Por Ana Beatriz Alves, Guilherme Pereira, Samantha Oliveira Filócromo [1]
Edição por Gabriel Barbosa das Neves [2]
Revisão por Matheus Houck [3]
Supervisão de Prof. Willliam Pianco [4] e Prof. Nicole Morihama [5]
O doutor e mestre em Comunicação, Luiz Alberto de Farias participou da Aula Magna do curso de Relações Públicas do Centro Universitário FMU FIAM-FAAM, na noite do dia 27 de agosto. “A sala de aula é um espaço de compartilhar sonhos por uma vida melhor para cada um de nós”, disse o convidado.
O encontro virtual foi mediado pela professora Cristiane Sambugaro, e contou com a presença da coordenadora Nicole Morihama, de alunos e professores do curso de Relações Públicas. O tema abordado foi “Opinião pública e a indústria da desinformação”
Luiz Alberto atua como docente nas faculdades ECA-USP, Umesp e USJT e é autor de diversos livros, entre eles “Opiniões Voláteis”. Foi presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas e da Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas, e diretor da Intercom. É também editor da Revista Organicom.
O convidado iniciou a conversa explicando o conceito de “Indústria da desinformação” e como ela atua na sociedade. “Ao contrário da manufatura, em que a desinformação pode ser plantada cuidadosamente, na Indústria da desinformação há um processo mecanizado para desinformar as pessoas”, aponta o docente. Além disso, ele complementa sobre os riscos da desinformação, que gera a intolerância, o ódio e distanciamento social. “Não há a possibilidade de nós termos opinião, se não tivermos informação”, afirma.
Em seguida, Farias falou sobre a importância da democracia e o papel do cidadão e destacou três conceitos importantes referente à “Sociedade Complexa”, que são a concentração de informação, o poder colossal das redes sociais e sua ideia de “vender a democracia”. Isso porque as redes definem o que é certo e errado através dos algoritmos e leva determinado conteúdo para o usuário.
Um alerta feito pelo docente é sobre a “Bolha de Filtro”, que faz com que a pessoa dentro da internet esteja numa zona de conforto e veja somente aquilo que considera como verdade, como uma ideia, por exemplo, e isso faz com que essa ideia torne-se uma verdade absoluta colaborando com a intolerância.
Além disso, a desinformação e o acesso somente àquilo que convém ao usuário colabora com as fake news, que segundo o convidado, para que ela exista são necessários leitores, consumidores e escritores, e isso potencializa a desinformação, que acaba levando ao ódio e agride a realidade. Por isso que a internet, apesar de aproximar as pessoas, também é capaz de afastá-las.
Luiz ainda traz outros exemplos dos impactos da desinformação na sociedade e explica o que são os “Think Tanks”, que são instituições ou porta vozes, que falem bem de determinados conceitos, como reforma da previdência, o “kit gay” e outras pautas que precisam de alguém para conduzir o público e fazer com que as pessoas acreditem naquela verdade.
A privacidade e as redes sociais
No decorrer da conversa, Luiz Alberto de Farias fala sobre a privacidade nas redes sociais e faz referência ao panóptico de Michel Foucault. “A evasão de privacidade cresce também no sentido de potencializar a desinformação”, alerta, apontando aos alunos o perigo e o cuidado que devemos possuir ao compartilhar informações em redes e que ao fazer isso rompemos nosso próprio direito de ter uma vida mais privada.
Além disso, a atenção deve estar redobrada nos conceitos de “mitomania” (compulsão pela mentira) e “sofomania” (o achar que sabe mais que os especialistas) para que o deslocamento da verdade e contenção dos fatos não sejam tão presentes em nossas vidas.
São diversos os cuidados apontados pelo convidado com as redes sociais. Seja o tempo que perdemos navegando nas redes, aquilo que compartilhamos e também o bombardeio de informações que nos chegam o tempo inteiro. Isso faz com que as pessoas sintam falta do apetite informacional, em que as pessoas não se aprofundam nas informações e acreditam somente no superficial. Um exemplo citado pelo convidado é o aquecimento global, afinal, as pessoas precisam se preocupar com isso agora e não no futuro.
Antes de encerrar a conversa, o docente diz que é preciso ter uma sociedade mais empática e que procure entender o outro e também respondeu a algumas perguntas dos alunos.
O convidado trouxe um pouco da sua experiência prática na área ao falar sobre o papel do comunicador no cenário atual, devido ao bombardeio de informações que muitas pessoas são vítimas, e também sobre o aumento da propagação das fake news. “A internet é uma doença. Nós passamos mais tempo nas redes sociais do que com o nosso círculo social”, diz Luiz, falando sobre o cuidado que devemos ter com o ambiente virtual.
Quando estamos na internet, optamos somente por receber aquilo que nos agrada, mas o convidado apontou no decorrer da conversa que essa ação colabora com a intolerância e diz que isso faz com que as pessoas dialoguem menos sobre assuntos mais diversos.
Por isso, “devemos nos preocupar em ampliar os nossos horizontes”, alerta o convidado, e ainda dá dicas aos alunos para lerem conteúdos em diversas mídias e sites diferentes, mesmo se não gostarem, para que não fiquem dentro de uma bolha e não se tornem seres intolerantes.
[1] Alunos do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – repórteres
[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM – editor
[3] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM – revisor
[4] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[5] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM