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Analfabetismo digital e democratização do uso da Internet

A tecnologia como aliada na formação e agregada ao ensino como ferramenta para adquirir conhecimentos.

Texto por Larissa Goes [1]

Revisão por Guilherme Augusto de Lima Faria [2]

Edição por Cláudia Lima de Oliveira [3]

Supervisão por Prof. Wiliam Pianco [4] Matéria originalmente produzida para a disciplina Jornalismo Digital em 2022.1

Estamos rodeados pela tecnologia, em nosso lares atualmente possuímos equipamentos e aparatos que são a prova de que estamos em meio a uma era digital e em constante atualização. Zygmund Bauman, sociólogo polonês, ressalta em seu livro “Modernidade Líquida” essa percepção de que com os ganhos de conhecimento e inovação através das gerações também perdemos o conceito de solidez em todas as áreas, de relações sociais até bens materiais que perdem a validade e saem de linha muito rapidamente.

Nessa constante atualização e modernização, nos deparamos com um cenário e entendemos que mesmo em meio às inovações, existem pessoas que não se adaptaram e incorporaram a versatilidade da tecnologia, pessoas que até estão conectadas, mas que não sabem como utilizar os benefícios da internet ou os equipamentos digitais, dessa forma acabam por ficar à margem.

Através de um breve diálogo com a Senhora Maria Giselia da Silva, mãe de família e doméstica há 16 anos, nos deparamos com um cenário desigual quanto ao conhecimento das ferramentas tecnológicas. “Nunca tive oportunidade para aprender, hoje em dia não sei mexer em redes sociais e nem nada de tecnologia, sempre tenho que pedir ajuda e favores”, relata Maria.

A entrevistada também conta que abandonou os estudos e cursou somente o ensino fundamental até a 5º série, e sente a ausência da formação nos dias de hoje. Quando questionada sobre a oportunidade de retomar os estudos, ela  afirma: “Às vezes eu penso em voltar a estudar, mas depois desisto e penso que não dá mais para mim.  Parece que não entra nada na minha cabeça e mesmo as pessoas me ajudando eu nem consigo mexer direito no meu celular, só sei o básico”.

Analisando este cenário, é possível traçar um comparativo entre as gerações. De um lado a que cresceu em meio às inovações tecnológicas e tem se adaptado às novas atualizações, cada vez mais constantes, como: redes sociais, canais digitais, além de novas formas e relações de trabalhos. Do outro lado, as gerações passadas, que são vistas por muitos como ultrapassadas e onde diversas pessoas se perderam em meio a este processo e acabaram não se adaptando, sendo excluídas do mundo digital.

Atualmente são 46 milhões de mulheres brasileiras sem acesso à internet, de acordo com a pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Centro Regional de Estudos para Desenvolvimento da Sociedade da Informação, o CETIC.

Muitas mulheres como a entrevistada acabam abandonando os estudos cedo por fatores externos e motivações familiares, embora as mulheres ocupem um espaço cada vez maior no mercado de trabalho, muitas ainda estão inseridas em um contexto doméstico e se encontram fora do mundo digital sem percepção e conhecimento do mesmo.

Tendo como base o analfabetismo digital e visando compreender melhor o contexto da importância da tecnologia e transformação nos métodos de ensino, traçamos um comparativo com a nova geração, cujo poder de alcance à informação e formas de aprendizado são maiores e diferenciado, conversamos com a Professora Regente Juliana Gomes Silva que leciona há 10 anos no Colégio Adventista de Americanópolis.

Durante o bate papo a  docente ressalta que na escola as crianças já utilizam computadores e tablets e compreende que o contato com esses materiais é importante para o aprendizado, pois evidencia que as crianças já nascem inseridas neste mundo tecnológico e por isso possuem mais facilidade no manuseio.

Quando questionada quanto à adaptação ao ensino remoto durante a pandemia do Covid- 19 a mesma afirma, “No início foi difícil, porque eu não estava acostumada com tanta tecnologia e também nem todas as crianças tinham acesso, apesar de ser uma escola particular”.

Quanto à democratização da internet, a Professora Juliana pensa que: “É importante, pois todos terão acesso à informação, porém ao mesmo tempo é algo que tem que ser muito bem pensado e planejado pois muitas informações falsas são espalhadas”.

De acordo com o TIC Kids Online Brasil 2019, cerca de 89% das crianças das crianças e adolescentes são usuários de internet, sendo este um percentual em crescimento. A pesquisa também demonstra que o aparelho celular tem alcançado as diferentes classes sociais e se sobressai quanto ao aparato cuja maior parte da população utiliza para conexão com a internet.

Com a constante atualização do mundo digital é necessária capacitação para atender melhor às necessidades da sociedade, desta forma a adaptação ao uso da tecnologia é inserida desde cedo na infância, formando futuros cidadãos com conhecimentos diversos, pois a rede de alcance se torna muito mais ampla a partir do uso das ferramentas digitais.

Entendemos através destes relatos que existe a necessidade de um ensino e capacitação mais completa visando abordagem e dinâmica do panorama atual em que estamos inseridos, às escolas públicas em sua grande maioria possuem computadores e projetos visando aprendizados.

No dia 02/06/ foi aprovado pelo Plenário do Senado Federal a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 47/2021, sendo esta referente a um acréscimo ao artigo 5º da Constituição Federal, a qual prevê a inclusão digital como um direito fundamental de todos os cidadãos. A proposta prevê a promoção de políticas que viabilizem a ampliação do acesso à internet em todo o território nacional.

De acordo com o Ministro da Comunicação Fábio Faria, “Com as ações desenvolvidas pelo Governo Federal, milhões de brasileiros já saíram do deserto digital. Mas no contexto de rápida evolução das tecnologias de informação e comunicação, o desafio é ainda maior”.

Além da necessidade de inclusão digital é importante salientar que o conflito

de conhecimentos entre gerações existe, e é necessária uma mobilização para que haja inclusão e direcionamento visando uma melhoria geral no panorama de analfabetismo digital.

Uma frase pequena e de peso que resume universalmente nossa sociedade foi dia e repercutida pelo saudoso Steve Jobs,  co-fundador, ex-presidente e ex-diretor executivo da Apple Inc: “A tecnologia move o mundo”.

[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM.

[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM.

[3] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM.

[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM.