Gabriela Silva

Fake News não é só o que se compartilha

Como os fatos inverídicos são munidos pelos seus bancos de dados em redes sociais

Por Glauber Nathan de S. Olveira, Rafael Fiorussi [1]

Edição por Giuliana Maciel Araujo [2]

Revisão por Andressa Lemes de Amorim Matos [3]

                            Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Profa. Nicole Morihama [5]

Na última quinta-feira, 9 de setembro, a partir das 19h, o docente Sancler Elbert, do Centro Universitário FMU/FIAM-FAAM, mediou uma palestra na disciplina de Cultura Digital. A convidada da vez foi a jornalista e professora Gabriela Silva, especialista em Marketing e Inovação em Comunicação. A convidada abordou temas como: fake news, compartilhamento de notícias online, banco de dados, pós-verdade e outros assuntos atuais.

A palestra contou com um currículo de peso: Gabriela é formada em jornalismo pela FURG (Universidade Federal do Rio Grande), professora na UCPel (Universidade Católica de Pelotas) e no Senac, além de ser Mestre em Letras, também pela UCPel. A comunicadora gaúcha começou explicando um pouco sobre como a sociedade se encontra atualmente, e para isso abordou assuntos como a pós-verdade, tema este que se relaciona quando o emocional e crenças pessoais moldam muito mais a opinião pública do que propriamente os fatos. Além disso, comentou também sobre a pós-modernidade, onde se valoriza cada vez menos a razão e tudo é muito fragmentado.  Alguns dos principais enfoques da palestra foram temas como a pós-ética e a pós-responsabilidade, ou seja, a perspectiva de que a população não está mais se responsabilizando pelo que se fala e se publica digitalmente.

Silva também tratou sobre como o compartilhamento de notícias falsas é um dos principais problemas sócio-políticos do Brasil. Segundo ela, a crise democrática atual tem muito a ver com a crise que vivemos no jornalismo. Em suma, ela diz que as pessoas se agradam e têm vontade somente das verdades que sejam convenientes, colapsando o que acreditamos ser moral e ético. Dessa forma, o indivíduo acaba assumindo um papel de protagonismo frente ao fato. Também ressaltou que as fake news são muito mais que somente a disseminação de mentiras. Em um certo momento, ela cita Cristina de Luca (jornalista com mestrado em Marketing pela PUC-Rio e com anos de experiência como diretora executiva da rede Globo), que entende que o termo se refere a toda informação falsa, a fim de manipular e causar danos públicos ou com segundas intenções, com o objetivo de lucrar. Dessa forma, deixando claro que não se trata de algo somente nas redes.

Entretanto, não se comentou apenas sobre as fake news, mas também sobre os seus meios. Com as redes sociais, os “big data” tratam do alto número de dados de cada indivíduo ou grupos. Com o uso dessas informações, nossos bancos de dados, juntamente com as empresas responsáveis por essas plataformas, implementaram um algoritmo que faz com que os aplicativos se adaptem ao perfil de consumo dos usuários. Contudo, isso acaba criando uma ambiguidade de valores. Por um lado, é muito bom ter um conteúdo direcionado para que possamos tirar mais proveito. Por outro, criam-se bolhas, ou seja, nichos. Logo, as redes sociais agem como os novos gatekeepers que, de forma mais clara, se responsabilizam por controlar o que consumimos e, dessa maneira, formar a opinião dessas bolhas digitais.

Ao ser questionada sobre quais redes vê como mais influentes para as eleições de 2022, Gabriela acredita que é muito possível o Youtube tomar maior proporção nas eleições, do que o Facebook e Whatsapp. A palestrante também vê que estas redes trabalham com grupos, que ainda são muito fortes, mas o Youtube vai servir como apoio às duas plataformas. Ambas as plataformas de Mark Zuckerberg trabalharam construindo redes com um “viés de confirmação”, com pontos que sempre vão confirmar o que acreditamos ser bom. Um conteúdo sempre direcionado e tendencioso que deixa a pessoa confortável. Gabriela Silva acredita ainda que o Instagram pode vir forte na mesma pegada, com links e a opção ‘arrasta pra cima’. Até mesmo o Tiktok foi lembrado. Resumindo, acredita-se que uma diversidade de redes hoje em dia pode ser usada como palanque de mentiras.

A jornalista respondeu sobre como os algoritmos operam e que não necessariamente são ruins. Ela afirma que é uma questão de saber como usá-los de forma positiva, com intuito de melhorar nossa experiência nas redes, mas que muitas empresas os utilizam para vender nossos dados para mercados de informação e a quem está sedento por dados pessoais. “É necessário ser responsável pelo que nós divulgamos”, afirma Silva. Ao encerrar, a palestrante referiu sobre plataformas online para checagem de notícias, como é o caso da Lupa, Fato ou Fake (G1), Estadão Verifica, Reload, etc.

[1] Alunos do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM

[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM

[3] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM

[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM

[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM