O polêmico e controverso seriado “South Park” foi o tema da defesa de mestrado do professor Érico Oliveira
Por Gabriel H. A. Campagnoli [1]
Edição por Gabriel H. A. Campagnoli [2]
Revisão por Barbara da Silva Paula [3]
Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Prof. Nicole Morihama [5]
Pouco mais de 26 anos atrás foi lançado nos EUA o seriado South Park. Uma animação controversa e polêmica devido aos sensíveis assuntos que os episódios do desenho abordam. Em 2012, o professor Érico Oliveira, em seu mestrado, escolheu estudar e pesquisar alguns aspectos únicos do seriado; e em 2021 sua dissertação serviu como base para o lançamento do seu livro “Eles matam celebridades: A (des)construção das celebridades na série de TV South Park“.
O professor Érico, atualmente, ministra aulas no curso de Design, Artes Visuais, Moda e Comunicação no Centro Universitário FMU | FIAM FAAM. Antes de lecionar na universidade, Érico atuou como Designer e produtor gráfico durante 15 anos e, durante sua carreira profissional, decidiu voltar a estudar e deu início ao seu mestrado, em 2010, que foi finalizado em 2012 pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Antes de escolher o seriado como base de estudo, o professor estudava celebridades, que eram o seu foco principal como pesquisador. “A escolha do South Park é secundária. Quando eu fui começar o mestrado, eu queria estudar celebridades. Queria estudar essa concepção contemporânea que a gente faz, principalmente num sentido que eu já via mudança neste estatuto célebre a partir das redes sociais. Ali já começava a autoconstrução”, afirma Oliveira.
A internet hoje facilitou o caminho para aqueles que almejam se tornarem famosos de alguma maneira. Segundo o professor, essa facilidade criou celebridades de nichos, que são os digitais influencers e que são construídos fora dos agendamentos midiáticos. “Podemos até citar que essas pessoas são celebridades que a mídia não queria, por exemplo o Jovem Nerd, a Kefera, o Whinderson Nunes e outros grandes nomes que conseguiram furar esse esquema da grande mídia e se construir como relevante para um nicho específico.”
O docente, quando começou o mestrado, chegou a um tema de pesquisa muito amplo, tinha noção que o foco da sua pesquisa seria celebridades, porém não havia ainda encontrado o recorte ideal para poder estudá-las. “Meu orientador pediu para diminuir meu tema, pois estava muito longo. Até que um dia, em uma roda de amigos, apresentei a ideia de trabalhar com o South Park e foi super aceita, inclusive pelo orientador”, disse o professor sobre sua dissertação que futuramente daria inspiração para seu livro.
Começando pelo Título, “Eles Matam Celebridades: A (des)construção das celebridades na Série de TV South Park”, já há um trocadilho e uma ligação com a série, pois durante as seis primeiras temporadas, em todos os episódios, a série “mata” o personagem Kenny. “O Kenny é um personagem que morre em todos os episódios das seis primeiras temporadas e toda vez que ele morre, eles falam ’Óh meu Deus, eles mataram o Kenny’, aí estava o trocadilho, pois eu estava estudando como as celebridades são abordadas na série”, afirma o professor.
Mesmo com todas as polêmicas e controvérsias da série, para o professor é isso que explica sua longevidade que já dura mais de 26 anos: “Esse [polêmicas] é um dos motivos que explica essa longa duração da série. O South Park tem uma característica que outras séries não tem. O cronograma de produção deles é muito rápido. É estabelecido uma agenda de seis dias, ou seja, a reunião de pauta acontece e depois de seis dias o episódio vai ao ar.”
Esse curto espaço de tempo entre a reunião de pauta de um episódio para o seu lançamento é o que explica o porquê de o seriado estar envolvido em diversas discussões na sociedade. “O evento acontece (por exemplo, as eleições do Trump nos EUA, foi uma temporada exclusiva para isso), e depois de seis dias já tem um episódio falando do que aconteceu. Os diretores não deixam o assunto envelhecer. Em outras séries do mesmo nicho, por exemplo, Os Simpsons, o intervalo da produção e para o lançamento é de seis meses, no mínimo.”, explica o professor sobre o motivo de a série ter sido e ser até hoje centro de algumas discussões na sociedade. “É uma sucessão de escândalos e polêmicas midiáticas que acontecem o tempo todo, que tudo fica muito velho. Você assistir algo depois de seis meses que aconteceu, mesmo que venha narrativizado num produto, já não tem o mesmo impacto”, continua o docente.
Difícil encontrar quem enxergue South Park como um obra de arte, ou que tenha uma relevância para a sociedade. Para o escritor, existem poucas produções que tocam em assuntos espinhosos e nada simples como South Park aborda e garante um espaço para o debate. “Muitas vezes, por não se ver a discussão se aprofundar, acaba ficando uma discussão partidária de certo e errado, que na maioria das vezes nem cabe na complexidade da vida, porque a vida não é certo e errado.”
Questionado sobre o intervalo de tempo entre o fim do mestrado e o lançamento do livro, o professor informou que se tivesse lançado o livro lá em 2012, talvez não teria o mesmo boom que teve em lançar em 2021. “Por mais que o livro não seja a dissertação do mestrado, o grosso vem de lá. Quem lê ele hoje não imagina que foi escrito em 2012. Há nove anos não era pauta na sociedade, o politicamente correto, o que é certo e errado, e o livro aborda muito isso”, afirma.
O livro foi lançado no dia 13 de Agosto de 2021, no mesmo dia em que o seriado foi lançado em 1997 e um dia após o aniversário do escritor. Devido às restrições causadas pela pandemia, os eventos presenciais para lançamento do livro foram adiados para este ano. “No final do mês de abril, no dia 29, em Poços de Caldas em Minas Gerais, vou participar de um festival literário, a FliPoços, e depois disso vamos fazendo agenda para o lançamento presencial num café, um evento mais para os amigos, alunos e faremos uma booktour para apresentar o livro.” conclui o professor.
[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – repórter
[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – editor
[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – revisor
[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM