“Se não penso no futuro, não planejo… Ele deixa de existir e, quando menos se espera, se torna presente” – Lucia Leão
Por Stefanie Tozzo dos Santos [1]
Edição por Giuliana Maciel Araujo [2]
Revisão por Andressa Lemes de Amorim Matos [3]
Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Profa. Nicole Morihama [5]
Na noite de quarta-feira do dia 29 de setembro, o Centro Universitário FMU | FIAM-FAAM realizou o evento em comemoração aos cinco anos do CST Produção Multimídia, intitulado “O futuro da produção digital”, trazendo como palestrante a artista, escritora, pesquisadora, docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica pela mesma instituição, Lúcia Leão.
Mediada pelo professor Thiago Siqueira Venanzoni, a palestra teve como principal objetivo discutir as questões acerca do universo da produção digital.
Foram levantados pontos importantes sobre a relação de produção digital e redes sociais, e como as imagens começam a obedecer aos padrões que regulam o modo de olhar para realidade. Pensando nas plataformas atuais, elas nos dão determinados formatos que ao serem consumidos, geram reproduções imagéticas e comportamentais semelhantes aos que vemos nas telas.
A professora trouxe apontamentos e questionamentos relacionados à teleimaginação, como sendo a capacidade de subverter e ir além dos parâmetros, para os quais os equipamentos e ferramentas digitais, nos direcionam.
Mas, será que somos capazes de perceber coisas importantes através destas imagens que não seguem os padrões? Para Lucia, pessoas mais criativas e corajosas, criam e usam novas formas de produzir imagens. Conforme a sua visão, é necessário “olhar para aquilo que escapa e está nas bordas e não somente o que é produzido em massa”.
Para complementar o conteúdo, Leão nos apresentou o almanaque realizado no Festival de Mídia, Cultura e Arte de Berlim, com a temática da “recusa”. Para ela, o evento aborda como pequenos atos de recusa podem se desdobrar e assim transformar nossa situação atual — pensando no contexto de crise que estamos inseridos e suas complexidades. O projeto durou cerca de um ano e está disponível para acesso no link: https://transmediale.de/theme
Outro evento que nos foi apresentado para discussão, também realizado na Alemanha pelo Centro de Arte e Mídia de Karlsruhe (ZKM), nos mostra o trabalho do físico e cientista de redes Albert-László Barabási, com foco em apresentar na exposição o desenvolvimento da visualização em rede nos últimos 25 anos. Disponível para acesso no link: https://zkm.de/en/exhibition/2021/05/barabasilab-hidden-patterns
A convidada encerrou o debate explicando um pouco sobre o processo de “instagramização” e expondo como uma imagem pode afetar o contexto em que uma pessoa está inserida, além de explicar como a relação de “afeto” pode se perder neste processo. A “instagramização” gera uma padronização no modo de se portar, tirar fotos, realizar pequenos vídeos, tendendo a dois interesses: facilitar o entendimento, quando se atinge um público maior e a modernização. Ela aposta ser necessário enxergar a essência e estrutura da plataforma.
“A questão textual, links, hiperlinks, estas alterações podem dar certo ou não. O Instagram cresceu devido a estas facilidades. As pessoas continuam consumidoras (no sentido de ativamente visualizar publicações e dar likes), mas, ao mesmo tempo, se tornam funcionárias e produtoras. Com isto, se criou um espaço, um celeiro de produção”.
Segundo Lucia, é necessário ter consciência ideológica. Pois, a imagem, pode afetar os âmbitos. “Necessitamos trazer pensamentos diferentes, documentos que nos ajudem a entender de uma forma visual as complexidades que escapam do nosso conhecimento, por estarmos inseridos em um contexto de big data”.
Quando questionada sobre a padronização de afetos e ligação com as redes sociais, ela encerra explicando: “Se não tivermos uma postura criativa, reflexiva e crítica, viramos escravos da máquina. Este aparato, dispositivo, padroniza os afetos conforme a interação, que acabam se tornando informações nos bancos de dados e interessa para este banco de dados esta padronização”.
“A convidada Lucia Leão é autora do livro ‘O labirinto da hipermídia’, onde propõe um caminho de análise, uma alternativa de abordagem capaz de recolocar a hipermídia dentro do grande panorama das culturas humanas. Além de diversas outras obras, é pioneira na pesquisa sobre arte computacional (1988) e hipermídia (1999) e processos de criação em diferentes mídias” (texto de divulgação).
[1] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM
[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM
[3] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiária AICOM
[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM