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SALA DE LEITURA ANALISA O LIVRO: BEATRIZ NASCIMENTO, QUILOMBOLA E INTELECTUAL: POSSIBILIDADES NO DIA DA DESTRUIÇÃO

No segundo evento da série, o NERA recebe a mestre em jornalismo Andréa Rosendo para discutir a obra da escritora brasileira.

Por Arthur Vieira Beserra [1]
Revisão por Maria Lúcia [2]
Supervisão de Prof. Guy P. Junior [3]
Profa. Nicole Morihama [4]

Mulher sentada em uma mesa

Descrição gerada automaticamente

Foto: Amanda Ferreira – Fonte foto: http://www3.eca.usp.br/noticias/luiz-gama-l-lia-gonzalez-e-outros-intelectuais-negros-que-voc-precisa-conhecer 

No último dia 10 de abril ocorreu o segundo evento da Sala de Leitura Beatriz Nascimento promovido pelo Núcleo de Estudos Étnico-Raciais (NERA). Mediado pela coordenadora do núcleo, Profª Maria Lucia da Silva, recebeu Andréa Rosendo, mestre em jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), para discutir aspectos da obra da autora que batiza o evento. Participaram, também, as professoras Neide Silva e as irmãs Necy, Fabiana e Érica Teixeira que, segundo Maria Lucia, “ajudaram a fortalecer o projeto”.

O livro abordado foi Beatriz Nascimento, Quilombola e Intelectual: Possibilidades no Dia da Destruição (2018, Editora Mães da África). Temas como a necessidade das editoras atualizarem conceitos presentes em seus livros ao lançarem novas edições foram tratados. A convidada acredita que termos ultrapassados podem distorcer a compreensão por parte dos novos pesquisadores, por exemplo. Sobre o capítulo 19, “A Sociologia do Exótico”, discorreram sobre como os sociólogos paulistas, na maioria da etinia branca, foram os responsáveis pela maior produção de registros do passado, o que pode indicar uma escrita à distância, não tão apurada quanto se tivesse sido feita por estudiosos negros. A comunidade negra deve ser incentivada a escrever, pois, diz Andréa, “cada vez que um negro morre, junto com ele se vai uma biblioteca inteira”. Uma das distorções, por exemplo, é quando se diz que o negro foi escolhido para trabalhos braçais em detrimento ao indio, mas no momento da abolição da escravatura, os imigrantes italianos é que foram contratados e remunerados. 

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Andrea Rosendo – Imagem: reprodução

Sobre a produção audiovisual, que sempre teve o apoio de Beatriz, foi comentada a experiência de Chica da Silva (1976). Embora seja elogiado pelo desempenho de Zezé Motta, a obra de Cacá Diegues reproduz o estereótipo da mulher negra sensual que precisa se entregar aos desejos de um homem branco da administração local para ascender na vida. Seria essa a visão da senzala vista pela casa grande. O cinema, acredita a palestrante, deve ser usado para ajudar na produção de registros históricos sob a ótica dos negros, representando suas dores e experiências com fidelidade, como no caso do filme Ôrí, lançado em 1989 e dirigido por Raquel Gerber. Abordando os movimentos negros entre 1977 e 1988, tendo como fio condutor a história de Beatriz.

Trailer do filme Ôrí: https://www.youtube.com/watch?v=xKjKGeg-t1s 

Sobre a questão do mito, abordada no capítulo 28 do livro, Andréia analisa que é importante valorizarmos não a personificação de lutas sob o nome de uma única pessoa, mas pela resistência de todo um povo.

O evento seguinte, realizado em 24 de abril, abordará dois textos: Por uma história do homem negro e A Mulher Negra no Mercado de Trabalho e contará com a presença da pesquisadora Fabiana Teixeira e da consultora em aprendizagem organizacional Necy Teixeira.

[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – repórter
[2] Professora do Curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM
[3] Professor do Curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[4] Professora e coordenadora do Curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM