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A esperança vem do jogo

As dificuldades dos jovens jogadores para a realização do sonho de ser um jogador de futebol

Por: Beatriz Costa Rodriguez   [1]

                                                                                  Fabricio Maia de Oliveira [2]

                                                                            Luana Durães Oliver  [3]

                                                             Thomaz Henrique Dionizio Mendes  [4]

                                                           Supervisor: Prof. Wiliam Pianco [5]

Matéria escrita para a disciplina de jornalismo digital

“Bola na trave não altera o placar

Bola na área sem ninguém pra cabecear

Bola na rede pra fazer o gol

Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?”

Este trecho da música “É uma partida de futebol” foi produzida em 1996 pelo grupo de rock brasileiro Skank, que sempre realça a grande identificação dos brasileiros com o futebol.


O sonho de ser um jogador de futebol e a paixão de assistir ou praticar o esporte são fatores que estão enraizados dentro de muitas pessoas no Brasil, desde a camada mais alta até a mais baixa da sociedade. Muita gente “não consegue viver” sem o futebol e poucas pessoas sabem o quão é difícil conseguir realizar esse sonho, pois desde jovem as oportunidades são poucas, as regalias não existem e o esforço deve ser máximo.

No Brasil muitos jovens, principalmente os de baixa renda, enxergam o futebol como um meio de ascensão social. Mas com uma  iniciação precoce na carreira esportiva, desde cedo eles têm que lidar com muita pressão a sua volta, sejam elas externas dos técnicos, participantes, torcida e da família ou cobranças internas, sendo ambas frutos de grandes expectativas projetadas nos jogadores.

As dificuldades encontradas por um atleta  de base envolvem desde a pressão pelos resultados até os sacrifícios da rotina de treinos e  competições, que levam a uma vida com muitas restrições para tentar alcançar o sonho de ser um jogador de sucesso.

Não é de hoje que os  jovens assumem responsabilidades dentro das quatro linhas e carregam o peso de muitas vezes serem os craques de seus times. Edson Arantes do Nascimento, o  Pelé, com apenas 17 anos, já estava jogando uma Copa do Mundo, mesmo exemplo de Ronaldo Fenômeno que disputou sua primeira copa com só 18 anos. Falando assim parece até bonito, mas a verdade é que no futebol profissional a cobrança psicológica  é muito alta em  uma pessoa que muitas vezes não sabe lidar com isso de uma maneira saudável.

Conversamos com alguns jogadores da categoria SUB-20 do Esporte Clube Taubaté, Estevão Araujo, João Sandi e Victor Hugo Sousa de 20, 20 e 17 anos respectivamente. Eles nos contaram como lidam com essas questões e como isso os afeta.  

Você acredita que muitas vezes a esperança da família em você, jogador tão novo, se torna uma pressão psicológica?

Estevão Araújo: Gera sim, a gente fica pensando muito sobre isso, em tentar realizar os desejos das nossas famílias, em ajudá-los. Mas com a maturidade aprendemos a lidar melhor com isso.

João Sandi: Pelo contrário, a esperança da minha família em mim é um fator motivador, me dá forças para correr atrás do meu objetivo.

Victor Hugo Sousa: Não, pois minha família me apoia em tudo e eles sabem que muitas das vezes esse pode ser um processo demorado de acontecer

Caso aconteça, de você não ter sucesso na carreira, acredita que a pressão foi um dos fatores decisivos para que você não conseguisse desempenhar o seu melhor?

E: Acho que se por acaso acontecer, esse não é o motivo. Isso eu já superei, se de fato não der certo acredito que será por outros motivos.

V: Não, pois tem vários aspectos e na minha opinião a pressão é natural. Em tudo que você vá fazer tem a pressão, e é só mais um ponto na carreira de qualquer jogador e em qualquer profissão.

J: Não, se isso acontecer, creio que será por outro motivo.

Você tem um plano B, se o futebol não der certo?

E: Eu pretendo fazer faculdade, ainda não sei qual curso. Se não der certo no futebol, quero construir uma carreira e uma vida de estudos.

J: Não, porque não quero estar dividido. Então me entrego 100% ao plano A.

Como você se sente sabendo que teve que sacrificar sua juventude para que desse certo no futebol?

E: Sem dúvida é uma juventude muito diferente. De não sair com amigos ou família por causa de treino ou de jogo. Mas é isso que todo jogador tem que fazer se quiser fazer dar certo.

J: Me sinto bem, porque amo o que faço e sei que isso é necessário para que tudo dê certo no futuro.

V: Sinto que é uma escolha que eu tive que fazer pra conseguir chegar onde eu quero. Então me sinto bem, mas tem alguns momentos que pesa, quando se vê todo mundo tendo a juventude e eu não, mas no final valerá a pena.

Sobre essas questões, conversamos com a psicóloga Fernanda Schweitzer, que atua no Avaí Futebol Clube e ela nos explicou alguns pontos.

Qual é a importância do trabalho do psicólogo esportivo na rotina dos atletas?

O trabalho do psicólogo esportivo é importante na rotina dos atletas na medida em que auxilia o atleta a compreender melhor como os fatores psicológicos influenciam o seu desempenho e compreender também, como a prática esportiva repercute em seu comportamento e em suas emoções.

Por conta da pressão, atletas jovens podem desenvolver algum tipo de problema psicológico. Para que isso não ocorra, se faz necessário trabalhar a parte psicológica desde cedo de qual forma?

Trabalhar os aspectos psicológicos em atletas jovens se faz necessário, uma vez que este indivíduo está em fase de desenvolvimento físico e emocional e estará exposto a situações desafiadoras em seu dia a dia esportivo. Nestes casos, trabalha-se de forma preventiva, com psicoeducação, reflexões que geram autoconhecimento, expectativas em relação ao esporte, o estabelecimento de metas … Além disso, o foco de intervenção também deve contemplar a comissão técnica e a família, visto que estes meios também podem influenciar nesta “pressão” sentida pelo atleta.

Os jogadores que crescem vendo um futuro apenas no futebol, correm o risco de se frustrarem ?

Em alguns casos, o atleta pode até adoecer, por acreditar que é incapaz de desenvolver quaisquer atividades.Por isso, o trabalho do psicólogo também visa auxiliar esse atleta a traçar outras possibilidades em paralelo à busca desse futuro no futebol, contemplando não só a prática esportiva, mas também os estudos que abrirão outras áreas de atuação.

Quais são os métodos mais adequados para se trabalhar com atletas jovens?

A Psicologia do esporte utiliza recursos de atendimentos personalizados para cada  indivíduo e grupos, levando em consideração,nível da modalidade, faixa etária e o tamanho da carga de treino,aplicando uma metodologia em sessões e  dinâmicas.

Como se prepara um jovem para que ele saiba aguentar as pressões de ser um atleta de alto rendimento?

O trabalho de preparação inicia muito antes de uma competição, de uma partida. É um processo contínuo! O acompanhamento psicológico deste atleta, permite observar sua rotina e junto com ele propor o treinamento de habilidades psicológicas. Através de técnicas de respiração, relaxamento, estabelecimento de metas, diálogo interno positivo, entre outras


Diante desse cenário, fica claro que não é fácil ser um atleta profissional, principalmente quando se é jovem. Além da cobrança por resultados esportivos a parte psicológica também deve ser levada a sério, caso contrário as consequências podem ser graves. Por isso, a FIFA (Federação Internacional de Futebol) decidiu dar mais atenção para os problemas relacionados ao psicológico dos atletas.

Após toda repercussão do caso Simone Biles, a ginasta norte-americana, teve de se afastar de quatro finais em Tóquio por conta de problemas emocionais. A FIFA em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS), lançou a  campanha #Reach Out, para estimular os jogadores de futebol, principalmente os que estão nas categorias de base, a procurar ajuda quando necessário.

De acordo com a entidade, metade dos problemas de saúde mental, considerando a população em geral, aparece perto dos 14 anos. O estudo só reforça a importância das entidades esportivas investirem em equipes preparadas para lidar com o emocional dos atletas, sobretudo os mais novos.

A cada dia vemos como os problemas psicológicos podem nos afetar no dia a dia.

Unido com a busca pelos sonhos os atletas precisam de auxílio psicológico, é motivador saber que os clubes estão se empenhando cada vez mais para ajudar os jovens jogadores a trilharam o tão sonhado caminho no futebol, mantendo não só a saúde física em dia mas a mental também.

[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM , repórter

[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, editor

[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, revisor

[4] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, repórter

[5] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM