cidades inteligentes

As cidades inteligentes e seus processos de inovação

Soluções implementadas vão de eficiência energética à tecnologia inclusiva

Texto por Maria dos Santos [1] e Rosilene Almeida [2]

Arte por Edivaldo Carvalho [3]

Edição por Beatriz Quintas [4]

Supervisão por Prof. Wiliam Pianco [5]

Matéria originalmente produzida para a disciplina Jornalismo Digital em 2022.1

Apesar das dificuldades encontradas em sua implementação no dia a dia, os avanços tecnológicos seguem proporcionando vários benefícios para a sociedade, permitindo maior facilidade no gerenciamento de seus processos administrativos. A partir deste pretexto, foi criado o conceito de cidades inteligentes, que abrange desde práticas sustentáveis à eficiência da mobilidade urbana.

Pela enorme quantidade de municípios existentes no Brasil – aproximadamente 5.570, a contabilização de seus níveis de inteligência se torna uma tarefa difícil, mas é possível identificar um padrão. De modo geral, algumas regiões metropolitanas estão se abrindo a novas formas de planejamento, diferindo do ritmo mais lento de adaptação visto no interior.

Para o advogado especializado em tecnologia da informação pela PUC, André Dias, a adoção de inovações é complexa e exige um debate sobre mudanças pontuais. “Não existe um modelo único de smart city que atenda a todas as cidades. As ideias precisam gerar soluções adaptadas para problemas específicos, levando em consideração o número de habitantes, os artifícios mais adequados, sem falar nas estratégias que consigam garantir o sucesso das ações.”

São Paulo ganha destaque em iniciativas

Em 2021, São Paulo ficou em primeiro lugar no ranking geral do Connected Smart Cities, que mapeia cidades com maior potencial de desenvolvimento em quesitos como inteligência, conexão e sustentabilidade. Uma das possíveis justificativas da classificação é o fato de a capital ter sido pioneira ao inserir o bilhete eletrônico no transporte público, que permite o pagamento via pix, e também a implantação de semáforos inteligentes, buscando um trânsito mais fluido.


Dentre os quesitos do ranking em que a cidade melhor se colocou, destacam-se a mobilidade (Ilustrações: Reprodução/Freepik)

“O Estado já aposta no uso das tecnologias para otimizar recursos, principalmente no setor de mobilidade, acessibilidade e governança. Um dos grandes desafios é justamente este primeiro, tendo o investimento massivo em dados e impactando positivamente na vida de milhares de cidadãos que transitam pelas regiões diariamente”, reforça André.

Com a necessidade de isolamento social imposta pela propagação da covid-19, serviços públicos também passaram a compor os planos de integração das cidades inteligentes. Entre eles está a emissão digital de documentos, como o título de eleitor.

Segundo Eliana Passarelli, coordenadora de comunicação do TRE-SP, o fácil acesso a esses procedimentos tem estimulado a participação da população no mundo político. “As pessoas sempre deixam para resolver essas pendências na última hora, então aquelas filas enormes realmente as desestimulavam, mas a chegada da informatização mudou esse cenário”.

Principalmente para os jovens, lidar com tais burocracias se tornou mais prático, sendo a internet sua aliada em diversos aspectos. Pensando nas possibilidades que esse fortalecimento pode garantir, a estudante Giovana Calestini, 23, espera poder construir um futuro melhor: “Acho que conseguimos nos conectar com o mundo num geral e extrair conhecimento de muitas culturas.”

Prevista para a próxima segunda-feira (23), uma votação da Câmara Municipal de São Paulo ainda deve definir o relatório final da Comissão de Estudos para a Criação de um Plano de Cidade Inteligente (Smart City). Em andamento desde novembro, foram analisadas contribuições de projetos tecnológicos com o objetivo de planejar o crescimento econômico da capital paulista e o desenvolvimento urbano.

Aspectos a serem avaliados

Mesmo com todos esses avanços, um grupo ainda se sente deslocado ao falar sobre o tema. Desenvolvida pelo Sesc, em parceria com a Fundação Perseu, uma pesquisa aponta que idosos enfrentam dificuldades ao tentarem fazer parte dessa nova realidade.




Idosos no Brasil II” aponta falhas na inclusão etária em ambientes virtuais (Ilustração: Reprodução/Freepik)

Segundo o aposentado Antônio Delmivar, 74, nem sempre ele se sente incluído no meio digital. “Às vezes, buscamos nos esforçar para entender e aprender a lidar com os obstáculos tecnológicos, mas não é o bastante. Afinal, as interfaces não costumam ser amigáveis conosco”, explica.

A fim de reverter a percepção dessas faixas etárias, algumas cidades como Barcelona e Cidade do México centralizaram recursos na inclusão, capacitando idosos a acessarem soluções inteligentes. Logo, eles puderam adquirir habilidades em informática e novas tecnologias presentes no mundo.

Os resultados positivos aumentam a confiança, evidenciando que ao invés de definir quais entes federativos devem ou não ser considerados inteligentes, é mais construtivo pensar nas atividades e fatores que podem adequá-los a essa característica. Assim, proporcionam a eficiência político-econômica, fortalecendo o desenvolvimento humano e social, com qualidade de vida para os cidadãos.

[1] Aluna de curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM

[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM

[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM

[4] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM

[5] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM