Como é realizada a produção de documentários cinematográficos e as diferenças para a televisão
Por Glauber Nathan de S. Olveira [1]
Edição por Giuliana Maciel Araujo [2]
Revisão por Andressa Lemes de Amorim Matos [3]
Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Profa. Nicole Morihama [5]
No dia 1° de outubro, durante a disciplina de Documentários e Formatos de Não Ficção, o professor Wiliam Pianco ministrou uma conversa com o atual diretor da TVE-ES, Hugo Reis. O profissional contou um pouco de sua história no audiovisual, que já soma mais de 15 anos. Falou também sobre sua carreira, que tem passagens como captador de som direto, editor de som e mixagem, roteirista e diretor. Seu trabalho de estreia como diretor foi o filme “Profundidade da Areia” (2019). Hugo comentou sobre o fato de gostar e consumir muitos documentários e que também já teve oportunidade de trabalhar em vários deles.
Em determinado momento, tratou sobre seu projeto em andamento, o webdocumentário “A Felicidade é uma Arma Quente”. O diretor explica que a produção trará o debate entre os defensores de armas e os que são contra, com uma abordagem diferente. A ideia surgiu do irmão de um amigo, que levou três tiros em um assalto, e foi a partir disso que esse amigo estudou muito sobre o tema e hoje é dono de um campo de tiro.
Tendo sido contemplado em um edital para produção audiovisual, Reis começou a buscar informações sobre o tema de posse de arma. Para isso, procurou ajuda de uma jornalista para fazer um levantamento de possíveis personagens. Entre eles, figuras como o ativista pró-armas, Bene Barbosa, que hoje tem bastante influência nos bastidores do governo sobre o tema. Mas Hugo preferiu adotar outra abordagem. Seguiu um pouco da linha de raciocínio do editor, escritor e diretor, Jean-Louis Comolli, com seu texto “Como Filmar o Inimigo”. Assim, assumiu tratar cada uma de suas fontes em sua totalidade, não apenas uma caricatura de cada pessoa. Para tal, usou muito a estratégia do diretor do documentário “American Dharma” (2018), Errol Morris, que filma a história do estrategista britânico, Steve Bannon.
Com quatro câmeras no local de filmagem, Reis buscou captar todas as feições, expressões corporais e, de forma abrangente, tudo que o entrevistado falasse. Assim, se arriscou a não usar imagens de apoio. Segundo ele: “É importante saber o máximo possível sobre o entrevistado, mas também preservar o primeiro encontro, assim preservando a espontaneidade”. Uma técnica que usou bastante foi a “câmera contexto”. Nela, filmava quem fosse falar de um ângulo, no mínimo, desconfortável, mas que captasse todo o ambiente onde a pessoa estava, a fim de contar mais ainda da história sem precisar de tantas palavras.
Em determinado momento, o palestrante comentou que está tentando tomar cuidado com a forma como irá mostrar cada pessoa. Busca a integridade delas a partir da fala, lugar, trejeitos e vestimentas. Porém, ressaltou que o trabalho é difícil porque algumas vezes, um dos lados tinha argumentos bem mais estruturados do que o outro. Então, ressalta a tarefa difícil de tentar não lesar um em detrimento do outro. Hugo também mostrou parte da produção, ou seja, do material bruto captado para o webdocumentário, com uma planilha de identificação de cada personagem, descrição, opinião sobre o tema, entidades as quais são vinculados, possibilidades de locação, contato, visita técnica e créditos aos mesmos. As tarefas foram divididas entre diversos profissionais, e isso também foi mostrado em outro documento.
Por fim, Hugo ressaltou seu trabalho como diretor de TV, que exerce há dois meses. Conta que é algo muito rápido, instantâneo e superficial, totalmente diferente do que estava acostumado. Explicou sobre a adaptação com os tempos de cada matéria, comercial, cabeça, entre outros, e também, sobre como a iluminação em TV é muito diferente da de cinema, onde os estúdios televisivos jogam muita luz em tudo, sendo bem mais fácil de lidar do que em outros tipos de produções.
[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM
[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM
[3] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM
[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM