Semana Negra1

Semana da Consciência Negra: Roda de Conversa sobre Moda e Empreendedorismo

Por Guilherme Pereira. [1]
Edição Gabriel Barbosa [2]
Revisão por Matheus Houck [3]
Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Profa. Nicole Morihama [5]

Na tarde da última terça feira, 23/11, os alunos do centro Universitário FMU FIAM-FAAM puderam participar da Semana da Consciência Negra ao vivo no Blackboard com a Roda de conversa “Moda e empreendedorismo para novos estilistas e criativos’’, sendo moderada pelo Professor Sergio Kooji e apresentada pela aluna Tayane Nicácio e contou com a participação das convidadas Milena Nascimento e Cynthia Mariah.

Iniciando o bate-papo, Cynthia Mariah, que é estilista de moda e pesquisadora fundadora do Núcleo de Pesquisas em Modas Africanas e Afro-diaspóricas (MAA) com ênfase em moda Afro-Brasileira, trouxe dados de suas pesquisas e relata o apagamento da mulher preta na história da moda, cenário em que  mulher possui grande presença e pouco reconhecimento.

Milena Nascimento, ativista periférica e Diretora Criativa da Mile Lab, relata o surgimento da marca nas ruas da comunidade em seu curso de corte e costura e nos projetos com as marcas próprias do Grajaú-SP. Nascimento reforça que a consolidação do projeto se deu após sua ida a uma feira de empreendedorismo, onde uniu suas habilidades e experiências com o conhecimento recém adquirido.

Ela relembra sobre o apagamento da história de sua ancestralidade, impedindo-a até mesmo de utilizar o sobrenome de seus antepassados por não existirem registros. Dor essa que é compartilhada em sua comunidade, onde a união das pessoas inspirou e deu vida ao projeto Baobá. “O problema enfrentado pela grande maioria dos empreendedores é a falta de capital para investir em melhoria e qualidade, encarecendo o produto final e dificultando a venda”, disse no evento.

Nascimento explica o papel da Mile Lab e diz que o público alvo são as comunidades. Seu intuito é que sua marca seja acessível, mas como muitos empreendedores da área, ela enfrenta uma realidade complicada no Brasil. Devido às necessidades de recursos e formas para dar conta das demandas, o valor elevado da matéria prima, a falta de visibilidade, a dificuldade para entrar e para se manter em uma faculdade de Moda, muitas marcas acabam aumentando o valor ou diminuindo a qualidade.

Mariah segue a linha de Nascimento e levanta o ponto de que a necessidade faz a ocasião. Ela diz ainda que, em seu caso, sua vida de empreendedorismo começou aos 17 anos e vem se fortalecendo a cada dia que passa. A estilista ressalta a necessidade do acesso ao conhecimento e, devido a dívida histórica com os negros, muitos que trabalham com moda e possuem marca própria não se denominam estilistas por falta do diploma.

Em outro projeto, ela relata a maneira de educar seus clientes no processo criativo de sua empresa, onde a venda e o pós-venda acabam aproximando os clientes pela qualidade do serviço prestado. Além disso, a estilista aponta que se a pessoa não possui condições de ter o produto que comercializa, então ela pode ensinar como fazer e com isso, acaba mostrando para todas que elas podem ser empreendedoras e investir em si mesmas.

O primeiro dia do evento foi uma conversa repleta de informações e histórias de vida que precisam ser divulgadas, com relatos que precisam ser debatidos frequentemente para acabar de vez com o apagamento das pessoas negras, trazendo seu devido reconhecimento para suas obras e feitos. O papel dos educadores é de levar para dentro das salas de aula, estilistas negros, autores negros, artistas negros, referencias de pessoas negras, para que seja um ambiente acolhedor da mesma forma que é para as pessoas brancas.

O mercado de trabalho da área da Moda está começando a evoluir junto da sociedade, com quebras de padrões nos desfiles mais renomados. As empreendedoras trazem dicas e aconselhamentos incisivos para o aluno ou visitante que possui o desejo de começar sua marca, é preciso usar o material e as ferramentas que tiver, confiar em seu potencial e começar de algum lugar, diz as convidadas.

[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – repórter
[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – editor
[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – revisor
[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM