A FMU / FIAMFAAM recebeu Amanda Romanelli Silva, editora assistente no UOL. A jornalista falou sobre sua experiência profissional como mulher no jornalismo esportivo
Por Thomaz H. Dionizio Mendes [1]
Edição de Rafael Alves [2]
Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [3] e Profa Nicole Morihama [4]
Durante o encontro, que faz parte da 12° Semana de Comunicação da FMU FIAMFAAM, Amanda Romanelli contou que seu amor pelo futebol surgiu durante a infância, por conta de seu avô. Junto com ele, assistiam aos jogos do Botafogo. Depois que se formou, ela contou que foi parar sem querer nos esportes olímpicos e se apaixonou pelo atletismo.
As mulheres nos esportes
Por ser também mestra em história, Amanda explicou que muito do preconceito que ainda persiste atualmente, se deve a fatos históricos relacionados à ciência. No final do SÉC XIX, a comunidade científica entendia que o corpo das mulheres não era adequado para grande parte dos esportes. Nessa época tivemos também o surgimento dos chamados jogos olímpicos modernos, mas como você deve imaginar as mulheres foram impedidas de participar de alguns esportes. Com o futebol não foi diferente. Para efeito de comparação, a primeira Copa do Mundo de futebol masculina aconteceu em 1930, enquanto a feminina só em 1991.
Brasil
Quando paramos para analisar a história com relação ao nosso país, é possível entender a origem de parte do preconceito que ainda perdura. O motivo? Durante a Era Vargas, a prática do futebol por mulheres foi proibida, pois não era adequado aos costumes que eram atrelados às mulheres na época. O tempo passou, mas ainda assim, durante a ditadura militar, a prática do esporte para elas continuou proibida.
Esse foi o principal contexto usado por Amanda para explicar porque as mulheres até hoje sofrem preconceitos quando estam atuando nessa área. Pelo tempo perdido, com as proibições, criou-se uma ideia de que o futebol não era para mulheres. Fosse no campo jogando ou atuando como jornalista.
Dito isso, ela enfatiza um ponto muito curioso, o preconceito que é visto no ambiente futebolístico nacional, é incomparavelmente menor nos esportes olímpicos.
Nos últimos jogos olímpicos de verão, o número de atletas mulheres e homens foi quase equivalente, mostrando que a sociedade como um todo, vem evoluindo com relação ao preconceito de gênero no esporte.
De acordo com Amanda, a Copa do Mundo feminina de 2019, que foi a primeira transmitida pela TV aberta, foi uma aposta da rede Globo. Aposta essa que deu muito certo, mostrando tanto para a mídia como para os espectadores que o futebol feminino é tão bom enquanto entretenimento, assim como o masculino. Desde então, o futebol feminino no Brasil claramente mudou de patamar. Seja na cobertura dos eventos ou na grandeza da modalidade.
Durante o bate-papo com os alunos, a palestrante disse que preconceito também aparece nas redações. Citou o próprio exemplo, onde sofria abuso psicológico por parte do chefe. Partindo das redações jornalísticas para a TV, ela comentou que por muito tempo houve uma “padronização” das mulheres que cobriam o setor de esportes, muito por conta de ideais machistas daqueles que controlam as grandes mídias. Junto a isso, ela acrescentou que até hoje só viu uma profissional mulher que era “chefe master” do setor esportivo.
Quando perguntada sobre as gerações futuras, ela respondeu que o único caminho para que tenhamos respeito com as profissionais da área, é a educação. Se desde cedo ensinarmos as crianças que todos são iguais e merecem esse respeito, qualquer ambiente profissional será melhor e mais adequado para as mulheres. Tudo é respeito e apenas com ele é possível prosperar enquanto sociedade.
[1] Estagiário de Jornalismo AICom
[2] Estagiário de Jornalismo AICom
[3] Supervisor de estágios de Jornalismo AICom
[4] Coordenadora do curso de Jornalismo FIAMFAAM