Branco Sai Preto Fica

Sociologia do Cinema Brasileiro Contemporâneo (I): Análise do filme “Branco Sai, Preto Fica”

Debate entre os professores Bruno Casalotti e Thiago Venanzoni acontece no segundo dia da 11º Semana da Comunicação

Texto, edição e revisão por Giuliana Maciel  [1]

Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [2] e Profa. Nicole Morihama [3]

Na manhã do dia 26 de outubro, a programação da 11ª Semana da Comunicação apresentou um encontro entre os professores Bruno Casalotti e Thiago Venanzoni para discutir a estética e a linguagem do filme “Branco Sai, Preto Fica” e porque ele se tornou um marco tão importante no cinema nacional.

O filme que serve inúmeras referências para várias discussões guiadas pelas sociologia, teve a palestra elucidada por dois professores que são especialistas no assunto, Bruno Casalotti, que é sociólogo por formação, e Thiago Venanzoni, que em sua tese de doutorado traz base teórica nos fundamentos da sociologia.

Os professores iniciaram o debate compartilhando um vídeo sobre o filme apresentado, onde conta a história da narrativa da produção audiovisual. O filme lançado em 2014, com a direção de Adirley Queirós, se passa na periferia da Ceilândia – cidade do Distrito Federal – e o tema principal é a descarada violência policial movida pelo racismo. O título do longa é uma referência à ordem dada pelos policiais no momento da invasão, literalmente dividindo as pessoas que estavam no local a partir do preconceito, que acontece de maneira explícita e escancara o abandono sistemático das comunidades pobres.

O filme que é um misto de documentário e ficção, não pode ser definido em um único gênero devido a sua complexidade. “O debate sobre gênero é insuficiente para definir produções cinematográficas como esta”, diz Bruno. “No caso do cinema quando a gente se adapta a pesquisa de campo, a gente faz uma narrativa da pesquisa com os agentes sobre de que maneira aquela narrativa foi construída e foi estruturando”, complementa Thiago, concluindo que o tom crítico e o formato futurista que o filme se utiliza também o fazem ser tão original e relevante.

A troca de ideias entre os espectadores e os moderadores via chat foi um ponto alto da palestra, onde questionamentos e posicionamentos foram somados a todo o conhecimento ali transmitido. A análise seguiu uma linha do tempo na ótica do cinema nacional de como a estética da favela era utilizada na primeira década dos anos 2000 e como na atualidade a nova estética futurista tenta tirar as produções nacionais de temáticas mostrando pessoas periféricas sempre à margem ao invés de mostrá-las como protagonistas.

Após um longo debate que teve duração de 2 horas, concluiu-se não se tratar de um filme fácil, é preciso referência e pensamento crítico para associar o que está por trás do óbvio em uma produção como essa, que possui uma direção de arte simples porém complexa. Com a análise sociológica de cada personagem individualmente, podemos perceber a radicalidade que o filme propõe em romper com toda a forma de padrão que a gente já conhece nas produções nacionais.

Para aqueles que ainda não puderam assistir, o filme está disponível no catálogo do streaming Netflix. As palestras da 11ª Semana da Comunicação continuam até o dia 29 de outubro (sexta-feira), com temas variados e convidados que compartilham suas experiências e orientações para todos os estudantes dos cursos de comunicação.

[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM

[2] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM[3] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM