Coordenadora dos cursos de Relações Públicas, Comunicação Institucional e Jornalismo
Por Renato Felix Iwamoto e Caroline Feliciano Almeida Silva [1]
Edição por Safira Ferreira [2]
Revisão por Guilherme Diniz Simões Moreira [3]
Supervisão de Prof. Wiliam Pianco [4] e Prof. Nicole Morihama [5]
Madeixas escuras em corte chanel nos apresentam a profissional Nicole Morihama, coordenadora dos cursos de Relações Públicas, Comunicação Institucional e Jornalismo no Centro Universitário FIAM-FAAM. Nicole atenua a atmosfera da conversa entre pessoas que não se conheciam ainda, já nos primeiros minutos. Esta é a primeira confirmação do principal atributo de alguém que desde cedo já sabia qual caminho iria trilhar: o da comunicação (mas não apenas o termo em si, ou o conceito por trás dele).
Natural do município de Itatiba – SP, Nicole Morihama é formada em Relações Públicas. O interesse no curso surgiu aos seus 16 anos, quando leu em um exemplar do Guia do Estudante uma descrição sobre o curso de Relações Públicas, e então soube que seria ali onde desenvolveria características já embrionárias. Um teste vocacional feito na época confirmou tal vocação. Seu talento é: relacionamento.
Nicole sempre foi comunicativa. Acredita na comunicação como meio de interação social que permeia todas as esferas da sociedade. No princípio, a possibilidade de trabalhar com eventos foi o que a motivou a explorar a área, durante esse período teve experiência no setor quando trabalhou para alfaiatarias de luxo, percorrendo circuitos como São Paulo Fashion Week e Rio Fashion Mall. No entanto, ao ingressar na faculdade, Nicole descobriu um universo de possibilidades para o profissional de Relações Públicas. De início, a atração pelo curso foi gerada por ela já estar inserida no mercado de trabalho com eventos; mas o interesse e carinho pelo curso apenas aumentaram, o que fez com que Nicole deixasse a área de eventos para explorar novos horizontes do setor.
A universidade escolhida para cursar Relações Públicas foi a Cásper Líbero, em São Paulo, e após esta experiência, ela decidiu cursar pós-graduação em Comunicação Integrada na Universidade de São Paulo (USP), com o intuito de, além de melhorar sua capacidade intelectual, também descobrir como funcionava a dinâmica da educação pública no Brasil. Após essa fase, seu primeiro mestrado foi em Comunicação Global e Intercultural, na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos. Esse foi o período em que ela viveu as mais diversas experiências; afinal, além de lidar com um ambiente totalmente novo (e em alguns casos até mesmo hostil), foi um tempo muito difícil pela perda de sua mãe que estava no Brasil devido a um câncer. Essas situações turbulentas lhe ensinaram a lidar com o seu emocional, notando, assim, a necessidade dos alunos de graduação treinarem suas inteligências emocionais para enfrentar as dificuldades da vida acadêmica e profissional. De volta ao Brasil, em seu segundo mestrado, ela estudou Jornalismo no FMU/FIAMFAAM, com ênfase no mercado jornalístico. Nicole já ingressou em um estágio na Infraero dentro do Aeroporto de Congonhas, na parte de Comunicação Social, trabalhando com assessoria de imprensa, eventos, abastecimento do site da empresa, atendimento ao cliente (tanto em inglês como também em português) e cerimoniais de autoridades. Depois de terminar esse estágio, iniciou outro na Petrobras e, após um tempo, foi efetivada por meio de concurso, começando seu trabalho com eventos, passando para assessoria de imprensa, patrocínios e, por fim, responsabilidade social, em um período de 11 anos. Neste meio tempo, Nicole também lecionou na Cásper Líbero durante cinco anos. Em 2015, teve que tomar uma grande decisão: manteve sua carreira na educação e começou a dar aula no FMU/FIAMFAAM. Logo mais, em 2016, recebeu uma oferta para ser professora em tempo integral, sendo posteriormente promovida à coordenadora.
“As teorias de sala de aula têm de dialogar com as demandas de mercado.”
Este é um lema que Nicole carrega consigo. Ela salienta a importância da aproximação do estudante com as práticas executadas no mercado, fala sobre a necessidade de haver uma melhor comunicação entre teorias consolidadas e práticas atuais, tendo como objetivo a inserção adequada de quem acaba de se formar. Em seu ponto de vista, a habilidade de ajudar e contribuir diretamente em mudanças positivas na vida de um aluno é inexplicável assim como a busca de ser útil para alguém, tanto profissional quanto pessoalmente.
Nicole não acredita que a relação arcaica e tradicional entre aluno e professor seja saudável para o sistema de ensino, no sentido de que existir uma hierarquia rigorosa não é positivo tanto para o aprendizado e formação do professor, quanto do aluno, uma vez que flexibilizar e entender a educação de formas diferentes possibilita que o professor possa adentrar ambientes que não poderia normalmente, tendo como resultado um ensino potencializado, mais profundo e gratificante. Esse ponto de vista parte do princípio de que o professor deve ser um agente ativo de transformação que atravessa o senso comum; de nada adiantaria predispor de um ótimo ensino profissionalizante, se o lado pessoal do aluno não irá possibilitar que ele coloque em prática tal conhecimento, nem se sinta bem e gratificado com ele. Apelar ao lado humano de um aluno e de um trabalhador é um norte de enorme importância para sua carreira, bem como para a maneira com que Nicole entende e enxerga a educação e seus rumos no Brasil.
Para ilustrar esse dilema, Nicole cita um episódio que ocorreu na época em que trabalhava na Petrobras. Quando ela precisou de estagiários, organizou um processo seletivo selecionando candidatos das dez maiores faculdades, e, mesmo entre as três mais renomadas, observou uma discrepância entre os critérios exigidos pela empresa e o que os candidatos apresentavam. Havia uma clara dominância de enfoque na literatura apresentada nos cursos, exacerbando a assimilação de conceitos sem conectá-los às demandas de mercado. Nicole nos aponta a necessidade de reformular a maneira como se ensina, visando sempre aproximar o que é apresentado na grade curricular com o que é exigido pelas empresas.
A sensibilidade descrita anteriormente advém de uma vocação natural internalizada em Nicole. Ela nos conta sobre uma parceria feita com a Brunswick Group, no final de fevereiro de 2021 (uma consultoria de Comunicação presente em mais de setenta países). A parceria teve como objetivo proporcionar aos alunos do oitavo semestre do curso de Jornalismo uma mentoria mediada por profissionais atuantes na área. Mediante um debate sobre o que é relevante para o mercado de trabalho, desejando assim a possibilidade de as empresas envolvidas descobrirem talentos.
A coordenação atual lida com dois mil alunos. São seis anos de aprendizado na instituição. Embora seja um trabalho, a construção de relações está presente nos e-mails recebidos por Nicole: pais de alunos agradecendo o apoio dado a seus filhos. No período pré-pandemia, quando ainda ocorriam as reuniões de colação de grau, lágrimas eram convidadas assíduas nas ocasiões. Lágrimas que, movidas pela sensação de gratidão, permitiam que ela se lembrasse da escolha feita ainda jovem: “Eu sou professora, mas estou coordenadora de curso. Se eu tenho a possibilidade de ajudar os alunos, eu vou fazer isso da melhor forma possível”.
[1] Alunos do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM
[2] Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM
[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM
[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM