telenovela

A telenovela e a Jornada da Heroína

Uma discussão acerca da estrutura da personagem e a diferença entre jornada do herói e jornada da heroína

Por Stefanie Tozzo dos Santos [1]

Edição por Giuliana Maciel Araujo [2]

Revisão por Andressa Lemes de Amorim Matos [3]

                                   Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Profa. Nicole Morihama [5]

No dia 26 de outubro, ocorreu a segunda noite de palestras da 11ª Semana de Comunicação. Os alunos da Instituição receberam o doutor em Educação, Arte e História da Cultura, graduado em Comunicação Social e docente, Luís Fernando, para discutir sobre: “A telenovela e a jornada da heroína”. O encontro foi mediado pelas docentes Tereza Imperiale e Glória Tenório, ambas do Centro Universitário FMU/FIAM- FAAM.

Fernando começa a conversa em um tom descontraído, trazendo à tona a jornada da heroína. Segundo ele: “Não estudamos muito a jornada da heroína e sim, do herói”. O convidado aponta que existem diferenças, visto que, a jornada do herói trabalha bem a questão masculina.

Luís estudou a jornada da heroína, após realizar uma pesquisa de um livro da autora Maureen Murdock (EUA), estudante da vida e obra de Joseph Campbell- criador do modelo clássico da jornada do herói. Ela reproduz então a jornada da heroína que emerge da questão feminina.

Nesta jornada, a heroína se coloca no mundo comum e luta dentro dele. Murdock escreve em seu artigo 10 fases desta jornada. Fernando aponta, dentro disto que desenvolveu algumas “fases” para a jornada da heroína e explica um pouco sobre cada uma delas:

  • Fase 1- reconhecimento: Aqui a personagem busca o reconhecimento, mas, dentro de uma cultura masculina. Ela precisa provar para si que é mulher e que tem seus direitos iguais aos homens.
  • Fase 2- Provocações/obstáculos: Quer alcançar o prestígio e ao mesmo tempo, ter posição financeira e se sentir poderosa. O obstáculo é a posição masculina. O mundo interior dela, são suas dependências. Aquela ideia de “casar e ser dependente do homem ou seus próprios pais encontrarem o seu príncipe encantado… ter filhos…”
  • Fase 3- fase do mentor: Pode ser homem ou mulher. É alguém que ela admira, que ajuda a solucionar todas as outras questões. Simultaneamente, ela busca perdão, por alguma briga, algum empecilho…
  • Fase 4- sucesso: Essa etapa é dividida em duas partes! A primeira: impulsionada pela mente, aqui a personagem constrói uma carreira, será independente (por exemplo: escrever um livro, ser professora e etc.).

E a segunda parte: a resposta do coração, a busca pelo seu príncipe encantado, pelo casamento, construção de família ou apenas, viver uma vida a dois, planejada por ela. E mesmo com tudo isto, ela sente um vazio, mesmo tendo essas respostas.

  • Fase 5- equilíbrio: Aqui é apontado a integração do masculino com o feminino. Se torna uma mulher plena. Ela entende que este homem que lutou, também está oprimido pela sociedade, enxerga também a fragilidade do homem.

Aponta que, atualmente, as novelas trabalham com a jornada da heroína. Usando como exemplo “Nos tempos do Imperador”, atual novela das 19h00 na Rede Globo. “A novela nos tempos do imperador, coloca a Pilar (personagem de Gabriela Medvedovski) como heroína. A história se passa no século XVIII e traz o sonho da personagem, em ser a primeira mulher médica. E mostra os obstáculos dela, primeiro com o pai, querendo que ela case. Depois ela foge e vai para o mundo. Você vê que ela está buscando este reconhecimento, mas, não consegue.”

Segundo ele, o ponto de virada é a cena onde Pilar é rejeitada por ser mulher e médica e não possuir um escritório, então a partir disso ela rompe o padrão. Ela pega uma mesa e uma cadeira e atende seus clientes no meio da rua. Em busca dos seus direitos. “Quando observei, visualizei esta minha análise da heroína nesta personagem que enfrenta uma sociedade machista, conduzida pelos homens.”

Quando questionado se a jornada da heroína tem mais exemplos aplicados em novelas do que no cinema, ele ressalta “ Sim, na novela você tem basicamente a jornada da heroína. Em ‘Éramos Seis’, novela da Rede Globo, tínhamos nitidamente a jornada da heroína com a Lola. ‘Amor de Mãe’, você tem essa heroína belíssima, com a Lurdes, interpretada por Regina Casé, ela tem toda esta estrutura da jornada da heroína”.

É possível perceber durante o bate-papo, o vasto conhecimento sobre análises de estrutura de novela. Luís Fernando, termina a palestra sanando dúvidas e curiosidades baseadas no contexto de formação do personagem na jornada da heroína. Ao final, ressalta:

“Eu gosto de estudar novelas! Se tem uma discussão sobre novela, eu entro. Este amor surgiu em 1971, depois de assistir “Minha doce namorada”, novela da Regina Duarte, desde então, esse amor nunca mais parou”.

[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM – repórter

[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM – editora

[3] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM – revisora

[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM

[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM