Um olhar sobre o crescimento e propagação das mídias alternativas no cenário do jornalismo esportivo brasileiro
Por: Beatriz Costa Rodriguez [1],
Fabricio Maia de Oliveira [2]
Luana Durães Oliver [3]
Thomaz Henrique Dionizio Mendes [4]
Supervisor: Prof. Wiliam Pianco [5]
Matéria escrita para a disciplina de jornalismo digital
Quando se fala sobre jornalismo esportivo no Brasil, sempre associamos essa forma de jornalismo às transmissões ao vivo e programas tradicionais de futebol e outros esportes que são transmitidos em emissoras de TV e rádio, que sempre seguem o mesmo modelo e linguagem.
Buscando se distanciar do modelo e linguagem das mídias tradicionais, as alternativas vêm ganhando muito espaço no cenário do jornalismo esportivo brasileiro nos últimos anos, seja por conta da facilidade de acesso, avanço da tecnologia ou pela pluralidade de pensamentos e ideias.
Crescimento das mídias alternativas
Para entendermos a propagação desse cenário no jornalismo brasileiro, fizemos uma breve pesquisa utilizando o recurso de formulários do Google e divulgamos através das redes sociais. A pesquisa contou com 102 respostas, em sua maioria concentradas na região Sudeste. Embora essa amostra não reflita 100% da realidade, ela demonstra as preferências dos jovens com relação ao cenário atual da cobertura esportiva e suas transmissões de acordo com o grupo pesquisado.
Outro grande exemplo desse crescimento é o fato de termos jornalistas consagrados nas grandes mídias, migrando para esses novos canais jornalísticos, como é o caso de André Hernan, que acabou deixando sua carreira na Rede Globo para criar seu próprio canal no YouTube.
O jornalista Tiago Leifert é um outro exemplo da adesão das mídias digitais na cobertura jornalística, que ao finalizar seu contrato com a Globo ele participou da transmissão do Paulistão pelo YouTube.
Além dos canais do YouTube, o streaming de transmissões de futebol marca uma nova etapa nas coberturas de jornalismo esportivo.
Quando falamos em assistir a jogos, geralmente alguns canais logo vêm em mente como Globo,SportV,ESPN e Band são os mais comuns onde mais rotineiramente sintonizamos para assistir às transmissões de futebol. Porém, principalmente em 2022, novas plataformas são detentoras dos direitos de transmissão de diversos jogos e campeonatos, de forma exclusiva, como vemos na imagem a seguir:
Conversamos um pouco com Leticia Denadai, comentarista para a Federação Paulista de Futebol sobre esse novo jeito de fazer uma cobertura esportiva.
A jornalista afirma que a cobertura diferenciada e a diversidade de assuntos é o grande diferencial das mídias alternativas.
“Olha, as mídias digitais têm grande chance de tomar o lugar das mídias tradicionais. Hoje, nós conseguimos ver muitas pessoas que preferem se informar na internet do que em programas televisivos e jornais. Porém, ainda não são todos os lugares que têm a credibilidade que as mídias tradicionais têm. Acho que pode acontecer sim, mas com as duas coexistindo”, afirma Letícia. Na pesquisa realizada pelo Google Forms analisamos que as mídias alternativas apresentam projeções de crescimento, mas que por conta da divisão de direitos de transmissões podemos entender que os torcedores estão tendo que se dividir entre os meios tradicionais e alternativos para conseguirem acompanhar cada campeonato.
Pirataria
A grande divisão de direitos de transmissões fez com que os torcedores tenham que assinar mais de um serviço para ter acesso aos jogos, consequentemente essas pessoas acabam gastando mais dinheiro para acompanhar seu time do coração.
Como o futebol é um esporte popular, não são todos que possuem recursos para ter a assinatura de mais de uma plataforma de streaming, o que leva a utilização de meios piratas de transmissão.
Valquiria Monteiro, cronista do site “Bendito Seja o Futebol”, afirma que a criação de “conteúdos premium”, acaba por restringir o acesso das pessoas às transmissões de Futebol.
“Eu vejo que em um futuro próximo teremos o conteúdo “premium” que é pago nas mídias tradicionais, migrando também para as mídias alternativas, isso vai restringir um pouco o grande público, fazendo com que as pessoas procurem transmissões piratas. Isso deixa as mídias alternativas um pouco “elitizadas”, relata Valquiria.
Podcast
Os podcasts são outro exemplo de mídias alternativas que está em alta entre os amantes de esportes. Com uma linguagem descontraída, mas sem deixar de lado a análise e o conteúdo de qualidade, o formato apresenta discussões relevantes e que consegue se aprofundar em questões que vão além do noticiário comum de esportes como falar sobre um determinado time ou atleta.
Com um formato de conteúdo em áudio tem ganhado cada vez mais espaço no mercado global e, especialmente, nos fones de ouvido dos brasileiros, que não só passaram a consumir podcasts como aderiram os seus títulos favoritos assim como costumamos fazer com programas de TV.
O Brasil é o terceiro país que mais consome podcast no mundo,segundo uma pesquisa realizada pela plataforma Cupom Válido.com.br, com dados da Statista e Ibope. Além de que o estilo mais assistido é o mesacast que um entrevistador recebe um convidado para um bate-papo bem dinâmico.
Novo caminho
Logo o audiovisual é uma área que sempre está em constante mudança, se adequando a chegada de novas transformações condicionadas pela tecnologia. Com isso, a cobertura jornalística esportiva está indo para mídias alternativas para encontrar novos espaços e públicos por meio da produção de conteúdos diferenciados , que eles não têm oportunidade de falar e se aprofundar no dia a dia do hardnews dos telejornais.
Além disso, a briga por direitos de transmissão nos novos e convencionais meios provoca uma divisão não só entre os campeonatos, mas também dos consumidores que precisam consumir dos dois meios para acompanharem seus times torcedores.
[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM , repórter
[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, editor
[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, revisor
[4] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, repórter
[5] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM