Encontro com o Professor Marcos Bravin e Allan Carlos Pscheidt abordou alternativas para a recuperação ambiental e a inclusão social.
Por Kaulaine Souza [1]
Edição por Talita Souza [2]
Revisão por Maurício Carvalho [3]
Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Prof.ª. Nicole Morihama [5]
A professora Elisangela Ronconi, bióloga e integrante do Núcleo de Estudos do Meio Ambiente (NEMA), foi moderadora da live “Estratégias de Recuperação Socioambiental em Áreas Urbanas”, que aconteceu no dia 13 de outubro, às 17h, pelo canal Circuito Urbano no YouTube. Como convidados estavam o professor Allan Carlos Pscheidt, biólogo e coordenador do curso de biologia do FMU | FIAM-FAAM Centro Universitário, e Marcos Bravin, ex-professor da mesma instituição, engenheiro agrônomo que atua na área de educação ambiental e agroecologia, sendo atualmente agente ambiental.
A palestra teve início com Marcos Bravin afirmando que todas as ações relacionadas aos pensamentos de educação e movimentos ambientais que temos, e que podemos ter, podem ser transformadores nos meios em que vivemos. Além de apresentar algumas possibilidades no campo da educação para incluir ações nos ambientes, como trabalhar com a natureza, animais, etc. de forma amorosa, com reconhecimento de vida no meio ambiente, para que assim, não exista uma recusa. Para o engenheiro, esse é um tema instigante que tem apelo por si só para a sociedade.
Bravin aborda os desejos de consumo e como as indústrias influenciam no meio ambiente, além da população observar essas pautas ambientais diferentemente dos assuntos econômicos e políticos. Logo, salienta com quais indústrias devemos nos preocupar, pois pequenas ações de consumo podem influenciar. Ele menciona, como exemplos, o uso do canudo e pergunta se é realmente necessário. Junto a isso, cita a empresa SESC, que teve a política em parar de vender garrafas de água nos pontos de alimentação. A princípio, parecia loucura, pois todos têm o direito de comprar a própria água, mas a organização conseguiu de forma autônoma disponibilizar pontos para abastecer garrafas.
Marcos afirma que, em pequenas atitudes é possível alcançar um todo, como na área agrícola, oferecer um alimento mais limpo e ter uma consciência coletiva socioambiental.
Já o participante Júlio Barboza Chiquetto ressalta que “Precisamos construir uma maior autonomia da pauta socioambiental no nível local, em vista de tantas decisões retrógradas de muitos governos atuais.”
O professor Marcos seguiu a live abordando que, para uma educação ambiental crítica é necessário refletir seu papel de consumidor, apoiador e até mesmo na função de educador, que deve transformar e afetar pessoas. Com isso, o indivíduo vai se sensibilizando e com o tempo começa a atuar, fazendo a diferença.
Como participante do encontro, Reinaldo Fiumari-Jr diz “O ódio e a cegueira coletiva foram plantados por um movimento de detentores de grande patrimônio agrícola. Cabe a nós, o bom senso, mudar este cenário catastrófico implantado neste país.”
Fiumari-Jr cita que o “Relógio da Meia Noite”, na qual se trata de uma simbologia do comitê de diretores do Bulletin of the Atomic Scientists, é uma analogia sobre a raça humana estar há “60 minutos para a meia-noite“. O horário representa o fim do mundo, e físicos cientistas que estudaram a ideia chegaram à conclusão de que há três coisas acabando com a sociedade: em primeiro lugar as armas nucleares, pois em todos os continentes tem uma base americana com armamento; Em segundo, a urgência climática e aquecimento global; e em terceiro a desconstrução do discurso racional, tudo que o pós-Guerra mundial varreu, voltou com força e valor alto.
“Caso não cuidemos enquanto civilização desses três pontos de equilíbrio, estaremos caminhando rapidamente para esse ponto de não retorno. Portanto, tais ações precisam servir de inspiração para saber como é e com quem atuar. Dessa forma, precisamos de um mundo menos desigual e desapavorante,” concluiu Reinaldo.
A professora Elisangela Ronconi recomendou assistir ao documentário disponível na Netflix “Brave Blue World”, que aborda a crise hídrica. Nele, ela afirma o que mais chamou sua atenção foi uma das falas: “Até quando ficaremos nos valendo da velha engenharia? Aquela que veio para solucionar problemas, mas que criou novos. Então, quando realmente vamos propor estratégias que sejam realmente eficientes para manutenção da biodiversidade? Enfim, uma sociedade mais justa e equitativa? Pois, enquanto poucos têm bilhões, vemos inúmeras pessoas passando fome, e quem não está, se encontra comendo carcaças de carnes. Isso não deveria ser aceitável, por nenhum de nós.”
O professor Allan Carlos Pscheidt diz que temos um problema enquanto humanidade, porque o número de pessoas cresceu muito no mundo e, para alimentar todos, foi desenvolvido sistemas econômicos que não são perfeitos: “Temos um capitalismo que é baseado no dinheiro e no lucro. Portanto, quem tem poder de capital consegue consumir mais produtos e colocar preço no que está vendendo, e aquele que não, é refém.” Allan também diz que mesmo com outros sistemas econômicos, ainda existem falhas e que é um modelo crucial para desenvolver novos sistemas.
Pscheidt ressalta ainda que a população está usando muito mais recursos do que o planeta consegue suprir. Então, em breve usaremos artifícios que não teremos mais. Ele reforça que somos animais e fazemos parte da cadeia alimentar, por isso precisamos entender que somos parte da natureza, e isso deve ficar muito claro na sociedade.
Também foi mencionado pelo professor que muitas vezes uma área de conservação é destruída para construção de novos prédios de moradia, entretanto, no centro da cidade há construções enormes vazias, devido ao preço alto de aluguel.
“Precisamos de uma ‘mãe’ que fale ‘vocês só vão sair do banquinho depois de fazerem as pazes’ para muitas ‘crianças’ crescidas que, enquanto o planeta adoece, brigam por suas vaidades e lucros”, diz Allan.
A mensagem final do encontro foi que devemos ajudar uns aos outros, ter empatia, cuidar do planeta e cumprir nosso papel. Mesmo que seja um caminho longo e desafiador, se cada um fizer sua parte o planeta Terra será um mundo sustentável e preocupado com pautas ambientais, consciente e mais humano.
Para finalizar, Pscheidt afirma “Devemos sempre furar nossas bolhas, para ver o mundo real com seus problemas e oportunidades. Furar a bolha é abrir a janela e ver o que está acontecendo mesmo sem concordar, só assim você pode lutar contra, lutar por transformações e apoiar minorias. Visto que, se cruzarem os braços, alguém vai fazer por vocês e terão que aceitar o que estão fazendo”.
[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM
[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM
[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM
[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM