, apenas trazendo o real. Por fim, a propaganda da Natura quebra o padrão da família tradicional, mostrando pessoas fora do padrão e a não binaridade com várias mulheres LGBTQIA+. Obviamente, segundo Michelle e Maria Lúcia, essas mudanças ocorrem, pois, esse público não se sentia representado pelas marcas e pararam de consumir. Desse modo, é nítido que essas mudanças vão além da importância social, ainda focadas no marketing e valorizando o capitalismo.
Com essas observações do mercado publicitário em relação à sociedade atual, é fato afirmar que houve uma certa mudança para todas essas questões da agenda brasileira. A publicidade não está apenas representando marcas e pessoas,
como, também, está dialogando com a sociedade sobre as necessidades que vão além do nicho de consumo. Neste cenário, a reparação social e a histórica tornam-se um compromisso das empresas no Brasil e no mundo também. A criatividade não pode ser desassociada da nossa cultura.
A roda de conversa não ficou voltada somente ao nicho publicitário. Michele foi além ao mencionar a importância de profissionais negros em todos os âmbitos sociais e como grandes conquistas já aconteceram por conta das possibilidades. Um dos grandes exemplos foi na área da saúde, quando, em 2020, durante o auge da pandemia de COVID-19, a cientista negra brasileira, Jaqueline Goes de Jesus, foi a responsável por mapear o genoma do vírus que possibilitou a sua identificação de forma mais precisa. Além disso, o debate abordou outras questões, como a necessidade de dar-se voz as pessoas pretas e LGBTQIA+, para elas falarem muito mais do que apenas o racismo e o preconceito; para evitar que esse estigma permaneça e se torne um padrão único do qual essas pessoas se identifiquem. As palestrantes acreditam ainda que isso ainda ocorre porque, aqueles que possuem acesso ao conhecimento — pessoas brancas —, não aceitam compartilhar com os pretos, e mantém-se essa redundância dificultosa de destruir.
Ao final da palestra, Michelle Carlos convidou os alunos a consumirem mais conteúdos feitos por pessoas pretas, bem como buscarem informações sobre os temas abordados para haver maior debate. Apesar de difícil e cansativo, ela afirmou que a mudança depende de todos nós e que a publicidade nem sempre resolverá tudo sozinha; é necessário que as minorias usem suas vozes para ganhar espaço da produção de consumo e tornarem-se figuras de poder.
[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária da AICOM.
[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário da AICOM.
[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário da AICOM.
[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM.
[5] Professora do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisora de estágios AICOM.