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A mulher negra no telejornalismo

Texto por Analice Lima [1]

Revisão por Guilherme Augusto de Lima Faria [2]

Edição por Cláudia Lima de Oliveira [3]

Supervisão por Prof. Wiliam Pianco [4] e Profa. Nicole Morihama [5]

Na noite de terça-feira, 26 de abril, dando continuidade na Semana Acadêmica de Jornalismo em comemoração aos 50 anos do Centro Universitário FIAM-FAAM, contamos com a presença da aluna egressa, jornalista e escritora, Joyce Ribeiro, que abordou um tema de grande representatividade em nossa sociedade “A mulher negra no telejornalismo”.

O encontro foi mediado pela docente Maria Lucia da Silva, com o apoio do também docente Gean Gonçalves. Atualmente Joyce atua como apresentadora na TV Cultura, cargo que ocupa desde abril de 2018. A palestrante nos contou um pouco sobre sua trajetória desde o ingresso na Universidade, até as vivências atuais.

Formada em Jornalismo pela FIAM-FAAM em 2000, Joyce relembra com carinho a experiência, dedicação e laços criados durante esse período. Em sua adolescência, sempre teve a intenção e o desejo de ser Jornalista, sonhando em atuar no Telejornalismo. Entretanto, com base no tema principal da palestra, sempre teve receio de seguir a carreira, mediante a incerteza do que ela poderia encontrar pelo caminho, sendo ela uma profissional mulher negra no mercado.

Sua carreira no telejornalismo, atuando como apresentadora e repórter, teve inicio na Rede Record, onde atuou por 2 anos e 7 meses. Logo após essa experiência, Joyce migrou para o SBT, onde permaneceu por quase 12 anos. Atualmente é apresentadora da TV Cultura, e se encontra na emissora a 4 anos. A Jornalista destaca sua experiência como mediadora no debate eleitoral de 2018, realizado na TV Aparecida, que lhe agregou uma vivência expressiva, além da representação de todas as abordagens em comparação ao cenário político vivido neste ano.

Joyce relata a importância da mulher negra no telejornalismo e seu papel na sociedade, trazendo algumas referências de colegas de trabalho que apesar de ainda serem poucas, já se tornaram e tem agregado um diferencial muito significativo na área.

O papel da mulher negra na imprensa hoje, se representa através da insistência, a luta para conquistar o espaço de mulheres negras e estar em cargos de liderança nas redações, nas emissoras e em qualquer outra profissão. Apesar das mudanças e avanços constantes, ainda existe a luta pelo respeito. “A insistência é a nossa militância também, querer continuar, acreditar que pode continuar e buscar formas de continuar”, afirma Joyce.

Durante suas falas, a palestrante trouxe alguns dados da pesquisa de perfil racial na imprensa brasileira, onde 55% das mulheres entrevistadas afirmam que já sofreram racismo e somente 15% negam esta situação. Ainda existe um incômodo sobre a mulher negra estar presente e ocupar espaços de notoriedade, pois o olhar sobre elas é crítico e muitas vezes retratam descredibilidade.

A jornalista cita algumas mudanças positivas vistas atualmente, que quebram as cobranças pelo padrão de beleza, principalmente na televisão que é construída à base de imagem. A palestrante percebe a transformação e valorização da beleza negra nos dias atuais, além do posicionamento das novas gerações, onde jovens afirmam suas escolhas e batem de frente com esses padrões e olhares pré-estabelecidos pela sociedade, e entende que estas ações trazem a esperança aos profissionais que estão se formando.

Além de apresentadora, Joyce é escritora e falou um pouco sobre seu livro “Chica da Silva – Romance de uma vida”, e ressaltou a experiência de levar esse livro a alguns países de língua portuguesa, principalmente os africanos. Seu livro representa a importância da história de Chica da Silva, uma mulher de coragem, que lutou para que as suas 9 filhas pudessem estudar em uma época onde as mulheres não tinham esse direito, uma figura muito importante para as mulheres negras.

A diversidade nas redações, presença e inclusão de pessoas negras em todas as variadas profissões é um debate presente, mas os espaços mais expressivos atuais são conquistados por meio de lutas de pessoas de gerações anteriores que abriram os caminhos e possibilidades para que houvesse esta inclusão nos dias de hoje.

Em uma palestra rica e repleta de emoção e memórias, além de ressaltar lutas, representatividade e estimativas de objetivos a serem alcançados, Joyce Ribeiro deixa um recado importante aos alunos da FIAM: “Insistência, haverão momentos complicados e momentos de desânimo, mas é a insistência que vai levar vocês a trilharem carreiras incríveis”.

[1] Aluno de curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM

[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM

[3] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM

[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM

[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas Jornalismo FMU/FIAM-FAAM