Evento promovido pelo MPT RJ e UFBA conta com a presença da professora Maria Lucia da Silva, responsável pelo Núcleo de Estudos Étnicos-Raciais (NERA)
Por Anny Caroline e Matheus Vilas Bôas[1]
Edição por Gabriel H. A. Campagnoli [2]
Revisão por Barbara da Silva Paula [3]
Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Profa. Nicole Morihama [5]
O evento trouxe como tema “Docentes Negras na Universidade: Excelência e Resistência”. E ocorreu no dia 23 de março de 2022, quarta-feira, às 14 horas, com transmissão ao vivo na página do Facebook e no YouTube do MPT RJ (Ministério Público do Trabalho) e da UFBA (Universidade Federal da Bahia), em parceria do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola). A palestra foi dirigida pela professora Dra. Elisabete Pinto, com a participação das doutoras Eunice Prudente, Sonia Guimarães, Myrt Cruz e Maria Lucia da Silva.
O tema do encontro concentrou-se em duas importantes datas: 8 de março (Dia das Mulheres) e dia 21 de março (Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial), debatendo sobre a interseccionalidade no espaço universitário, incluindo a presença de Igor Pires, intérprete de libras.
“A quantidade de professores negros em universidades federais cresceu 60%, desde que a lei de cotas para concursos públicos foi aprovada em 2014.Com isso, a participação de docentes pretos e pardos, no quadro total de mestres e doutores, passou de 11,7% para 15,8%, entre aquele ano e 2019. Se o ritmo de crescimento no período for mantido, tanto para docentes negros quanto para o total de professores, eles serão de 50% apenas em 2038. No entanto, a dificuldade é que a lei encerra a sua vigência em 2024”, afirma a Dra. Elisabete Pinto, prosseguindo com diversos dados ao iniciar a palestra.
Após a introdução, a palestra seguiu com a apresentação das doutoras contando cada uma sua história particular. Eunice Aparecida de Jesus Prudente, que possui graduação em Direito, pós-graduação, mestrado e doutorado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, declarou que no tempo em que fazia seu doutorado, o Brasil não considerava a discriminação racial um crime, mesmo sendo uma lei penal em diversos países.
Sonia Guimarães, física e professora do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, foi a primeira mulher negra brasileira doutora em Física a lecionar no ITA, tendo ingressado em 1993, quando a instituição ainda não aceitava mulheres como estudantes. Assim ela conta a dificuldade diária por conta da censura frequente: “Mas esta é a minha vida por estar em uma instituição de ambiente branco, do gênero masculino e militar, eu não podia ter escolhido pior lugar”, relata.
Myrt Cruz possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, mestrado em Psicologia e doutorado em Ciências Sociais, atua como psicóloga clínica e organizacional e também ministra disciplinas no MBA de Marketing na PUC-SP. Por estar dentro do ambiente universitário, expõe a dificuldade de permanência dos estudantes pobres, indígenas e pretos em uma faculdade, tendo que optar entre o financeiro e o acadêmico, e por esse motivo muitos decidem trabalhar.
Maria Lucia da Silva é professora, doutora em Educação, mestre em Comunicação e Semiótica com graduação em Comunicação Social/Jornalismo, jornalista e professora da Escola de Comunicação do Centro Universitário FIAM FAAM e coordenadora do Núcleo de Estudos Étnico-raciais da mesma instituição. Ela narra a sua experiência diante do surgimento de variadas possibilidades de inclusão no ensino superior, vendo o crescimento de estudantes negros nos corredores das faculdades, o que não acontecia em sua época, percebendo dessa forma a diferença dos temas de Trabalhos de Conclusões de Curso também.
A palestra contou com a participação de mulheres de destaque, que vivenciaram diversas experiências únicas. Elas elencaram vários temas raciais com suas pesquisas acadêmicas e vivências individuais. Mesmo assim, durante a live tinham apenas nove espectadores simultâneos, exaltando a necessidade de uma maior divulgação sobre este tema, tão importante e ainda reprimido, mesmo em tempos contemporâneos.
[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – repórter
[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – editor
[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – revisor
[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM