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IX Simpósio Interdisciplinar de Pesquisa: “Permanência Estudantil e o Mercado de Trabalho”

Professores e Vice-Presidente Acadêmico do Centro Universitário FMU FIAM-FAAM realizam evento no Dia da Consciência Negra. Fonte: Reprodução AICOM

Por Guilherme Pereira [1]

Edição por Gabriel Barbosa das Neves [2]

Revisão por Matheus Houck [3]

Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Prof. Nicole Morihama [5]

No dia da Consciência Negra, o Centro Universitário FMU FIAM-FAAM proporcionou o IX Simpósio Interdisciplinar de Pesquisa discutindo sobre a “Permanência Estudantil e o Mercado de Trabalho” ao vivo no Youtube.

O evento contou com a presença dos professores da instituição, alunos do curso de Psicologia que trouxeram seus relatos, experiências, pesquisas, e entrevistas com outras pessoas sobre “ser negro em uma universidade”, ressaltando a importância de se falar sobre racismo. A conversa foi moderada pela Professora Elizabeth Cavalcanti.

O Vice-Presidente Acadêmico Manuel Nabais da Furriela iniciou sua fala parabenizando e incentivando a pesquisa, afirmando que a interdisciplinaridade da faculdade tende a continuar evoluindo cada vez mais.

Furriela também informou sobre a ação em conjunto com a Universidade Federal de São Paulo, que resultou na criação do Programa Governança Corporativa, que é voltado à sociedade em geral.

Após as apresentações e considerações, a professora do curso de Psicologia, Mara Aline, chama a aluna do 4° semestre, também de Psicologia, Camille Beutter, que relata suas vivências dentro da faculdade e eleva o pensamento para muito além da questão das cotas, pois traz questionamentos como “O que é feito dentro deste ambiente para casos de preconceito?”, “Oque significa estar ali sendo negro?”.

A aluna revela uma passagem de sua vida estudantil, onde estava com uma amiga e, ambas usavam turbante, até que um outro aluno as parou para disparar um comentário absurdo, onde relacionou o cabelo e o turbante à escravidão. Ambas entraram em choque com a situação racista e por não terem onde buscar apoio, também não havia com quem falar sobre o fato.

A aluna questiona quais as políticas abordadas pelas universidades para que o aluno se sinta seguro, ainda mais em casos mais agressivos, e também, como querer/conseguir frequentar ambientes onde o racismo ainda é muito comum e praticamente impune. “Não bastam apenas políticas públicas, são necessários o acolhimento e o preparo da instituição para as possíveis agressões que os alunos negros venham a sofrer, mostrar que a universidade também é do negro e conceder apoio psicológico profissional quando houver casos de racismo”, disse Beutter.

Para complementar o evento, a Professora Luciane Jabur, do curso de Psicologia, trouxe dados históricos sobre o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra devido à captura e morte do Zumbi dos Palmares, que liderou o maior quilombo do Brasil, o Quilombo dos Palmares.

Jabur menciona a ética na Psicologia e fala sobre os direitos e princípios humanos, convidando os espectadores a refletir sobre como reconhecer o outro e a si mesmo, o que a presença do outro provoca e o que nossas relações e estruturas produzem e oportunizam. “O racismo está nas relações cotidianas e conta com o sistema de opressão, com a branquitude e com as ideologias dominantes para poder ser considerado estrutural e estruturante”, aponta Jabur.

Logo em seguida, a professora Mara Aline decide responde a pergunta “o racismo está relacionado só a cor de pele?” e situa o racismo brasileiro como racismo de marca, enquanto o racismo Anglo-Saxão seria o racismo de origem.

“Racismo brasileiro, ou racismo de marca, é aquele caracterizado pela discriminação racial pelas características fenotípicas, ou seja, seus caracteres negroides (narizes largos, lábios grossos, tom de pele, cabelos crespos/cacheados…)”, disse a professora.

Já o racismo Anglo-Saxão, ou racismo de origem, é aquela ideia de que o pertencimento étnico-racial está atrelado no genótipo, onde apenas uma gota de sangue negro já torna a pessoa negra, independentemente de suas características fenotípicas.

A taxa de alunos negros no ensino superior é muito mais baixa do que a de alunos brancos, sendo sempre a metade ou até menos. Com esta alta diferença, pessoas negras ocupando altos cargos, ou cargos de confiança, são menos comuns de se encontrar. Aline traz ainda a história de uma mulher negra que levou seu filho em uma consulta médica, exclusivamente pelo médico ser negro, representando para seu filho que ele pode chegar onde ele quiser. Trazendo à tona o debate da necessidade da representatividade negra em altos escalões, incentivando as crianças negras a se imaginar alcançando posições que sonham conquistar.

No Brasil apenas 7,12% dos alunos matriculados em instituições de ensino superior são considerados negros, de acordo com apuração realizada pelo Correio Braziliense.

Gabriel Barbosa, Aluno do 9° semestre de Psicologia e autor da pesquisa ‘’Os Efeitos Psicológicos e Sociais do Racismo em Estudantes Negras (os) de Cursos de Psicologia na Cidade de São Paulo’’, inicia sua fala relatando que em 5 anos, a professora Mara Aline foi sua primeira professora negra, e isso só ocorreu em 2021.

Barbosa direciona sua pesquisa às mulheres, por ocuparem majoritariamente a área de Psicologia e por ter poucas menções à autoras e Psicólogas durante o cursos.

O aluno de psicologia traz uma campanha do Ministério da Educação de 2019 que mostra uma aluna negra com uma mão branca segurando o diploma, que reforça a questão que despertou sua pesquisa e também foi o tema da palestra, sendo a permanência no ambiente estudantil e mercado de trabalho.

O objetivo do evento para este 20 de novembro, dia da Consciência Negra, foi trazer uma discussão saudável para um tema que deve estar mais presente em nossas rotinas.

O evento trouxe o que é mais importante na hora em que se inicia um debate sobre a admissão e a permanência de alunos negros nas faculdades, ressaltando a resistência que o aluno deve ter para enfrentar o preconceito e o papel fundamental das instituições de ensino de conceder apoio e assistência para o aluno que venha sofrer algum ataque racial.

[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – repórter

[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – editor

[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – revisor

[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM

[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM