Por: Guilherme Bitencourt Sarlo [1]
Pedro Brum de Souza Roman [2]
Revisor: Breno de Araujo Silva [3]
Edição: Cleide Silva de Carvalho [4]
Supervisores: Prof. Wiliam Pianco [5] e Prof. Nicole Morihama [6]
Dando início ao primeiro semestre acadêmico de 2022, o Centro Universitário FMU FIAM-FAAM promoveu, no último dia 23 de fevereiro, a primeira aula magna do curso de jornalismo, com a participação do renomado jornalista e atual ombudsman* do jornal Folha de São Paulo, José Henrique Mariante, com importante debate a respeito de redes digitais, liberdade de expressão na cobertura das eleições presidenciais.
Não por acaso, o convidado do evento conta com ampla experiência jornalística, além de repórter, correspondente, editor de esportes, Mariante ainda ocupou o cargo de secretário assistente de redação no jornal Folha, local onde atua desde 1991. Ele ainda soma ao currículo uma segunda graduação em engenharia.
Atendendo aos protocolos de segurança e saúde, no combate à disseminação do novo Coronavírus, o evento foi realizado em ambiente virtual e contou com a moderação do professor Gean Gonçalves, do curso de Jornalismo e do diretor acadêmico da HECSA (Escola de Ciências Sociais Aplicadas, Educação, Artes e Humanidades), Fernando Leme, ambos do Centro Universitário FMU FIAM-FAAM, além da presença de alunos e professores do curso de Comunicação Social.
Mariante inicia descrevendo o formato do sistema eleitoral em seu período acadêmico. Fase esta em que a sociedade brasileira estava sob o regime da Ditadura Militar (1964-1985) e o cidadão não tinha o direito ao voto. Ele destacou a primeira eleição pós ditadura, com eleições diretas à presidente, ocorrida em 1989. Segundo ele, o processo atualmente é o mesmo, salvo pelo novo formato na votação, que passou a ser realizada em urnas eletrônicas, desde o ano de 1996.
Ele segue destacando os três principais regramentos na Constituição, desde o início de uma eleição direta: “Como principais regramentos que estão na Constituição estão a liberdade de expressão, liberdade de imprensa e eu acrescentaria certo regramento em relação à propaganda eleitoral”, diz.
O jornalista discorre sobre o uso da mídia e sua liberdade de expressão e traz importante reflexão sobre o comportamento criminal, em ambiente digital:
“Não temos apenas os jornais como forma de mídia hoje em dia, temos uma série de aplicativos e sistemas em redes sociais que também são consideradas como mídia, portanto se eu não posso defender expressões criminosas no jornal, será que eu posso fazer isso no Facebook, Telegram?”, questiona.
Ele também descreveu como eram as propagandas eleitorais nos anos 70.
“Quando o regime começou a mostrar suas garras, a repressão aos opositores cada vez mais clara, pessoas sumiam, eram assassinadas, tendo todo um processo de violência”, segue. “Com isso houve uma preocupação do governo pois em algumas eleições o partido da oposição começou a ganhar muito volume, e então foi-se criado a ‘Lei Falcão’, fazendo com que houvesse uma padronização na propaganda eleitoral, porém essa tentativa de controle do processo eleitoral acabou não dando certo”, relata.
Mariante cita, ainda, dois importantes eventos ocorrido na última década, acerca da visibilidade e alcance das redes digitais. As eleições presidenciais de Donald Trump, no Estados Unidos e a situação do Reino Unido, se excluindo da União Europeia. Estes episódios ganharam mais visibilidade a partir de acalorados debates, em ambiente virtual.
No decorrer de sua apresentação, o jornalista destacou a importância das redes sociais, principalmente o WhatsApp, nas últimas eleições tanto aqui no Brasil quanto nos Estados Unidos, onde foi percebido um aumento da disseminação de notícias falsas, nas campanhas eleitorais.
“O fato é que estamos trabalhando com uma nova tecnologia, que são as redes sociais, os aplicativos, tomando conhecimento do que está acontecendo, porém não temos poder para resolver certas questões. Isso tudo, toda essa discussão sobre eleições, tecnologias, se confunde fundamentadamente com a liberdade de expressão”, diz.
No encerramento, Mariante resumiu com uma “boa notícia” sobre o empenho do Tribunal Superior Eleitoral, para que não ocorram disseminação de falsas notícias, focadas nas próximas eleições. Estão sendo promovidos discussões pontuais com representantes dos principais aplicativos, a fim de encontrarem medidas que permitam barrar a distribuição de notícias falsas em seus ambientes, como, por exemplo, de que as urnas eletrônicas não são uma forma segura de voto.
Por fim, o convidado se disponibilizou a esclarecer dúvidas acerca da aula e encerrou agradecendo o convite e audiência dos alunos.
*Ombudsman tem origem sueca, e na imprensa é o termo utilizado para designar o representante do leitor em um jornal.
[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM – repórter
[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM – repórter
[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM – revisor
[4] Aluna do curso de Jornalismo FMU/ FIAM-FAAM, estágio AICOM – editor
[5] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM [6] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM