A AICOM entrevistou o professor William Pianco sobre o que os alunos podem esperar desta disciplina e sobre como o Jornalismo Digital é importante na formação de novos jornalistas
Por: Victor Barrelo A. Ferreira [1]
Edição: Tamires Ramos de Souza [2]
Supervisão: Prof. Wiliam Pianco [3] e Profa. Nicole Morihama [4]
O consumo de jornalismo digital vem se popularizando no decorrer dos anos por sua praticidade no consumo de informações e facilidade de acesso, pois este pode ser consumido de qualquer lugar e a qualquer hora, basta a disponibilidade de um dispositivo conectado à internet. Segundo uma pesquisa realizada pelo Atlas da Notícia, o consumo de jornalismo digital cresceu cerca de 34% em 2021, em comparação aos últimos três anos, estando à frente do crescimento de rádios, veículos impressos e televisão. Com esta contínua expansão, é necessário que os profissionais atuantes na área de Comunicação, em especial no Jornalismo, se adaptem a esta nova forma de comunicação. O curso de Jornalismo da FIAM-FAAM tem como uma de suas disciplinas obrigatórias a denominada “Jornalismo Digital”, que visa preparar os futuros profissionais para este eixo do mercado de trabalho.
À frente da disciplina está Wiliam Pianco, professor dos cursos de Jornalismo e Relações Públicas e que, desde 2021, atua no Núcleo de Estudos das Redes Digitais (NERD) da faculdade. O professor comentou sobre como o trabalho no Núcleo o ajudou na preparação para lecionar a disciplina: “Dentro das linhas de pesquisa que nós temos no NERD, todas elas têm um ponto em comum: nós lidamos com tecnologia e sociedade, então minha aproximação maior com a disciplina Jornalismo Digital vem justamente dessa experiência. Ao longo de todo o ano passado, eu ministrei encontros e continuo ministrando encontros do NERD, debatendo relações entre diferentes áreas do saber, como é o caso da Filosofia, Sociologia, Comunicação como é óbvio, e tecnologia. Então, à medida em que fui adquirindo essa experiência com o NERD, eu fui de alguma forma me gabaritando também para disciplina de Jornalismo Digital”.
Para esta disciplina, os alunos podem esperar não só uma abordagem teórica sobre Jornalismo Digital, mas também atividades práticas e discussões sobre a evolução dos meios de comunicação e como eles se desenvolvem e ocupam novos espaços e abrem oportunidades diferentes das dos meios analógicos. Sobre um desses debates, Pianco explicou que o jornalismo analógico pautava a sociedade sobre assuntos que seriam trazidos ao público e virariam discussões da grande massa. Já no jornalismo digital o público está mais presente e se torna parte deste debate: “Existe a possibilidade de uma participação maior do público leitor do consumidor de notícias. Temos aqui uma característica de interatividade; comparando os dois modelos, um mais distante, comunicação massiva que é um tanto quanto afastada das possibilidades de trocas com os leitores, e um outro modelo, que temos a produção de notícia numa velocidade maior e uma participação mais intensa neste modelo, com a interatividade dos leitores”, afirmou Wiliam.
Sobre as atividades práticas desenvolvidas ao longo do semestre, os alunos vão ter a chance de primeiramente trabalhar no desenvolvimento de uma reportagem, que em uma segunda etapa será adaptada para o ambiente digital e, ao final desta produção, a matéria será postada em um perfil do Instagram criado para a turma.
Outro aspecto abordado pelo professor foi uma diferença percebida durante sua formação e como as novas turmas de Jornalismo se comportam em relação ao mercado de trabalho e as demandas associadas à profissão. Wiliam menciona que durante seu período na faculdade, o esperado era que os estudantes encontrassem uma editoria em específico, que tivessem afinidade e que traçassem um caminho profissional voltado exatamente a esta editoria, e que, com o Jornalismo Digital, este comportamento mudou e os futuros jornalistas podem transitar entre editorias e precisam também aprender técnicas novas. “Enquanto nós pensávamos numa construção de lead tradicional para a editoria, a produção de conteúdo atravessa as mais diferentes entradas no campo digital, seja pelo esporte, cultura, política, economia e assim por diante, e vai ter uma preocupação que não tínhamos antes, como, por exemplo, a adoção de hiperlinks nos textos, uma preocupação com o uso de palavras-chave que fazem parte dos trend-topics do momento”, explicou William.
“Eu acho que o olhar contemporâneo é muito mais no sentido de uma produção de conteúdo jornalístico do que da produção de matérias jornalísticas, embora possa parecer algo muito similar, estes têm diferenças sutis que são relevantes. Estudantes que estão chegando agora tem um olhar muito mais orientado para essa produção de conteúdo até por serem, na sua maioria, nativos digitais, pessoas que já consomem conteúdo de uma forma um pouco mais dinâmica, mais fluida do que tínhamos no modelo anterior”, completou o docente.
Para aqueles que se identificam com o Jornalismo Digital e pensam em seguir esta vertente, a sugestão de Wiliam é o consumo de jornalismo, seja ele digital ou analógico. Segundo o professor, este consumo é importante para identificar o contraste entre os dois tipos de jornalismo e ajuda a compreender a transição da notícia entre diferentes meios. Outra observação do professor é prestar atenção ao ambiente ao redor, estar atento às mudanças socioculturais.
“Consumir jornalismo, estar atento aos contextos e às mudanças socioculturais que se dão ao nosso redor e, por fim, a leitura dedicada ao campo da produção jornalística digital e da tecnologia e também acompanhar os conteúdos que estão sendo lançados, sejam podcasts, perfis dedicados ao tema e sempre que possível fazer uma revisão geral daquilo, porque as mudanças são muito constantes já que a ideia de sermos passados para trás no domínio da tecnologia é permanente, então uma atualização constante acho que é uma última dica que eu daria”, concluiu o professor Wiliam Pianco sobre suas recomendações para quem deseja se aventurar no mundo do Jornalismo Digital.
[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM – repórter/revisor
[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/ FIAM-FAAM, estágio AICOM – editor
[3] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[4] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM