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No ar, nas fitas e nas multiplataformas: A transformação do rádio

Vladimir Batalha e Luís Fernando Magliocca debatem o futuro do rádio no contexto digital durante a Semana de Comunicação FIAM-FAAM

Por Eryka Rodrigues [1]
Supervisão de Prof. Guy P. Junior [2]
Profa. Nicole Morihama [3]

A segunda mesa noturna da Semana de Comunicação dos cursos de Rádio e TV da FIAM-FAAM, realizada na terça-feira (20/04), contou com a presença de Vladimir Batalha, locutor e apresentador no Grupo Globo de Rádios nos anos 80 e diretor artístico da Antena Um, e de Luís Fernando Magliocca, produtor de rádio e tv, empresário e consultor de rádio e foi moderado por Douglas Domingues.

Batalha e Magliocca iniciaram o evento contando um pouco sobre suas trajetórias de sucesso nas grandes rádios brasileiras e como a criatividade foi essencial para a transformação do rádio nos anos 60,70 e 80. Ambos concordam que o rádio jamais deixará de existir, especialmente por sua linearidade que permite mudanças e transformações.

Falando um pouco sobre a história do rádio, Magliocca explica que as rádios no Brasil, em sua maioria, nasceram para ser locais, noticiar eventos da cidade em que está sediada e que ainda hoje o rádio é o principal meio de comunicação em várias regiões, principalmente nos interiores. 

O professor Douglas complementa dizendo que São Paulo é uma exceção por ter um vasto número de rádios tradicionais e comunitárias, porque na maior parte do país uma só rádio é responsável por noticiar e entreter pessoas dos mais diferentes perfis.

Multiplataformas

Para Batalha, a primeira dificuldade do rádio é o fato de que ele trabalha sob concessão do governo, pois há regras e fiscalização, o que não existe em outras plataformas digitais; mas acredita que a principal transformação do rádio será tornar-se multiplataforma, deixando de ser apenas uma frequência em que é necessário um aparelho capaz de captá-la.

Cita como exemplo, os programas de rádios de grandes emissoras que hoje são transmitidos ao vivo no youtube, que mantiveram seu público acostumado com o tradicional e conquistaram novos ouvintes.

Sobre as novas tecnologias, Batalha afirma que o 5G trará muitas novidades e que nesse processo de transformação das rádios, as menores poderão deixar de existir, caso não inovem e se atualizem.

Os palestrantes acreditam que as rádios estão sedentas por novos conteúdos, por criatividade e que assim como ambos inovaram nos anos 60, 70 e 80, a nova geração deve inovar e criar, pois sem criatividade não existe continuidade.

No ar e em todo lugar

Para corroborar sua opinião de que o rádio não deixará de existir, Magliocca apresenta um artigo publicado em abril deste ano pela NPR (National Public Radio) em parceria com a Edison Research entitulado “Radio: Live on on Air and Everywhere” (“Rádio: No ar e em todo lugar”- tradução livre). O estudo realizado nos Estados Unidos aponta que 63% dos americanos afirmam ouvir rádio diariamente e 89% semanalmente.

Na pesquisa foram identificados os seguintes perfis de ouvintes:

  • Os que buscam por música
  • Os que ouvem para se informar
  • Os que ouvem como som ambiente
  • Os que ouvem em busca de companhia
  • Os que ouvem por hábito

Para Magliacco, as rádios americanas estão mais avançadas no processo de transformação em relação às rádios brasileiras, e os resultados da pesquisa citada mostram como a reinvenção é essencial para que elas perdurem.

Podcast é a fita guardada

Batalha compara os podcasts aos programas que ainda hoje existem nas rádios, principalmente FM, e abordam os mais variados temas, mas que exigem que o ouvinte esteja acompanhando o programa ao vivo.

Magliocca complementa: “Podcast é a fita guardada”, explica que guardar fitas há algumas décadas era caro, por esse motivo não existem muitos arquivos de programas antigos, e só com a chegada da digitalização foi possível documentar um pouco da história. Ele acredita que essas gravações, caso existissem, poderiam ser usadas para estudos sobre a transformação do rádio desde sua chegada ao Brasil até os dias atuais.

[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – repórter
[2] Professor do Curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[3] Professora e coordenadora do Curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM