Por: Alessandro dos Santos da Conceição [1]
Gabriel Alexandre da Silva [2]
Revisor: Breno de Araujo Silva [3]
Edição: Cleide Silva de Carvalho [4]
Supervisores: Prof. Wiliam Pianco [5] e Profa. Nicole Morihama [6]
O Centro Universitário FMU FIAM-FAAM promoveu, no último dia 10 de março, Aula Magna dos cursos de RTV, Produção Audiovisual, Produção Multimídia, Produção Multimídia em Realidade Aumentada e Produção Cultural com a presença especial da jornalista e produtora de conteúdo, Aline Ramos, colunista do UOL, do Splash Show no YouTube e do podcast Splash Vê TV. A conversa teve como foco os novos modos de produção de conteúdo e a maneira pela qual os diversos processos culturais se moldam e se adequam à diversidade de formatos e produção.
Graduada em jornalismo pela UNESP (Universidade Estadual Paulista), além de colunista do UOL, social media, redatora e roteirista, Ramos ainda faz produções de conteúdo para a Netflix.
Respeitando os protocolos de segurança e saúde no combate à disseminação do novo coronavírus, o evento foi realizado em ambiente virtual e contou com a moderação de Thiago Siqueira Venanzoni, docente da instituição, além de contar com a presença de alunos e demais professores do curso.
Falando um pouco sobre suas experiências na formação acadêmica, Ramos comentou sobre a criação do blog “Que Nega é Essa?”, por identificar carência de veículos de comunicação que dialogassem sobre gênero e raça, com fácil entendimento e com ligação à cultura pop, televisão e entretenimento.
“Eu criei esse blog e ele acabou virando meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), então foi uma experiência legal, porque me fez pensar de maneira profunda sobre aquilo que eu estava fazendo. E foi quando eu estava naquele blog que eu pensei pela primeira vez: ‘Nossa… meu sonho é um dia trabalhar cobrindo Big Brother Brasil’”, comenta.
Hoje, o programa de reality Big Brother Brasil [BBB] é um dos principais assuntos da coluna da Ramos, que seguiu completando sobre jornalismo e a cobertura do reality.
“Eu sinto que principalmente com o BBB, uma das minhas maiores dificuldades é porque cada vez mais tem pessoas criando fanfics* e histórias bizarras relacionadas ao programa. Isso pode prejudicar seu conteúdo, se não verificar as informações. Assim, você vai perder credibilidade e aí é difícil reconquistá-la, além da questão ética de você sempre passar as informações verdadeiras por mais simples e irrelevantes que elas pareçam”, completa.
Relacionado a isso, a colunista abriu sua apresentação dizendo que sente medo de ser mal interpretada, de errar um texto ou uma informação e que esse medo a ajudou a crescer como jornalista. Questionada se falta aos novos produtores de conteúdo esse senso de responsabilidade e o medo de cometer erros, Ramos respondeu:
“Eu acho que falta. Tem muitos produtores de conteúdo que precisam ter medo de errar, sim. É o que eu falei antes, tem pessoas que não checam informações, querem falar de um assunto superdelicado como se fossem proprietários daquele assunto e acaba sempre sendo uma cilada. Esse medo pode parecer ruim, mas esse medo é o que me garante escapar de muita cilada e que muita gente me respeite”, diz.
Ramos completa sobre suas impressões a respeito das opiniões na internet:
“Esse lugar de colunista é algo que me tira do conforto o tempo todo, porque é algo que vai com a minha cara. As pessoas abrem o UOL e está ali a minha cara e o meu nome. Quando elas não concordam, elas clicam no meu ícone que vai para o meu Instagram e vão à foto da minha gata me xingar, ou escrever um texto enorme porque não concordaram com o que eu escrevi”, complementa. “Então, vai mexendo com o meu ego e com quem eu sou. A minha coluna se mistura o tempo todo com quem eu sou, desde ser uma mulher, negra, de cabelo raspado… as pessoas vão me atacar muitas vezes por isso”, conclui sobre o tema.
Na sequência, Ramos comentou sobre a relação entre os influenciadores e os programas de TV, que com o tempo começaram a incluir a visão da internet e destes influenciadores digitais, nas edições dos programas, principalmente do reality BBB.
“Eu tenho certeza que influenciadores influenciam na edição do programa, mas não foi sempre assim. O BBB demorou para incluir influenciadores e a visão da internet, mas desde o BBB 20 eles começaram a incluir.”
A convidada finaliza sua participação na aula falando sobre a responsabilidade dos influenciadores nas críticas e na importância de os programas passarem os pontos positivos e negativos que estão sendo tratados pelo público, para que não passem apenas as brincadeiras e os memes** nas edições:
“Quando eu falo de responsabilidade de criticar o próprio reality show é que a gente tem que ter essa liberdade justamente em momentos delicados, em que tem um caso de racismo, assédio e que a gente precisa cobrar e saber que tem um poder muito grande quando falamos sobre isso e que podemos mudar as coisas lá dentro”, encerra.
*Fanfics: narrativa ficcional escrita e divulgada por fãs.
** Memes: linguagem de internet para descrever conceito de imagem com humor.
[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM – repórter
[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM – repórter
[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM – revisor
[4] Aluna do curso de Jornalismo FMU/ FIAM-FAAM, estágio AICOM – editor
[5] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[6] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM